prólogo

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notas: Não sei o que deu em mim, mas resolvi escrever essa versão um pouco diferente da original de Roma & Julio. Não perdi o hábito da escrita em momento algum nos últimos cinco anos. Naturalmente não escrevo da mesma forma que escrevia. Não fazia sentido para mim adaptar todas as cenas como um roteiro, então o que aconteceu foi que acabei reescrevendo toda a ideia principal para caber na nova narrativa. São os mesmos personagens, sim, expostos a condições diferentes.

Em outras palavras, é assim que eu escreveria hoje Roma & Julio.

Obrigado por tudo. É loucura ver que as leituras em R&J só aumentam. Não me lembro de escrever metade daquelas coisas.

(# abo, harry ômega, louis alfa)

..

O principal catalisador para Harry escolher um assento no auditório e assistir ao ensaio da peça de primavera após seu turno não teve nada a ver com Louis. A sala dos professores sempre é congestionada e a máquina de moer grama cismava bem ao lado da janela de sua sala hoje, então essa foi a escolha de última hora que mais fez sentido para distribuir as notas do exame antes de voltar para casa. Ir para casa é um desperdício de energia; após quatro anos de trabalho com alunos do fundamental, achar concentração no silêncio acaba sendo desafiador.

Então, muito resumidamente, nada disso tem a ver com Louis. No entanto, não surpreende Harry que Louis faça isso sobre si mesmo. De um jeito ou de outro.

Harry negligencia o conceito de Louis como um todo por tempo suficiente para remeter sessenta por cento do feedback em notas para o sistema, e Louis opta por estar ao lado de Harry na última fila, apesar do fato de que todos os assentos estão igualmente vazios. Só porque ele é um pé no saco. Harry abre uma tigela para encarar o seu sanduíche saturado com manteiga de amendoim e dá uma mordida. A tigela logo vai de encontro ao apoio de braço do assento, porque Harry a quer lá. "Nem pense nisso," Harry implica uma ligeira ameaça a Louis, e isso sem olhá-lo sequer de relance. Apesar de tudo, muito cordial. Ele é um homem gentil. Louis ainda é um colega de trabalho. "É o meu almoço."

"Não esquenta a cabeça. Eu trouxe o meu." É a resposta de Louis, com forte sotaque francês, capturando o olhar de Harry como uma isca para a boca de um peixe. Harry espia desta vez, disfarçadamente, enquanto Louis faz uma exibição ao tirar um embrulho de burrito para fora da mala do tamanho professor-de-teatro. Harry franze a testa. Isso é realmente raro. Ele tem relutantemente alimentado Louis com metades de suas guloseimas nos últimos dois meses, e agora Louis tem a própria comida? É raro e meio esquisito. Não é ruim. É muito bom. Mesmo. É como uma aurora boreal entrando no dia insosso dele. Harry observa a primeira mordida de Louis, sem palavras, e então volta sua atenção para o computador. "Você quer?"

"Não." Harry dá de ombros. Mas então. "Por quê?"

"É parmesão e atum. Muitas folhas também. Eu sei que você gosta dessa bobagem." Louis se inclina sobre o braço da cadeira como minhoca, esticando o burrito para flutuar abaixo do nariz de Harry, infantilmente. A música no palco para de tocar. As crianças começam um torvelinho de desordem. Alguém arremessa a meia do pé na cabeça de alguém. Ou algo parecido com isto. É o suficiente para dispersar Louis e levá-lo a ralhar uma bronca. "Teodoro, pegue de volta a meia. Quero ver a cena novamente. Do começo. Vicky, não quero ouvir mais risadas atrás da cortina. Você vai acabar tirando a concentração do grupo inteiro."

"Desculpa, Sr. Tomlinson." Uma garota ômega com galochas roxas aparece na extremidade esquerda do palco. Ela não parece ter mais de quinze anos e suas mãos estão entrelaçadas em uma súplica exagerada. Ela é genuína em cerca de um terço de todo esse arrependimento. Uma coisa que Harry aprendeu em suas visitas ao auditório é que as crianças do teatro vivem no estado perene de drama. "É que a Amanda não para de me fazer rir."

