prólogo

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Ninguém escolheria ser uma mulher em uma mundo como este... Um mundo em que nunca ousariam imaginar, um mundo feito para elas, em que elas ditavam as regras, em que pegavam o que queriam, em que não tinham medo.

Elas se esconde, não porque querem, mas simplesmente porque isso é o que aprenderam, que é a coisa mais segura a fazer quando não se sentem seguras.

A tecnologia se desenvolveu rápido, junto com a ambição do homem, e assim veio a guerra. O aumento do nível do mar e a falta de recursos obrigaram a humanidade a procurar por novas formas de sobrevivência.

O número de guerras aumentou no mundo todo. Depois da destruição que houve anos atrás, podia-se acreditar que as pessoas aprenderiam  e reconstruíram um mundo melhor.

Foi muito pelo contrário. 

Começou com a mudança do clima, os que a negavam sabiam o motivo e ainda assim nós condenaram com suas mentiras. A Terra foi pega de surpresa e a guerra deixou a terra ainda mais quente, o gelo derreteu e todas as espécies sucumbiram.

Os homens da ciência tentaram reverter o dano que haviam causado mas não conseguiram encontrar uma solução.

Agora é a hora da humanidade pagar o preço. 

Desastres naturais, desenvolvimento industrial exorbitante e guerras infinitas pioram o ambiente ecológico global. As doenças e a fome dominam o mundo. O ar está repleto de altos níveis de toxinas. Oceanos com mais plástico do que peixes, tempestades solares, queimadas naturais repentinas.

Muitos bebês nascem com doenças terríveis, bebês que morrem porque os pais não têm um centavo pra comprar remédio. Meninas que são vendidas pra quitar dívidas familiares.

Era o fim de uma noite suave, as estrelas já desapareciam. Algo bom ainda surgiria de todas as coisas. Ao nascer do sol todas as moradoras de Saorsa Virago acordavam cedo ao nascer do sol com os gritos de uma mãe, que via o mundo exalar lentamente a respiração que está prendendo desde a noite passada, ouvia a cantiga que toca seu coração. Estava ciente do fato de que recebeu uma nova chance, um privilégio. Um novo dia, uma ressurreição de esperança.

O grito dela faz com que passarinhos até então sonolentos levantem voo e o barulho ecoa ao longe. Era uma manhã gloriosa, as cuidadoras acariciam o rosto e a pele das costas da mãe, que gritava como se estivesse se preparando para uma guerra. Respiravam junto com ela, a abraçavam, seguravam sua mão, masssageavam seus ombros nus enquanto ela dava a luz a sua primeira filha. A missão dessa noite é perigosa, e elas não podiam correr o risco de se esquecer disso nem por um momento.

O cheiro de lírios selvagens que começou a enlouquece-la pouco a pouco. Como se o objetivo fosse mesmo deixá-la desorientada. Estava rodeada de mulher mas se sentia sozinha, afinal só poderia fazer aquilo sozinha. Não havia canção ou ritual que a livrasse daquele sofrimento. Por cima de tapetes de várias corres ela se contorcia e se mexia até encontrar uma posição confortável, o que temia não ser possível.

Willow, suada e suja, inclinava-se para a frente e para trás girando o pescoço antes de soltar mais um grito de força, ou clamando por ela.

A mãe sentia uma presença estranha, como se alguém não deve-se estar ali, tudo se torna mais complicado, a respiração, as dores. Algo a impedia de prosseguir com sua função natural.

Alyosha entra na tenda, sua presença por si só é intrigante, seu rosto é marcado por rugas. Seus cabelos acizentados estavam trançados e presos em um coque na nuca. As outras abrem espaço para ela passar, a qual se aproxima e põem as mãos no rosto de Willow, ela encosta sua testa na dela e cochicha palavras de coragem:

Amazonas do Apocalipse: Mulheres Resilientes em um Mundo Pós-ColapsoWhere stories live. Discover now