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Luara estava espremida entre a montanha de malas e mochilas de Ivy e a janela de um ônibus rural caindo aos pedaços

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Luara estava espremida entre a montanha de malas e mochilas de Ivy e a janela de um ônibus rural caindo aos pedaços. Para completar, a estrada de terra era horrível.

Quando o motorista passou por cima de mais um buraco, todos os passageiros pularam dos assentos e Luara pensou se daquela vez tinha mesmo fraturado uma costela.

Aquela coisa era um ônibus ou uma carroça?

- Dá para chegar mais para lá? - Ivy perguntou. O rosto dela estava tampado por uma mochila verde entre as duas.

- Só se eu me jogar pela janela. - Luara afastou a franja suada dos olhos. Estava fazendo trinta e três graus e ela se sentia uma galinha no forno.

Talvez se jogar do veículo em movimento fosse a melhor opção. Assim ela acabava com a sua vida miserável e não precisaria aguentar mais nem um segundo da presença da prima.

- Você tinha mesmo que trazer tanta coisa?

Luara afastou uma das alças da mochila do rosto para tentar olhar para a prima. Ivy respirou fundo.

- Você sabe quanto tempo leva para resolver não um, mas dois assassinatos, Luara?

- Ivy! - Se a garota estivesse minimamente visível, Luara lhe daria um beliscão. - Dá para calar a boca?!

Ivy não pareceu ouvir. Ou fingiu não ouvir.

- Exato. Não dá para saber quanto tempo essa tortura vai durar. Então, vim preparada. E não é minha culpa se o bagageiro do ônibus está emperrado.

Luara suspirou, já exausta de tudo aquilo. Tinham saído de Belo Horizonte naquela manhã de sábado em um ônibus que ia até Divinópolis. Depois, outro ônibus, desta vez para uma cidade do interior chamada Bom Despacho. Dali, seguindo as instruções da avó, acharam o bendito (terceiro!) ônibus que saía de um ponto da cidade e levava até outros povoados menores do interior.

Era nele que estavam agora. O veículo parava na entrada de Artemísia. Lá, segundo Ivy, Daniele estaria esperando por elas para dar uma carona até o mercado e a fazenda da avó onde morariam por só Deus sabia quanto tempo.

Era um exílio. Isso que era. Luara estava sendo punida por seus erros da pior maneira possível.

- Só fica de olho do seu lado da estrada, tá bom? - Luara pediu, tentando se ajeitar no banco duro. - Lembro que a entrada da cidade fica para esse lado. Tem aquela placa amarela de "bem-vindo" na frente. Você puxa a cordinha para sinalizar a parada.

- Eu já sei disso - Ivy resmungou do outro lado da muralha de malas. - Relaxa.

Relaxar... Até parece.

Luara ficou olhando a paisagem verde do lado de fora. As montanhas de Minas Gerais eram mesmo uma vista. Ela via as cerquinhas brancas separando as propriedades, delimitando vales e serras. Ao longe, as vacas pastavam tranquilas.

SOS bruxas à soltaOnde histórias criam vida. Descubra agora