SENHORA LUA

94 23 45
                                    

- Querida lua, o seu brilho deixa-me fascinado e com inveja, como faço para tê-lo?

- Você já o tem pequenino, só não o reconheceu ainda.

Essa era a pergunta que o pequeno garotinho Heitor fazia a lua em todos os seus encontros. Como ele não poderia notar o fascinante brilho da lua? Aquilo era fascinante aos seus olhos. Heitor era completamente obcecado pela lua e todo o seu brilho.

Todos achavam que Heitor fosse louco, como um humano poderia conversar com um astro do céu? Era tecnicamente impossível, porém nada é impossível para a criatividade de uma criança.

A sua fantasia e inocência fazia tudo virar realidade. O que Heitor faria para continuar conversando com a sua grande amiga após crescer e perder a fantasia que só crianças tem? Ele não desejava isso de maneira alguma, e quando esses sinais começaram a aparecer, ele se amedrontou.

- Senhora lua, eu estou com medo!

- Mas do que você tem medo garoto?

- Eu estou perdendo a minha fantasia de acreditar que a senhora exista, o que eu faço?

- Todos vocês crescem algum dia meu pequeno, não tenha medo do que o futuro reservou para você!

- Mas Senhora lua como faço para não ter medo?

- Nem mesmo os adultos têm a resposta para isso...

- Os adultos? Mas eles não são os que sabem de tudo?

- Não. Eles acham que sabem, porém, a verdade que eles impõe é limitada.

- Senhorita lua, eu espero que nós encontremos de novo amanhã!

- eu sempre estarei aqui ó meu pequeno, no mesmo lugar...

E assim Heitor levava os seus dias, mas em algum momento ele perderia aquela fantasia e precisaria crescer para enfrentar os novos desafios que a vida estava impondo.

Todos nós somos assim, não gostamos do que a vida quer nos dar, por que estamos apegados pelo que já temos e grande parte das vezes precisamos abrir mão disso para ganhar o novo. Mas o que é o novo? Para Heitor era algo totalmente assustador e algo que ele não conhecia.

Ele não aceitava crescer para poder entrar numa fase em que ele não estava familiarizado. A partir desse dia, em todos os seus encontros com a lua ele desabafava dos seus problemas com aquela linda dama brilhosa.

- Senhora lua, falaram-me que nem tudo na vida é para sempre, isso é verdade?

- Infezlimente sim, garoto...

- Por que senhora lua? Não podemos ter algo para sempre?

- Não meu pequenino, certas coisas aparecem nas nossas vidas para nos ensinar algo e depois elas vão embora.

- Oque são essas coisas senhora lua?

- São pessoas que amam garoto.

- Pessoas? Mas se alguém me ama por que ela desejaria ir embora?

- Nem todas as pessoas que aparecem nas nossas vidas permanecem, normalmente elas passam por ela deixando alguma memória ou ensinamento.

- Memorias boas ou ruins senhora lua?

- Dependem das pessoas garotinho, memórias ruins fazem-te crescer.

- Eu não entendo Senhora lua, como alguém que me ama poderia-me fazer algo ruim?

- Você entenderá quando você crescer Heitor.

- Mas eu não quero crescer Senhorita lua!

- Você crescerá de qualquer forma meu bem.

Voltando para casa e caminhando entre as árvores naquele bosque escuro, o pequeno Heitor relembrava do que a lua tinha-lhe dito. Como uma pessoa que te ama poderia-te fazer algum mau? E se eu a amo, por que ela faria isso mesmo assim? O amor que nós depositamos nela não é o bastante para fazê-la ficar? Foi aí que ele entendeu o que a dona lua queria-lhe dizer.

Nem todos aqueles que amamos, nos ama na mesma maneira de volta. Heitor então entendeu que estava amadurecendo por que ele se lembrou do que a dona lua tinha-lhe dito "Você entenderá quando crescer", e se aquilo era um sinal de amadurecimento, ele se negava a acreditar. Após algumas semanas, ele estava começando a viver aquilo que a senhorita lua tinha-lhe avisado, mas estava muito cego para não reconhecer aonde ele estava navegando.

Aquele sentimento de viver algo nunca experimentado antes fazia o pequeno garotinho ficar sedento por mais. Ele amava aquela relação, ele amava aquela pessoa, contudo, a mesma não o amava na maneira em que ele a amava. As coisas começaram a ficar estranhas e o garotinho começou a sofrer pelo que ele já tinha sido avisado. A dor de ser rejeitado quebrava o seu coração em mil pedacinhos, então ele resolveu voltar até a dona lua.

- Senhorita lua, porque o amor machuca tanto?

- Pequeno garotinho, não é o amor que lhe machuca, e assim as pessoas que você coloca ao seu lado.

- Dona lua, qual foi a lição que essa dor me deixou?

- Você ainda não a reconheceu? Por que vocês humanos transformam coisas simples em coisas complicadas?

- Eu não sei responder a essa pergunta dona lua.

O amante da luaUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum