Emma rolou os olhos, mais uma vez, para meu comentário e deu de ombros.
– Recomendo que se atualize. - uma sobrancelha se arqueou - Agora que esclarecemos o fato de que você não precisa da minha ajuda, posso voltar para o meu quarto. – disse ela sorrindo abertamente e dando as costas, me deixando completamente sozinho.
Fiquei encarando o local onde segundos atrás Emma estava, me sentindo perplexo. Realmente, uma cópia da irmã mais velha. Passei uma mão no rosto, pensando que crianças eram criaturas complicadas de entender.
Com um suspiro, desistindo de tentar entender essa família, me pus a arrumar minhas coisas no quarto e depois disso, tomei um longo banho – para meu contentamento agora teria um banheiro só para mim, o que eu não tinha na minha antiga casa. Era claro que os Ravines tinham uma situação econômica muito melhor que a minha e da minha mãe. Nós vivíamos bem, mas não vivíamos com luxos. O que era exatamente o oposto da vida que Charlie teria me proporcionado. Meu pai era rico. Provavelmente poderia gastar todo o patrimônio dos Ravines em um final de semana sem que o gasto fizesse qualquer prejuízo no orçamento. Esse era um ponto difícil. Eu sabia que tinha vantagens nisso, é claro, não era burro. Mas nunca realmente precisamos do patrimônio do meu pai. Na verdade, Kathy sempre fez questão de nos manter afastados do mundo de Charlie. Eu não sentia falta. Sabia que o dinheiro estaria na minha conta todos os meses, assim como sabia que, caso algo acontecesse, tudo seria meu. Mas verdadeiramente não me importava. Sequer me sentia confortável em mexer no dinheiro que ficava no banco. Era por isso que costumava trabalhar, e gostava disso. Ajudava com a mente e, além do mais, adquirir as coisas por seu próprio esforço era recompensador.
Deixei esses pensamentos de lado, me sentindo satisfeito com o banheiro privativo.
Quando voltei ao quarto, com os cabelos molhados e vestindo apenas um calção, coloquei os fones de ouvido e procurei alguma playlist no celular. Me atirei na cama, decidido a descansar o máximo que podia para aproveitar aquela privacidade satisfatória.
Meu telefone vibrou.
Olhei para a tela e senti um aperto no peito. Algumas mensagens apareceram como notificação. Meus amigos. Alguns colegas do meu antigo time de futebol... Becky e Summer.
"Porque você não me responde?" era a mensagem de Becky "Você podia ter tido a decência de me comunicar da sua partida".
Ignorei essa.
"Fiquei sabendo que você mudou para a Terra da Rainha. O quão feliz está?" Summer havia enviado.
Abri a câmera do telefone, forcei uma careta de extrema infelicidade e enviei como resposta.
Becky, por outro lado, era um caso complicado. Ela foi minha melhor amiga por mais de dez anos. Nós éramos como unha e carne. Nós éramos muitas coisas... Até mesmo namorados. Ela, talvez, tenha sido meu primeiro amor. Eu não podia negar que tinha alguns sentimentos por ela, confusos entre a amizade e algo mais. Também não podia negar que havia feito algo extremamente idiota e canalha. Ir embora da cidade sem nem ao menos me despedir foi uma atitude idiota, mas necessária.
Eu odiava despedidas.
Engoli a seco, soltando o celular.
Blackpool precisava ficar para trás. Minha vida agora estava em Londres.
Não demorou muito para que o sol fosse embora e aos poucos o céu se tornasse lilás. Então, contra a minha vontade, me coloquei em pé. Vesti um moletom - porque a temperatura havia caído alguns graus – e calcei meus tênis surrados. Devolvi um dos fones de ouvido para o suporte e permaneci com o outro, concentrado na música que estava tocando alto.
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RED! [REVISADA]
RomanceUma líder de torcida e um jogador, em um jogo com linhas tênues entre o amor e o ódio.
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