— Ah, e o que você esperava? Que eu aceitasse os velhos decrépitos ou as crianças que apareceram?

— Claro que não, nem todos foram assim. Também não precisa descartar todos como se fossem... sei lá, ratos no celeiro.

— Eu só quero alguém que não seja uma escolha insuportável, é pedir demais?

— Talvez seja. Você não está exatamente facilitando, Shaena. Nem para eles, nem para você mesma.

Sinto um peso em suas palavras. Não porque ela esteja errada, mas porque ela está absolutamente certa, como sempre.

— Bem, podemos discutir isso o dia inteiro ou... — Meg levanta e me estende a mão. — Podemos nos arrumar para o torneio. Quem sabe lá você encontre alguém que seja... aceitável.

— Aceitável? Que otimismo o seu — respondo com um sorriso cansado.

— Eu tento — ela rebate, puxando-me pela mão. — Agora, vamos.

Suspiro, resignada, enquanto a sigo. Talvez o torneio trouxesse ao menos uma distração.

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O torneio estava acontecendo a todo vapor. Meu pai havia organizado tudo isso como uma celebração para anunciar minha nomeação oficial como herdeira. Os convidados se espalhavam pela arquibancada, entretidos com os duelos.

Estava sentada entre Meg e Alyssa. Aenys estava ao lado de meu pai. Ele parecia pronto para duelar, mas sei que ele nunca gostou desses duelos. Isso sempre foi característico de Maegor - que por algum motivo muito desconhecido não quis participar hoje - não dele.

Falando em Maegor... ele sentou ao lado de minha tia. Aparentemente, ele e Aenys estavam sem falar. O que nunca aconteceu. Era comum que eu e Maegor brigássemos por qualquer coisa. Nós nos provocávamos, discutíamos e nos odiamos genuinamente. Era quase um ciclo natural para nós dois. Mas Aenys e Maegor? Eles tinham algo diferente, uma conexão quase inquebrável. Sempre foram inseparáveis.

Vê-los assim, distantes e sem trocar sequer um olhar, era estranho. Algo havia mudado, e isso me incomodava mais do que eu estava disposta a admitir.

— Não acha que esse duelo está demorando? — Alyssa pergunta, preocupada.

Meu olhar se volta para a luta. Rogar enfrentava um membro da Guarda Real, ambos travados em um combate intenso. Seu estilo de luta é preciso e fica claro que ele herdou o talento de meu tio Orys.

— Não se preocupe, Rogar deve acabar com essa luta em segundos — diz Meg, parecendo uma coisa obvia. E por um instante, achei que ela estaria torcendo por ele.

Minha cabeça vira imediatamente em sua direção, um olhar de reprovação bem claro em meu rosto. Meg percebe e tenta consertar.

— Quer dizer... ele luta muito bem, não é?

Sua voz soa desajeitada, e Alyssa, ao meu lado, parece ainda mais nervosa. Ela começa a roer as unhas de forma quase inconsciente, algo que raramente faz.

Antes eu pudesse perguntar se ela estava bem, toda a torcida vibra em aplausos e gritos.

— Campeão do combate, Rogar Baratheon — declara o anunciante.

Rogar grita vitorioso. Todos o aplaudem. Ele retira o elmo revelando o rosto ferido, mas ainda assim satisfeito. Ele parece buscar algo ou alguém na multidão.

— Declare a mulher como a Rainha do Amor e da Beleza — proclama um guarda.

Olho de relance para Meg e sinto ela tensa. Ela está completamente imóvel, os olhos fixos em Rogar enquanto ele caminha com a coroa de flores em mãos. Ele passa por várias ladys e chega até nós. Ele para por um momento, seu olhar pousando em Meg. Há algo em seus olhos — talvez arrependimento, talvez tristeza. Não consigo decifrar. Seja o que for, ele logo desvia o olhar, e é como se o momento nunca tivesse existido.

𝐀 𝐅𝐢𝐥𝐡𝐚 𝐝𝐨 𝐂𝐨𝐧𝐪𝐮𝐢𝐬𝐭𝐚𝐝𝐨𝐫💫𝐇𝐞𝐫𝐝𝐞𝐢𝐫𝐚 𝐝𝐨 𝐃𝐫𝐚𝐠𝐚̃𝐨Where stories live. Discover now