Como não percebeu?

Ela começou a juntar suas coisas, enfiando na bolsa que trouxe. Quando estava pronta pra sair do quarto, Jason entrou.

— o que...? — ele olhou pras coisas bagunçadas e pra bolsa na mão dela, a outra segurando uma folha com força. —  aonde vai?

— eu preciso ir.

Ele se aproximou confuso, seu interior revirando.

— pra onde? Você disse que não ia, você disse — ele começou mas ela o cortou.

— Jason! — chamou mais alto quando percebeu que ele ia começar a trazer tudo de volta. Ele a olhou confuso, os olhos ardendo. — não podemos ficar aqui.

— como assim? Layla, do que tá falando?

Ela largou a bolsa no chão.

— aqui não é seguro. Não é seguro pra mim, não é seguro pra você, nem pra ninguém.

— o que quer dizer?

Ela engoliu seco.

— vou embora Jason.

— o que? Não, mas você... Você disse que não ia — ele se aproximou tocando os braços dela. — disse que não ia me deixar.

— eu preciso.

Ele a olhou confuso.

— preciso fazer isso.

— é por causa do que você viu? É isso? Teve outra alucinação? É por isso?

Ela negou, seu coração apertando ao ver os olhos dele marejando.

— não são alucinações Jason, são visões.

Ele franziu o cenho, cada vez mais confuso.

— quando eu tinha sete anos, minha mãe teve uma visão. Deixamos meu pai naquela noite. E agora, naquela sala, eu tive a mesma visão.

— o que era?

Ela franziu os lábios, desviando o olhar por um momento.

— me fala! Para de esconder as coisas de mim! — ele aumentou o tom e apertou as mãos nos braços dela.

— eu morro nessa visão Jason — ela ergueu a cabeça e o olhou, sentindo o aperto diminuir. — de vez. Sem volta.

— e como... Como você ir embora resolve?

Ela tocou os braços dele.

— preciso de ajuda e não vou encontrar aqui, porque ninguém aqui faz idéia do que está por vir.

— então fala. Fala pra eles! Porra, é só contar!

Ela negou e se afastou dele.

— eles não podem fazer nada! Você não entende.

— como vou entender?! Você não me conta! — ele gritou.

Ela se aproximou dele, seu nariz franzindo em irritação, seus rostos estavam muito próximos, conseguiam sentir a tensão irradiando de seus poros.

— acha que vai entender se eu contar? — ela rosnou e ele apertou as mãos em punho ao lado do corpo. — você chamou a Rose e a Rachel de aberração. Se soubesse a verdade, iria me chamar de coisa pior.

— você é diferente.

Ela riu e se afastou, lambendo os próprios lábios.

— eu sou? Porquê você é apaixonado por mim?

Ele engoliu seco.

— você acha que o que viu aquele dia foi tudo? Aquela era a injeção mais fraca.

— eu não ligo.

Ela balançou a cabeça, mordendo o lábio.

— eu ligo. Quer ver o que a Rachel viu quando entrou na minha mente? — ela se transformou em um segundo, seus olhos ficando vermelhos e as veias aparecendo em seu pescoço, ela sorriu daquele jeito maníaco. Jason piscou os olhos e ela estava na frente dele, o fazendo ofegar de susto.

Ela se afastou e voltou ao normal quando viu o medo em seus olhos.

— por que acha que queriam tanto me matar? Por que acha que tivemos que deixar meu pai? Que tivemos que nos separar? — ela riu e ele engoliu em seco de novo, a primeira lágrima descendo. —você deveria ficar longe de mim Jason. A destruição persegue a minha família.

— eu não ligo — ele se aproximou, ignorando o breve medo que sentiu. — porque eu te am — ela o interrompeu.

Colocou a mão na boca dele antes que ele pudesse completar, deixando o lado emocional de lado.

— não... Não torne isso mais difícil.

Ele tirou a mão dela de sua boca, a segurando entre as suas.

— por favor.

— sinto muito — ela afastou a mão dele e pegou a bolsa no chão.

— é sério que vamos terminar assim?

Ela parou perto da porta, de costas pra ele.

— por causa disso?

— tchau Jason — ela saiu do quarto e fechou a porta. Ela respirou fundo e foi até a sala onde Dick estava.

— não gosto dessa expressão — ele se levantou e se aproximou, cruzando os braços. — pra que a bolsa?

— tô indo embora.

Sua postura corporal mudou automaticamente.

— indo embora? Por que?

— preciso resolver uns problemas. Escrevi tudo — estendeu o papel e ele o pegou. — pode ligar pra esse número se precisar de algo.

— e o Jason?

Ela desviou o olhar e ele logo entendeu.

— as coisas vão ficar difíceis sem você.

— vocês superam — ela sorriu e se afastou, parando e o olhando por um momento. — não foi sua culpa. Não importa o que eles digam, não foi sua culpa Richard.

Ele a olhou.

— esconder certas coisas é necessário, mas a verdade sempre aparece. Me liga se precisar de ajuda pra lidar com ela.

— você também.

Ela sorriu e saiu da sala, seguindo pelo corredor e parando na porta de seu quarto, podendo ouvir o som de choro. Engoliu seu próprio choro e continuou andando, assim que passou pela sala, os presentes alí a olharam confusos.

— aonde tá indo? — Gar perguntou.

— tem uma coisa que preciso fazer.

— sozinha? — Rachel perguntou se aproximando.

— é assunto meu. Dick vai me ligar se precisarem de mim. — ela ia se afastar mas voltou, olhando pra Rachel. — você não é uma aberração, uvinha. Não dê ouvidos pra ele.

Rachel sorriu e a assistiu entrar no elevador. Assim que ele desceu o silêncio recaiu sobre a sala, eles se assustaram quando ouviram barulho de vidro quebrando.

— é o Jason — Rachel avisou e eles suspiraram.

— ele vai ficar insuportável sem a Layla — Gar resmungou.

— acho que eles terminaram.

Gar gemeu em frustração.

— é, ele vai ficar insuportável.

[Revisado]

RED, Jason Todd - NVWhere stories live. Discover now