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✦ Carta e lágrimas.

AVISO: Menção a relações sexuais.

Sua mãe mantinha amizade com um experiente mercador quando estava viva, de quem tinha fidelidade em fornecer jóias e informações sobre os investimentos mais promissores. Ele tinha um único filho, o qual participava das brincadeiras dos trigêmeos quando eles os visitavam.

Ele foi o primeiro garoto que a beijou e continuava a ser o único. Houve uma promessa de casamento, porém depois do incidente, mesmo que fosse doloroso demais para ela, Asteris decidiu que qualquer relacionamento seria inviável. Mas não conseguiu evitar se esgueirar pelas ruas de Lunos até encontrar um hotel para se encontrar com ele vez ou outra.

Ela deitou na cama depois de usar o telefone para chamá-lo. Tristan não estava por perto, mas arranjou um jeito de estar.

Não demorou muito tempo para ele chegar, Asteris sentiu um alívio incômodo. Imediatamente, tocou os cabelos marrons claros os quais gostava de deslizar os dedos, seus olhos, da mesma cor, sempre lhe cobriam de atenção assim como suas mãos deslizando sobre suas costas.

Não perguntou sobre o sangue no tecido, sobre o que tinha acontecido, sobre a tragédia; e ela não queria que perguntasse. Precisava fingir que nada disso existia e focar em seus beijos. Poucas eram as coisas que lhe pertenciam de verdade, sua casa, seus amigos, sua reputação, até mesmo sua família. Mas Tristan era seu.

E quando eles deitaram na cama, ela se virou para ele, o acolhendo contra os seios e se manteve quieta enquanto ele envolveu os braços em sua cintura, deixando beijos na pele. Nada foi dito.

Quando o sol entrou pela janela de vidro percebeu que tinha se passado muito tempo.

— Eu não quero voltar para casa.

Ela disse se encolhendo no peito nu de seu namorado. Tristan deslizou a mão do quadril dela para confortá-la.

— Eu também não, mas talvez comecem a me procurar.

Asteris sentou na cama expondo seu corpo nu, Tristan cruzou os braços analisando as curvas da ruiva que se levantava para buscar suas peças de roupa no chão.

— Estava fazendo algo quando eu te liguei? — Olhou-o por cima do ombro.

—Bem... Talvez terminando um contrato... — Riu se divertindo com o choque dela — Não se preocupe, não era nada demais, minha linda.

Asteris começou a rir abotoando a barra da saia, Tristan aproveitou para abraçá-la por trás e beijar seu pescoço fazendo ela rir mais. Tristan voltou a se deitar observando Asteris se vestir. Na cômoda, havia um espelho oval que ela usou para arrumar seu cabelo em um rabo de cavalo, olhando algumas vezes para o corpo nu de Tristan enquanto ele preguiçosamente se levantava.

— Linda, isso é seu? — Ouviu a voz dele atrás dela.

O jovem mercador apontou o papel amassado no chão, a carta de Ada. Havia esquecido completamente que levava ela no bolso, pegou na mão com um bolo na garganta. Tristan notou o semblante de Asteris e beijou o topo de sua cabeça.

— Vou tomar um banho rápido e vamos almoçar juntos, sim? — Sugere com um sorriso. — Peixe, batatas e molho? Seu favorito.

Nada do que ele disse pareceu entrar de fato na sua mente, ela assentiu. Sentou na ponta da cama enquanto ele ia ao banheiro e abriu a carta quando a porta se fechou. A verdade é que queria ignorar a existência daqueles papéis para sempre, mas se odiaria por ser covarde.

Havia uma chave pequena, como de um porta jóias. Apesar de ficar curiosa sobre, prestou mais atenção no que estaria por vir.

Ela ouviu o som do chuveiro ligado e começou a ler.

Maldições das Sombras | ⛥Onde histórias criam vida. Descubra agora