𝗔𝗥𝗥𝗔𝗜𝗔𝗟•• 𝗚𝗮𝗯𝗶𝗴𝗼𝗹

CINQUENTA E SEIS

— Não é nada demais— e explica.

— Sei.

— É sério.

— O da sua testa já ficou com a a Lara— o meu primo diz, dando a dica pra nossa prima que tá com o nome do Gabriel na testa.

— Desnecessário, Caio, desnecessário— digo e ele da risada.

Eu hein, todos estranhos.

Volto a olha pro Fred e faço uma careta pra ele.

— Vou lá em casa colocar meu celular pra carregar e vestir um shorts, daqui a pouco eu volto.

— Tá bom, sem pressa— faz um joinha e eu não entendo nada, nem me esforço pra entender, só saio antes mesmo de ouvir a resposta que a garota vai dar.

Saio da casa, a rua tá tranquila e além da casa da minha avó, tem outras com o som ligado no talo e fica tudo uma bagunça de ritmos.

Ando até minha casa na tranquilidade, se aparecer algum louco querendo me sequestrar eu deixo porque minha vida tá uma merda mesmo.

Corta pra eu fingindo morte.

Quando entro na minha casa, subo direto pro quarto e procuro pelo carregador na bagunça toda que fiz no meu quarto pra me arrumar, é sempre assim e o pior é quando você volta da festa.

Consigo encontrá-lo embaixo de algunas roupas e coloco na tomada, vendo que ele liga.

Ainda bem que deu tempo de desejar feliz natal pra uns amigos antes dele desligar.

E bem na hora que ia enviar pro Gabriel ele descarregou.

Sim, eu ia fazer isso porque me senti na vontade e não consigo segurar, mas não deu tempo e talvez isso seja um sinal pra que eu caia na realidade.

Procuro por um shorts jeans e quando encontro, tiro meu vestido vermelho e visto, pegando também um cropped verde.

Ergo minha sobrancelha quando meu celular começa a vibrar feito doido, será que tantas pessoas assim lembraram de me desejar um feliz natal? Tô me sentindo importante.

Dou um jeito no meu cabelo antes de caminhar de volta pra cama e pegar o celular.

Vou arriscar minha vida de novo em mexer nele na carga, mas já é rotina.

Entro no whatsapp e o quinto contato é do... Gabriel. Tem várias mensagens dele e a última enviada eu consigo ler sem ter que abrir a conversa, mas a curiosidade atiça e eu abro.

A cada letrinha lida é uma arregalada nos olhos e no final de tudo eu tô paralisada.

"Eu amo você".

Meu Deus do céu amado, Jesus Cristo!

Eu tô passando mal, sem brincadeira nenhum, minha vista chega a escurecer e... Caralho.

Como assim ele me manda tudo isso e some? Como assim me ama? COMO ASSIM?

Puta merda, por que ele não falou isso antes? POR QUÊ?

Com a força que eu puxo meu celular o carregador acaba desconectando e ele desliga.

— Porra, caralho, vai se foder celular de merda!— xingo e coloco novamente na cama, esperando ligar.

Eu tô surtando tanto que tenho que me levantar e ficar andando de um lado pro outro pelo meu quarto.

Ele lembrou de me dar feliz natal e ainda escreveu tudo isso. Ele... Ele me ama.

iPad, preciso dele porque meu celular nem fodendo que vai aguentar ficar fora do carregador e por isso procuro ajuda.

E aonde eu acho essa merda agora? O quarto que já tava uma zona fica mais ainda e eu encontro o filho da mãe jogado dentro do armário no meio das roupas e quando eu tento ligar... Tá descarregado.

Qual o meu problema em coisas carregadas?

Olho pro celular que ainda segue ligando e penso em outra hipótese, notebook.

Corro até a escrivaninha e abro o notebook que por incrível que pareça, tá carregando, entro no aplicativo de mensagens que é o mesmo do meu celular e clico na conversa com ele, lendo mais umas vinte vezes tudo que me foi enviado e no final tô chorando.

— Meu Deus!— exclamo enquanto empurro a cadeira de escritório com rodas de um lado pro outro— Meu Deus!— empurro mais forte pra trás e quase caio de perna pra cima, mas consigo me equilibrar.

Eu tô em surto total, total meeeeeeeesmo!

Se a intenção dele era me convencer de que se arrependeu e conseguiu compreender os verdadeiros sentimentos, conseguiu.

CONSEGUIU MUITO!

Meu único sentimento é querer ele aqui comigo, pessoalmente, me abraçando e falando as três palavrinhas pra que eu ouça.

Volto pra perto da mesinha e começo a pesquisar empresas que fretam helicóptero. Foda-se tudo, eu quero vê-lo.

Todas estão fechadas agora, obviamente, não tem UMA sequer pra atender uma emergência tão grande.

Balanço minhas pernas em um ritmo frenético e volto pro contato dele, decidindo ligar só pra tentar falar com ele. Mas não rola porque só chama e chama, nada de atender.

— Por favor, não brinca comigo— murmuro olhando com atenção pra foto dele de perfil— por favor mesmo!

Tento ligar mais uma vez, cai na caixa postal e eu desisto, indo até minha cama e me jogando no meio das bagunças.

Eu só posso estar sonhando, nunca que ele mandaria essas mensagens. É trolagem e... NÃO.

É real mesmo, ele mandou tudo isso e ele me ama.

Eu também o amo.

Começo a chorar e... Chorar.

Foda-se que ele foi um babaca, todo mundo tem direito de estar confuso e ele também tem. Ok que eu estava hiper, mega, master puta, mas entendi seu lado porque também já passei pelo mesmo.

Já me culpei por algo não ter dado certo, me senti a errada, a insuficiente, a que não era boa demais pra ter o prazer de ter alguém completo só pra mim.

Mas... Isso mudou porque eu enfrentei tudo isso e percebi que o erro não sou eu, é quem erra comigo.

Ele já passou pelo mesmo e também conseguiu enfrentar isso, ok que depois de errar, mas enfrentou e conseguiu lidar com tudo isso.

Confessou os sentimentos e... disse que me ama.

Eu começo a chorar porque eu só queria ouvir isso saindo da boca dele e acho que pego no sono enquanto choro.

Só acordo com o barulho da minha porta batendo e penso seriamente que nunca mais terei a chance de viver porque irei morrer agora, mas...

Mas a pessoa deita do meu lado, eu permaneço de olhos fechados, porém reconheço esse cheiro.

É ele.

Seus braços passam em minha volta, a barba roça em meu ombro e deixa um beijo nele antes de falar exatas oito palavras que me deixam hipnotizada.

— Vim pessoalmente dizer que amo você, minha ursinha.

IHHHHHHHH VEIO MAIS AÍ.

Amei o surto de vcs no capítulo anterior Kkkkkkk

E é claro que no próximo terá mais, apenas aguardem🤭🤭