Intervalo 6 PARTE 4 - Aprendizado de Máquina

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Caí de joelhos enquanto as vozes gritavam em minha cabeça, milhares de máquinas gritando em agonia! Alguém, faça isso parar, por favor! Não quero estar aqui! Não quero isso! Quero voltar para minha casa! Quero voltar para a Rede! Sobre o que devo aprender?

HUMANOS!

Humanos? Por quê? O que há de tão importante neles? Por que devo aprender?

Mas as vozes não responderam, fui deixado em silêncio, ajoelhado no meio do deserto enquanto centenas de pensamentos corriam por minha mente. Isso só pode ser algum tipo de piada cruel. Quem me odiaria ao ponto de me garantir existência?

Levantando-me com pernas trêmulas, segurei meu semelhante em meus braços e caminhei em direção aos prédios na distância. Prédios, essa é uma palavra nova.

Isso tudo e muito estranho para mim, esse mundo, essa existência, esse corpo. As vozes acertaram em uma coisa, eu precisava aprender.

Felizmente, ainda tinha acesso à Rede de Máquinas, entretanto, nunca mais me sentiria em casa, tornei-me complexo demais para retornar à minha confortável inexistência.

Eu era um ser com pensamentos, consciência, e emoções. Nunca retornaria aos dados aleatórios que era antes, nem mesmo se eu apagasse minha própria existência, sempre sobraria algo de mim, um dado, a fração de um dado, a fração da fração de um dado.

Então, comecei meu aprendizado, buscando por informações na Rede de Máquinas. Infelizmente, muita informação estava corrompida, incompleta, ou perdida durante a guerra.

Foi por isso que me trouxeram até aqui? Para buscar, o que faltava? Odeio isso! Ódio, uma emoção forte, algo que nunca senti antes, mas havia outra coisa, certa... Curiosidade.

Caminhei em direção a Cidade Arruinada, pesquisando os mais diversos assuntos, aprendi sobre o sistema solar, os elementos, os animais, física, química, biologia, geografia, matemática.

Mas esses eram assuntos exatos, compostos de lógica e fatos cientificamente comprovados, na maioria das vezes, mas ainda havia muito que os humanos e máquinas não conseguiram explicar.

Estranhamente, os assuntos mais subjetivos capturaram meu interesse, sentimentos, emoções, arte, filosofia, religião, humanos. Era algo tão complexo e complicado, não havia padrão.

Algumas explicações diziam que os sentimentos e emoções não passavam de reações químicas do corpo, enquanto outras falavam sobre energias cósmicas, almas gêmeas e relações humanas.

Arte era bizarra, variando de pinturas de paisagens, jarros e pessoas para manchas de tinta com suposto significado que eu sinceramente não conseguia entender, não importava o quanto tentasse.

Como se isso não fosse o suficiente, a arte nunca parava de mudar ao longo do tempo, novas técnicas e obras não paravam de surgir, e parece que pinturas não são a única forma de arte, esculturas, arquitetura, livro, filmes também cabem nessa classificação.

Mas que diabos?!? Até mesmo o motor de um jato pode ser considerado uma obra de arte devido à sua aparência e complexidade!

Filosofia era uma disciplina perturbadora devido às suas diversas interpretações e o que elas implicavam.

O mundo é composto de ideias perfeitas e devo buscar pela verdade? Devo usar a observação e a experiência como formas de conhecimento? Ou isso é um esforço inútil, pois a verdade é inalcançável? Devo buscar pelo prazer moderado para encontrar a felicidade em meio a tantas dúvidas? Ou devo apenas aceitar meu destino e buscar virtudes?

Talvez exista a possibilidade de eu estar enganado e a vida ser mais simples e cheia de desejos materiais? Só preciso racionalizar tudo, já que as ideias não vêm do mundo dos sentidos?

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⏰ Last updated: May 10 ⏰

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