Capítulo único

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As coisas estavam bem.

Depois de muita luta e muito sofrimento eu, finalmente, tinha acertado minha vida.

Foi um período difícil logo após o fim da guerra. Voldemort estava morto, mas ele havia deixado feridas tanto físicas quanto emocionais em todos, e essas feridas levaram muito tempo para se curar, e ainda sim, deixou cicatrizes.

Eu era assombrado todas as noites pelas lembranças das pessoas que eu vi morrer, das pessoas que eu perdi, e dos sacrifícios que todos, incluindo eu, tiveram que fazer. E, se isso não bastasse, depois de ter cumprido minha profecia eu havia sentido que não tinha mais um lugar para mim no mundo bruxo, e eu tive que me esforçar muito para sentir que havia achado meu lugar de novo.

Depois de participar dos julgamentos, que eu havia ido depor a favor de Narcisa e Draco Malfoy, e que eu vi quase todos os comensais serem presos, eu saí do mundo bruxo.

Ron e Hermione estavam com os pais dela tentando restaurar suas memórias, quando voltaram para casa eu já estava no mundo trouxa, eles até tentaram me fazer voltar com eles, mas respeitaram quando eu disse que precisava de um tempo. Gina tentou muito me convencer a ficar, dizendo que podíamos resolver tudo desde que estivéssemos juntos, foi quando eu terminei com ela garantindo que ela seguiria melhor sozinha e que seria melhor para nós dois seguirmos apenas como amigos, sem retomar o que começamos antes de eu sair a caça as Horcrux.

Passei um longo ano no mundo trouxa tentando me recuperar e me encontrar novamente, até receber a carta de Hogwarts, onde Minerva, a nova diretora, convidava os alunos que não conseguiram concluir seu sétimo ano para retornar e terminar os estudos, Hermione não me deu brechas para negar.

Praticamente todos os grifinórios retornaram, assim como a maioria dos corvinos e lufanos também, mas poucos sonserinos, bem poucos. Malfoy não era um deles, mesmo com o meu depoimento eles ficaram em condicional e com isso vários pais e alunos falaram que não era seguro alguém com uma condenação estar andando no mesmo corredor que alunos inocentes, fazendo o ministério decidir que Draco não poderia retornar a escola, o que eu não achei muito justo pois havia sido provado que Draco não machucaria uma mosca mesmo sob ameaça de morte, mas na época decidi não me meter, afinal nem sabia se ele gostaria de voltar. Hoje me arrependo, sempre lutei pela justiça para todos e não sei porque fiz diferente com Malfoy.

Não me arrependo de ter retornado a Hogwarts, foi onde eu me encontrei a primeira vez quando descobri sobre o mundo bruxo e foi onde eu me encontrei novamente quando retornei a ele. Foi em um dia em que Minerva havia me convidado para um chá, preocupada com como eu estava lidando com tudo e com o que eu planejava fazer depois que completasse meus estudos, eu fui honesto, disse que não fazia ideia.

O que era verdade, todos imaginam que eu seria um grande auror, e isso faria sentido considerando que meu pai também seguiu esse caminho e eu já havia lutado com mais bruxos das trevas do que era saudável para um jovem de dezenove anos, mas eu simplesmente não conseguia mais me imaginar perseguindo e lutando contra criminosos.

Foi quando ela me sugeriu a ideia de ser professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, e aquilo me chamou a atenção. Eu me lembrava do tempo em que ensinei na Armada de Dumbledore, e tinha sido algo que eu gostava de fazer, que eu sentia que eu sabia fazer.

Saí do escritório de Minerva aquele dia com um dizer dela de que sempre haveria um lugar para mim em Hogwarts e com um sentido novo para estar no mundo bruxo, um sentimento bom de que ainda havia meu lugar lá.

Agora, quatro anos depois, eu era um professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, e eu sentia que fazia algo importante. Não esperava que houvesse alguma guerra tão cedo, mas eu esperava que aqueles jovens que eu ensinava estivessem mais preparados do que eu estava para os desafios que eles poderiam vir a enfrentar durante as suas vidas. Eu me sentia útil quando via aquelas crianças e adolescentes aprendendo novas formas de defesa e se sentindo poderosos e capazes. E acredito que, de fato, as próximas gerações seriam mais capazes do que a minha jamais foi, pois eu não permitiria que mais algum jovem caia em uma situação perigosa que não estivesse preocupado para lidar, não se pudesse evitar.

As verdades que Hogwarts guardaDove le storie prendono vita. Scoprilo ora