Capítulo três - Junho (parte dois)

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  Alicia não sabia como sentir-se em frente ao silencio do rapaz. Não sabia nem porque contara para ele algo tão pessoal, não gostava da sensação que o silencio a trazia de incomodo. Entretanto, gostava de como se sentia segura em abrir tão explicitamente seus sentimentos. Em falar sobre algo que não fosse a felicidade alheia.

  Toda a fala levou o homem a questionar-se o que fazia de sua vida. Estava prestes a casar e não tinha um pingo da paixão que Alicia transbordava no olhar. Mal conhecia a garota e sentia que podia nutrir uma admiração tamanha por ela, apenas porque ela acreditava, acima de tudo. Mason sentia falta de acreditar.

- Isso é incrível, Alicia. – A voz grossa encheu os ouvidos da mulher, que recuou acuada. Os pensamentos julgadores do que acabara de fazer enchiam sua mente: Ela havia desabafado com um completo estranho.

- Me desculpe senhor Dewes – Adquiriu o tom profissional novamente, desejando que aquela viagem acabasse logo, mas que o cheiro amadeirado de másculo de Mason continuasse preenchendo seus pulmões.

- Eu sinto que... – Mason não escondeu que ficou desesperado ao notar a sutil mudança da garota. Há tempos não se sentia confortável com alguém, como com a produtora. – Nós iremos nos ver muito ainda, Alicia. Por isso, me chame apenas de Mason. – A constatação da verdade, fez Alicia sentir-se ainda mais acuada em relação ao homem, porque era real. Ela teria que conviver por mais cinco intensos e longos meses com ele e aquele perfume.

  Na semana que se seguiu, Mason sentiu o trabalho fluir de maneira que não acontecia mais. Ele sentia prazer em levantar e ir até o escritório, conferir a agenda junto com Samantha e seguir corretamente o cronograma. Os papéis nem pareciam mais lhe causar dor de cabeça. Tudo até Vivian Dewes invadir seu escritório, sem ao menor ter a delicadeza de ser anunciada. Era dona de tudo aquilo também, afinal. Encarou Samantha parada atrás de si com um olhar mortal, até que eu liberasse a garota afirmando que estava tudo bem deixar uma louca invadir minha sala, já que a mesma era minha mãe.

- Você está sendo displicente – Falou de maneira acusatória, com o dedo em haste para o rapaz assim como os olhos carregavam uma expressão cortante. Mason nada respondeu, esperando que a mãe continuasse. Entretanto, não aconteceu.

- Você poderia ser mais clara, por favor? - Pediu, com toda a calma que ainda lhe restava após a abrupta interrupção.

- Ora, Mason... Eu até entendo você não aguentar as futilidades de Ella o tempo inteiro, porém, ela é sua noiva! Você deve, no mínimo, dar mais atenção à garota.

- Eu nunca disse que a amava. – Contestou, vendo a mãe abrir um sorriso irônico.

- Quem está falando de amor, Mason? Estou falando de status. Não faz bem para nossa reputação sua noiva dizer que está cuidando de tudo sozinha. – Sua postura fria ao dirigir as palavras o atingiram em cheio. Sentiu toda a alegria que o dominava evaporar por seus poros com a simples frase da senhora.

- Então é apenas isso? Mãe, estamos falando de um casamento, de felicidade, de eternidade. – Mason não reparou que proferia tais palavras e sequer acreditou que um seria capaz de proferi-las. Mas, no momento que as disse, a imagem de Alicia dominou sua mente.

- Não seja tolo, Mason! – Bradou a mais velha, soando irritada – Nós dois sabemos muito bem que você apenas esta se casando para agradar a seu pai e a mim. – Vivian anunciou como se falasse o obvio. Mason sabia que era verdade, mas ouvir isso tão claramente era doloroso. Ele sentia-se um vendido.

  Não se arrependia de dar a Ella a chance de uma vida melhor e usava isso, todo esse tempo, como desculpa para a decisão que estava tomando. Mas sabia, no fundo, que era puro egoísmo dele tomar o caminho mais fácil. Porque, na sua vida, escolher alguém como Ella era fácil. Ela estava pronta. Fora treinada para ser a esposa perfeita de um casamento acético e, até mês passado, era tudo que Mason queria. Sem nem reparar a mudança, Mason percebeu que aquilo já não fazia sentido, que era estúpido pensar daquela maneira. Ele queria sentir, queria brigas, queria ter que conquistar um amor. Mason queria amar e ser amado.

Tea, love and NiceOnde as histórias ganham vida. Descobre agora