então quem foi?

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A briga, desta vez, ocorria na frente do palácio de Nan Yang, os dois generais entre gritos, xingamentos e trocas de golpes, destruindo tudo o que se pusesse no caminho. Xie Lian tinha acabado de voltar do Santuário PuQi e já estava correndo para separá-los novamente.

— Seu desgraçado, pare de ficar trazendo isso a tona! Jian Lan já se foi e o CuoCuo também! – Feng Xin gritou, no momento em que os dois recuaram, o príncipe herdeiro de XianLe correndo para o meio do circulo que se formara, a multidão de oficiais celestiais assistindo ao que acontecia.

— Mu Qing. Feng Xin. O que está acontecendo? – olhou de um para o outro, as mãos erguidas para que não continuassem.

— É tudo culpa dele, Sua Alteza! Esse idiota fica fazendo piada com o fato de que eu tive um filho e tanto ele quanto a mãe fogem de mim! – apontou a espada na direção alheia, gesticulando-a no ar enquanto falava.

— Eu não tenho culpa se ninguém consegue te aturar como marido! – Xuan Zhen revirou os olhos, retornando o sabre à sua bainha.

— Não que você possa opinar, já que ninguém nunca teve nem a coragem de dar um beijo que fosse nessa sua boca venenosa. – Feng Xin riu, cruzando os braços sobre o peito.

A platéia, composta por oficiais das duas cortes, encarou-o em choque, prevendo que um deles não sairia vivo dali. Xie Lian desviou o olhar com lentidão para Mu Qing, que estava vermelho até às orelhas, os punhos fechados com força. A frase que se seguiu pareceu um choque ainda maior para os demais, dita em tom baixo, mas perfeitamente audível, uma vez que todos faziam silêncio para não perder uma palavra da discussão.

— Eu já beijei sim. – o general disse, o rosto ao mesmo tempo mostrando constrangimento e orgulho pelas próprias palavras, mas, acima de tudo, raiva era o que mais se destacava em seu semblante.

Feng Xin riu, depois parou. Geralmente, Mu Qing era quem não escondia as próprias reações, por ter uma face fina, mas agora quem não podia esconder algo era Nan Yang. Ele franziu o cenho, como se raciocinasse apenas agora o que estava ouvindo, então olhou para Xuan Zhen, enquanto caminhava mais para perto. Quando estava lado a lado com Xie Lian, a alguns passos de distância do outro general, foi que ele se permitiu falar algo.

— Mentiroso.

— Eu. Já. Beijei. – ele virou o rosto, o nariz erguido.

— Quem então? – Feng Xin perguntou, recebendo um olhar ainda mais furioso.

— Não é da sua conta!

— É mentira! – Nan Yang gritou de volta, estava prester a desembanhar a espada novamente, quando ouviu um pigarrear do Xie.

— Na verdade, Feng Xin, realmente aconteceu. – Xie Lian explicou, recebendo um olhar em choque do Feng.

— Mas... Sua Alteza! Vocês- Ele... Quando? – ele olhou de um ao outro, sem saber bem a quem ou o quê perguntar.

— Se você não sabe... – Mu Qing começou, a voz falhando um tanto, então respirou fundo e recomeçou – Se você não sabe, Feng Xin, é porque não faz diferença na sua vida.

Algo na forma como a frase foi dita, ou talvez na expressão alheia, alertou Feng Xin sobre estar muito perto de ultrapassar um limite. Ele pressionou os lábios, sabendo que, por hora, era melhor não dizer nada, então concordou em um aceno. Conhecia Mu Qing a tempo o suficiente para saber sobre o quê e até que ponto brigar. Aparentemente, aquele era um ponto que ele não tinha o direito de falar sobre. Entretanto, a sensação em seu peito ao ter aquela informação incomodou mais do que qualquer coisa em todos os seus oitocentos anos de brigas com Mu Qing.

mu qing não é bvOnde as histórias ganham vida. Descobre agora