Capítulo 1

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Depois de quase duas horas se arrumando, Lis me aparece na sala com um vestido verde com detalhes em dourado, bem curtinho, que eu nem sabia que ela tinha. Na verdade, meu cartão de crédito ficava na posse dela. Eu falei que daquele jeito ela não ia ao casamento comigo. Palavras jogadas ao vento. Terminou de colocar uma pulseira dourada bem na mão onde ela tinha a tatoagem da rosa trespassada pelo tridente e me olhou com um olhar duro e frio e disse apenas:

– Vamos logo, não quero chegar atrasado.

Como sempre, eu obedeci.

Minha vida era obedecer os caprichos aquela mulher. Sempre foi desse jeito. E mesmo depois de quase dez anos juntos, não seria diferente. Mas como eu deixei isso acontecer? Quando deixer ela assumir o controle definitivo da minha alma? Eu mal me lembro. O que me recordo é que no início, eu fazia tudo o que ela me pedia, as vezes muito mais do que ela estava esperando. Adorava ver aquele sorriso estampado naquele lindo rosto com sarnas. Era minha gratificação. Eu não deixava falta nada em nosso casamento. Mas ela gostava de pisar. E com o tempo eu não tive muitas escolhas a não ser aceitar o seu gênio forte e destrutivo que varria tudo pela frente como uma tempestade.

Nos conhecemos num show de sertanejo. Ela estava na plateia e eu no palco tocando. Eu fazia parte da banda de uma dupla sertaneja da nossa cidade que estava começando seus primeiros passos e nos apresenrtavamos todo sábado em vários barzinhos. Eu era bem tímido e toca meu violão e guitarra bem ao fundo quase invisível. Mas Elisa me descobriu e quando nossos olhos se encontraram foi amor a primeira vez. Eu sabia que aquela mulher iria ser minha. Ela estava acompanhada dos nossos amigos que não perdiam um show da nossa dupla, usando uma saia preta longa com uma fenda nas pernas e um espatilho e tinha um olhar de cigana. Depois de um bom papo, ficamos a sós e começamos a nos agarrar. Elisa era muito intensa e quase trepamos numa ruazinha deserta. Eu na verdade era virgiem e todo inocente. Tudo o que eu queria era seguir o caminho da música e do nada me aparece aquele turbilhão de mulher. 

Nessa época ela dividia casa com uma colega nossa. Elisa estava só de passagem em nossa cidade e em breve voltaria para Bahia, sua cidade natal. Ela não gostava muito de falar sobre si e eu fiquei sem saber o motivo pelo qual ela estava ali. Mas começamos a ficar, namorar  e quando eu me dei conta já estavamos fazendo plano de nos casar. Porém eu tinha pouco tempo para ela, devido aos shows da dupla. Mas Lis era muito intensa e fazia de tudo para estar perto de mim e o tempo que passávamos juntos era muito aproveitado. Ela era muito quente e nossos beijos eram intensos e molhados. E eu me perdia dentro daqueles olhos de cigana que ela tinha. Então comecei a faltar os ensaios da dupla para ficar mais tempo com Lis e na semana que haveria um show muito importante eu faltei. Fui passar os dias na cidade dela, conhcer sua família e marcar a data do casamento. Por mensagem me avisaram que eu estava fora da banda, mas nada mais importava porque eu estava transando com a mulher mais gostosa desse mundo. Perdi um sonho, mas ganhei o amor da minha vida.

Nossos amigos ficaram ressentidos por um tempo, mas isso passou e até foram em nosso casamento. Depois que nos casamos, nos afastamos porque Lis tinha se encantado com uma casa do outro lado da cidade e lá fomos morar. Era perto do trabalho dela. Eu não vi nada de mal porque queria agradar minha esposa. E eu fazia de tudo para agradar aquela mulher, mas parecia que não era o bastante. Então eu fazia sempre mais. Dava tudo de mim para ver o sorriso daquela mulher e o seu corpo na cama. O sexo era escasso, mas era apocaliptico. O tesão dela mesmo era dominar. 

Ela mandava e eu obedecia.

Até a minha roupa foi ela que tinha escolhido para aquele casamento. Durante a cerimônia ela eu via os machos com os olhos sobre as pernas cruzadas da minha esposa. Aquele vestido verde era indecoroso demais para a ocasião. Eu já ia começar a reclamar pois até as mulheres estavam olhando e ela mandou eu calar a boca antes mesmo de abrir. Eu abaixei a cabeça e não fiz nada. Ela ria com as amigas dela, bebia os drinks sempre com aquele olhar de cigana passeando pela multidão de convidados. Percebi que ela olhava muito para um dos músicos que tocava sax, um negão alto, os braços tatuados segurando o instrumento com as mangas da camisa social sobrada. Percebi que ele também olhava para minha esposa e que ela ficava cruzando as pernas para ele. 

Uma fila se formou para abraçar a noiva e eu quis ficar na mesa bebendo. Como se sincronzassem, o negão do sax veio ficar exatamente atras da minha esposa. A uma distância nada segura de sua bunda. Sem virar o rosto, ela trocou algumas palavras com ele sorrindo. Depois olhou para mim e sorriu como se tudo estivesse bem. Eu levantei a taça sinalizando que eu estava de boa, mas dentro de mim eu estava me mordendo de ciúmes. E acho que foi nesse momento que pela primeira vez eu tive aquele desejo...

Senti meu pau ficar duro e tentei disfarçar o volume para ninguém ver. Então, eu levantei quase derrubando a taça e corri para o toalhete. Abri o ziper da calça e bati a punheta mais gostosa que eu me recordo. Eu já estava quase gozando quando escuto a voz de Lis na porta do toalhete. Eu hesitei mas quando a voz dela engroçou, eu saí de lá. Ela estava com um expressão confusa, um misto de raiva e riso. 

– Você está bem homem?

– Sim.

Ela me olhou de cima abaixo.

– Você está todo vermelho. Veja só seu pescoço. Está com febre?

Eu não sabia o que dizer. Fiquei em silêncio. Então ela fechou a cara e disse que estava na hora de ir embora. 



♠ESCRAVO DA PAIXÃO♠Where stories live. Discover now