CAPÍTULO 50

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Aninha

Preciso parar de pensar ou minha cabeça vai explodir!

Entro no meu quarto e vejo Mônica chorando deitada na cama. Noto ao lado da cabeceira o prendedor de coração de Magali. Ela veio aqui?

Aninha: Mônica? - sento na cama e ela senta de frente para mim.

O objetivo era não pensar? Falhei miseravelmente.

Aninha: O que foi?

Mônica: Nada. - ela tenta enxugar as lágrimas.

Pois é, família, só tentar porque não dá certo.

Aninha: Pode confiar em mim Mônica.

Mônica: Aninha... eu fiz uma besteira e agora me arrependo. - ela começa com voz embargada - eu dei um fora nele, mas quando ele me olha... eu me perco. Que droga! A ferida já tinha cicatrizado, eu estava bem odiando ele, mas o Cebolácio tinha que me beijar.

ESPERA AI.... BEIJO?!

Aninha: Beijo?

Escapa num sussurro.

Mônica: é. Eu beijei o Cebola, me julgue, me processe, me bata! Eu beijei o cara que eu odeio.

Cale-se! Ou eu mesma te mato!

Aninha: Mônica, você não o odeia.

Mônica: O que?

Aninha: Quando você e ele se olham, eu não vejo ódio, vejo mágoa, rancor, assuntos inacabados e até mesmo... tristeza. Mas não ódio.

Mônica: Ana...

Aninha: Não tente me enganar! Meus olhos não me enganam e seus olhos não mentem. Eu sei fazer leitura corporal. - ela funga e senta na posição de índio. - você quer desabafar? - ela olha em meus olhos.

Mônica: Posso? - coloco uma almofada em meu colo e sinalizo para que ela se deite ali.

Aninha: É claro que pode.

Mônica: Então, eu conheci o Cebola na escola, ele era o mais popular de lá, no começo eu só achava ele bonitinho, mas depois que ele me levou pra casa enquanto chovia eu percebi que ele não era tão babaca. Eu realmente abri os olhos quando ele e os meninos me defenderam do meu ex babaca em uma festa, Lucca ia me forçar a fazer sexo com ele, mas Cebola chegou a tempo e me defendeu, os meninos me abraçaram e Cebola bateu nele, ali eu vi que eu o julguei mal, mas sempre fui muito desconfiada, ele me pediu uma chance e eu disse que ele ia ter que me conquistar. Ele me mandava flores, cartas, bombons e até já cantou pra mim, quando ele foi na minha casa no meio da noite por dizer que sentia a minha falta, eu dei meu primeiro beijo ali, com ele, no meu quarto, no meio da noite. Eu decidi aceitar a chance que ele pediu, acordei decidida a dizer a ele que o queria da mesma forma que ele me queria. Me arrumei e fui para a escola com as meninas. No intervalo um menino me deu uma carta, dizia que o Cebola queria que eu fosse no campo conversar com ele. Eu como sou trouxa, fui. Cheguei lá, estava todo o time e várias líderes de torcida, as meninas foram comigo, chegamos lá e ele tinha acabado de terminar o treino, não tirou o capacete e nem nada, só chegou em mim, disse que eu era um brinquedo e que tudo era uma aposta, queria ver quem tirava o bv da novata boba, depois as líderes de torcida jogaram vários baldes de tinta de diversas cores em mim, uma menina chegou a quase rasgar a minha blusa. Depois eu jurei ódio do Cebolácio pelo resto da minha vida pela humilhação que ele me fez passar. Voltei pra casa com as meninas e prometemos a nós mesmas que ninguém ia pisar em nós de novo. Ainda fui muito atormentada na escola, mas apenas uma resposta bem dada bastava. Desde então, eu e Cebola nos odiamos.

Aninha: Torno a dizer: não se odeiam Mônica.

Mônica: Eu sei. Mas prefiro acreditar que sim. Assim eu não sofro.

Aninha: Eu entendo. A humilhação que você passou foi horrível, mas ainda o jeito que escolheu lidar com a dor foi burro, desculpa falar, mas é verdade. Você, prefere brigar com ele a ignorá-lo e sabe por que? - ela nega. - porque essa foi a forma que você encontrou de ter ele por perto.

Ela fica em silêncio mas sei que está refletindo no que eu disse.

•••

RIVAIS, 𝐂𝐨𝐧𝐜𝐥𝐮𝐢́𝐝𝐚Where stories live. Discover now