"Par Dieu. Você e Amanda podem diminuir um pouco o tom. Aonde está o seu bigode de ensaio?"

"Ah, bem. Meu bigode de ensaio, Sr. Tomlinson?" Vicky espreme as pálpebras e balança sobre os próprios pés. "Minha mãe deixou cair no café dela hoje cedo."

"Temos que conseguir um novo para você. Do início, todos. Roma, encontre a sua marca. Todos preparados?" Louis cai de volta no assento. Ele parece mais calmo agora, triturando um pedaço de burrito nos molares, o enviando para bochecha como um esquilo. "Sete, oito. Ação."

O ensaio da cena desdobra-se no palco.

"Uau. Você está irreconhecível." Harry comenta quando encontra o olhar de Louis sem piscar. Louis parece um pouco estranho de alguma forma. Quando ele não responde, Harry pega seu próprio lanche barra almoço, pressiona aos lábios e tenta dar continuidade a sua onda de produtitividade, dedos indo ao teclado. "Repreendendo os alunos e trazendo o próprio almoço? Você é um novo homem. Parabéns. Eu acho."

"E por que, se você não se importa que eu pergunte, você cheira a aborrecimento quando diz isso? Não é tão divertido quanto você pensou que seria?"

"Eer, na verdade é sim. E você não pode começar com isso de me farejar outra vez." Harry detesta quando ele faz isso. Ele detesta tanto. Nenhum ômega gosta de ser farejado assim. Isso é como age um alfa arrogante e difícil. Enxerido também. Louis gosta de ser um pouco de cada de vez em quando. Pior ainda, Louis ocasionalmente se comporta como se Harry gostasse. Harry franze a testa novamente, como costuma fazer quando está perto de Louis. Ele suspira. "Isso não tem nada a ver com você. Ouviu? É todo esse trabalho que ainda falta. Não consegui grudar os olhos essa noite. Me sinto exausto."

"Coma então. Você vai precisar de energia."

"Não me diga o que fazer." Harry resmunga em tom de birra antes de fechar a aba do computador para se concentrar apenas no almoço. Ele merece, não porque Louis latiu sinais como um capitão em campo. Mas ele não pode negar que o corpo ômega dele se apega mais aos feromônios do que sua mente consciente. Neste momento, Louis emana uma alusão à grandeza, e a poder também. Harry bufa. "Mas que é que você tem?"

"É aquela época do ano de novo."

"E que época é essa?"

Louis faz uma cara perplexa, tentando interpretar alguma coisa. Louis também hesita. "O seu relógio não funciona?"

"Que relógio?"

"O biológico." Louis responde, inexpressivo. "As suas pílulas são tão boas assim? Você não percebe? É quase março. Já é temporada de reprodução."

Ah. Isso. "Claro. Temporada de reprodução." Harry deixa o restante do sanduíche de lado. "Eu já sabia. Seu cio de alfa está vindo, então você é o King Kong segurando uma Jane no parapeito de um prédio. É isso?"

"Quase isso." Ele sorri, contido, quase relutante. Por um instante ele chacoalha a cabeça, então Louis aborda o burrito em direção aos lábios entreabertos de Harry. "Ça m'aide. Coma mais. Meus impulsos de King Kong são acionados quando eu vejo um ômega indisposto."

Idiota. Harry revira os olhos, mas experimenta um pouco de qualquer maneira. É cortesia. É como deve ser. É a natureza falando mais alto. Ele não é grosso quando afasta o braço de Louis e volta sua atenção para o ensaio, mas é claro que Louis— dramaturgo do jeito que é— faz bico à toa. "É o suficiente."

"Tem certeza?"

"Não enche o meu saco."

..

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⏰ Last updated: Apr 05 ⏰

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