Filmagens

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Pov Luna.
Eu estava pronta, com o corpo apoiado na ilha da minha cozinha, com Harriet em minha frente com o notebook aberto lendo alguma coisa que não prestei atenção direito. O celular tocou e ela atendeu, resmungou alguma coisa, que novamente não prestei atenção, e desligou.
— Hm? — perguntei porque senti que era pra mim, ou sobre mim.
— Ensaios cancelados hoje, Jess teve um imprevisto e não vai conseguir ir. — levantei uma sobrancelha.
— Espero que o imprevisto não seja eu. — muito dos acontecimentos nos sets de filmagem eu acabava contando para Harriet, por ela ser minha assessora a anos acabamos criando uma amizade, mesmo que não sejamos melhores amigas, então acabou de eu contar sobre a “briga” que tivemos noite passada para ela, bem por cima, é claro.
— Acredito que ele deve ser profissional, e que não iria cancelar por conta de um simples desentendimento. — disse fechando o notebook e colocando ele na bolsa.
— É. — bati a unha na caneca que estava largada na ilha. — Viajei nessa. Fiquei pensando muito sobre.

Harriet tinha ido embora e eu tinha me jogado no sofá para aproveitar o dia de folga assistindo algum filme, ou fazendo qualquer outra coisa. Mais ou menos 1 hora depois do cancelamento dos planos de hoje meu celular tocou, era Adam.
— Oi! — atendi com um tom alegre.
— Boa tarde! Tá ocupada?
— Não, fiquei sem nada pra fazer. — não precisava especificar sobre o que eu estava falando porque eu saberia que ele entenderia.
— Pois é… Tava querendo saber se você, sei lá, quer sair tomar um sorvete comigo? O clima está bom hoje.
Pensei em rejeitar, preferia aproveitar no conforto da minha cama vestindo um pijama e comendo tudo que eu tivesse vontade. Mas eu aceitei.
Em meia hora eu estava ao lado dele andando pelo Lake Como Park, segurando casquinhas de sorvete e rindo de piadas sem graça. O que não era totalmente ruim porque o clima realmente estava bom, o céu estava lindo e o sol brilhando, porém não forte para dar um colar enorme. Decidimos sentar embaixo da sombra de uma árvore apesar disso. Sentei primeiro e depois ele veio, ficando bem próximo a mim, sua mão descansando no tecido do meu vestido que caia no chão.
— Sabe de uma coisa?
— Hm? — perguntei resmungando enquanto lambia o sorvete dos meus lábios.
— Não sei se você aceita fazer as coisas comigo porque não sabe dizer não ou se realmente quer fazer algo. — engulo em seco com o choque do que tinha acabado de ouvir. Só lembrei de responder quando uma gota do sorvete escorreu pela minha mão e me trouxe de volta.
— Não, não. Não tenho dificuldade nenhuma em dizer não. Eu gosto da sua companhia, por isso eu sempre digo que sim.
Tudo que eu disse era verdade, mas depois que saiu da minha soou estranho como se não fosse.
Ele deu um sorriso para mim, quase competindo com o sol para ver quem brilhava mais.
— Não confio em você.
— Não entendi.
— Eu tenho a impressão que tudo isso que você fala não passa de uma mentira pra fazer eu não me sentir mal. — abri a boca para falar algo, mas ele voltou a falar antes. — Mas sinceramente? Não ligo.
— Ah. — única coisa que saiu de mim naquele momento, mas não precisei falar mais nada porque no exato momento um rosto mikro conhecido passou correndo na frente de nós, e eu não fui a única a reparar.
— Jess? — Adam chama, e ele olha em nossa direção, parando de correr aos poucos enquanto isso. Estava usando um fone de fio (tal qual os incas e maias) e tirou um dos lados deixando cair o fio. Usava uma blusa preta colada ao corpo e calça de moletom. De repente senti a necessidade de desviar o olhar.
— Ah, oi.
— Tá correndo por aqui? Você não tinha um compromisso? — Jess coçou a nuca e parou os dois braços numa posição de descanso no quadril.
— Sim. — reparei no seu dedão rodando o anel que ele usava no dedo anelar.
— Entendi.
— É.
Um clima entre os dois pairava no ar, eu não sabia o que fazer então só fiquei quieta como se eu não estivesse ali.
— Não sabia que vocês dois eram amigos.
— Ficamos por conta dos papéis. — Adam disse amigavelmente, como sempre fazia, mas eu sentia que tinha algo errado.
— Ah, sim. Ficaram bem próximos, né? Tô vendo. — seus olhos travaram nos meus, alguma coisa por trás deles que eu não conseguia desvendar. Talvez eu não estivesse viajando, afinal, e que o tal compromisso na verdade era o simples fato de não querer me ver. — Enfim, tenho que ir, vejo vocês amanhã.
Só percebi que estava prendendo minha respiração quando ele saiu e eu finalmente soltei ela. Acho que ele ficou uns 5 minutos parado na nossa frente, mas o clima estranho fez com que parecesse muito mais.
Depois que ele foi embora, continuamos conversando como se nada tivesse acontecido, apesar de que no fundo da minha mente estava presa no clima estranho da situação. Não que seja anormal algo assim acontecer, mas eu sentia que tinha algo a mais.

Suburban LegendsWhere stories live. Discover now