– Finalmente, querido. – sorriu Meg, passando os braços ao meu redor em um abraço breve, mas apertado – Achamos que você tinha perdido o trem.
– Ah! - balancei a cabeça e levei uma mão aos meus cabelos, puxando-os para trás - Não. O trem só demorou mais que o esperado. - expliquei.
– Bom...- Meg alargou o sorriso. - Então vamos para casa.
Emma imitou o gesto da mãe.
Voltei meus olhos na direção da pequena. A semelhança era assustadora. Conseguia vislumbrar o rosto de Autumn há alguns anos atrás. As duas eram idênticas, apesar de toda a diferença de idade. Emma possuía os olhos azuis, como o do pai e dos irmãos, seus cabelos louros caíam em ondas esparsas por seus ombros, seu rosto era anguloso e seus lábios grossos. Ainda considerava bizarro poder enxergar Autumn em sua irmã mais nova.
– Claro. - assenti.
Tive de controlar um suspiro que quase escapou por entre meus lábios. Girei nos calcanhares e acompanhei os passos lentos das duas mulheres. Enquanto sabíamos os lances de escadas para deixar o metrô, o interrogatório que estava esperando, finalmente, começou.
- Sua mãe embarcou ontem?
- Sim.
- Fico feliz que ela possa realizar esse sonho. - podia, verdadeiramente, sentir a felicidade de Meg em suas palavras - Kathy sempre falou sobre isso, desde a época do ensino médio.
Minha mãe e Meg eram amigas desde os 14 anos de idade - quando Meg mudou-se para a casa ao lado de minha mãe e entrou para a mesma escola. As duas haviam se tornado unha e carne desde então. Não sabia se, sequer era possível, considerar uma das duas sem considerar a outra. As vezes, principalmente na infância, era como ter duas mães.
- Eu também fico feliz - concordei.
- E como foi sua viagem?
- Tranquila.
- Sem turbulências? Os sacolejos do trem costumam me enjoar.
- Teve um pouco de trepidação, mas nada demais...
- Ah, certo. Melhor assim! E como você está? Cansado?
- Um pouco. – admiti, me sentindo realmente cansado, mas não da viagem como Meg pensava e sim das mudanças e turbulências emocionais e mentais que precisei enfrentar nos últimos dias.
- Imagino, querido - ela olhou na minha direção por alguns segundos, os olhos transbordando emoções - Você pode descansar quando chegar.
Duvidava muito disso, mas não havia motivos para argumentar. Então, assenti silenciosamente.
Observei Meg acenar para alguns táxis até finalmente conseguir que um deles nos atendesse. Embarcamos, os três acomodados no banco traseiro do carro, dividindo espaço com a mala pesada que carregava.
O caminho para a casa que a família Ravine morava não foi tão difícil de memorizar, afinal, eles pareciam morar naquela região. Permiti que meus olhos percorressem o trajeto até ali, observando a cidade pela janela do carro.
Meg, para meu alívio, me deixou em paz durante o trajeto e isso foi bom. Pude ficar com meus próprios pensamentos que, talvez, fizessem mais barulho que a própria cidade da Rainha. Apesar disso, silêncio era algo que realmente apreciava.
Tudo parecia estar tão confuso em minha mente que organizar os pensamentos estava se mostrando uma tarefa complicada. Eu precisava me recompor. Deixar todas as outras coisas no passado e focar no presente e no futuro. Precisava correr atrás do que queria. Eu tinha traçado um plano, que era bastante básico, mas funcionaria. Primeiramente, precisava validar minhas notas do antigo colégio nesse novo, depois disso precisava mantê-las e talvez, se fosse possível, melhorá-las. Depois disso, precisava focar nos treinos de futebol - considerando que iria passar no teste que Sebastian havia conseguido para mim. Eu tinha duas opções: conseguir a bolsa da faculdade pelas minhas notas ou pelo esporte. Uma das duas opções teria que funcionar porque eu realmente me recusava a usar exorbitantemente o dinheiro do meu pai.
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RED! [REVISADA]
RomanceUma líder de torcida e um jogador, em um jogo com linhas tênues entre o amor e o ódio.
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