Capítulo Bônus

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Era mais que óbvio que Emma foi a primeira a descobrir que tinha duas almas gêmeas. Seu azar era mais surpreendente que as cores, sendo honesta.

Ela e Jane acabaram se aproximando após aquele dia. Uma amizade foi surgindo aos poucos, junto de conversas profundas e conselhos, Jane começava a aceitar um pouquinho mais a cada dia a ideia de parar de esconder suas origens. Mas ainda requer tempo.

Era apenas mais um dia comum, elas andavam lado a lado enquanto compartilhavam o desgosto pela cantina da universidade. O sol estava se pondo quando aconteceu.

— Eu falei com minha avó sobre o assunto... — Revelou, colocando as mãos nos bolsos. — Ela disse que sente muito por indiretamente ter colocado esse medo em mim por experiências dela e da minha mãe... Também falou que me apoiava se eu quisesse adotar o sobrenome da família.

— E você vai?

Jane hesitou, parando de andar e olhando para Emma com incerteza.

— Não sei... Parece um pouco estranho.

— Por que seria? — Ela riu, estendendo a mão para Jane e sorrindo alegremente. — Vamos tentar. Olá, eu sou Emma Duarte Edwards, como você se chama? — Perguntou em português.

Jane encarou a mão estendida para si, ela conseguia entender um pouco da frase pela semelhança dos idiomas. Mesmo com certa relutância, ela apertou a mão de Emma.

— Mucho gusto, Emma. Soy... Jane Sanchez Pierce.

Era inusitado, o céu, de repente, ganhou tons que pareciam com vermelho. Mas era mais... suave. Mais claro, talvez. As bochechas de Jane também tinham resquício dele, rosa, doce e companheiro.

Obviamente ela fugiu minutos depois após confortar a mexicana e dizer que era um nome lindo. Cheia de confusão, perguntas e com o coração apertado, Emma não sabia o que fazer. Já vinha evitando Castiel há boas duas semanas, como evitaria Jane também? E como ela tinha duas almas gêmeas românticas? Isso sequer era possível? Eles não tinham uma relação profunda para serem suas almas gêmeas platônicas ou qualquer outra merda — droga, Emma estava hiperventilando.

×

Castiel deveria estar numa maré de azar. Qual é, ele não era bobo. Jane estava o evitando há semanas e isso doía. Ele queria tanto conhecê-la melhor, descobrir como ela prefere criar canções, qual sua banda favorita. Ele sempre acreditou que não tinha uma alma gêmea e quando descobre que tem, ela não parece querer vê-lo nem pintado de ouro. Pessimista, ele concluiu que talvez fosse unilateral. Ao menos ele enxergava uma cor em meio a todo aquele cinza, certo?

Nah, ele preferia não ver nada a aquele sentimento de rejeição. E olha que nem oportunidade de investir teve. Era tão frustrante. Tão frustrante que ele mal conseguiu notar que não implicava com Emma desde aquilo, ou que ela também estava o evitando.

Ele só foi notar a presença da dançarina porque ela usava uma camiseta roxa, que irônico, não? A única maldita cor que ele via.

— Ei, Emília.

Ele viu ela arregalar os olhos e apertar os livros que carregava no peito, assustada. Ele quase sorriu. Emma pareceu desconfortável.

— Oi...

— Nenhum protesto por te chamar de Emília? — Ele arqueou uma sobrancelha e cruzou os braços, encostando as costas na cadeira.

— Se brigarmos na biblioteca, a senhorita Bellefleur vai nos matar. — Ela cochichou, revirando os olhos e voltando a andar.

Castiel deu de ombros, era verdade. Já tinha acontecido antes. Ele voltou a atenção para seu livro, mas as palavras pareciam não fazer sentido algum. Que droga, resmungou e largou tudo na mesa. Talvez se ele voltasse a sua rotina e não pensasse em Jane o dia inteiro sua vida voltasse ao normal. Com esse pensamento e um sorriso travesso, ele praticamente deslizou da cadeira até o corredor em que Emma havia entrado.

Policromia [Castiel, Amor Doce] (oneshot)Where stories live. Discover now