04 "Consequências"

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Chegando ao hospital, o Doutor que cuidaria do meu caso, me explicou tudo o que estava acontecendo com o meu corpo. O meu câncer já estava em um estágio muito avançado.

Infelizmente ele vinha agindo de forma silenciosa em mim todo esse tempo, e só agora o meu corpo começou a me alertar sobre isso.

A única opção que eu tenho é, realizar uma quimioterapia, para atrasar o quanto puder a minha morte, e sinceramente? Não sei se gosto dessa ideia. A outra opção seria operar, em uma tentativa de retirar quase por completo o meu tumor, mas essa alternativa meus pais dispensaram logo de cara, pelo fato de que, se não der certo, eu morreria na própria sala de cirurgia.

Viver sabendo que a qualquer momento eu posso morrer. Quer dizer... Vivemos a nossa vida, sabendo sempre que podemos morrer a qualquer hora, mas nesse caso, eu sei que eu estou morrendo, então é totalmente diferente.

— Não sei se quero enganar a morte. — Confesso, olhando pela janela.

— Filho... Por favor, não faça isso comigo...

É claro que seria doloroso para eles, perder um filho tão jovem, mas garanto que não está nada bom para mim também. Minha cabeça está em pane desde que eu soube sobre essa doença.

— A decisão é sua Joe. — O médico fala ao meu lado.

— Com uma condição.

— Qualquer coisa, peça qualquer coisa, filho.


•••


E

na semana seguinte, minha mãe me deixou na porta da escola, como de costume. Com a descoberta dessa doença, eu deveria focar sem por cento no tratamento, mas que se dane, eu irei morrer de um jeito ou de outro, e se eu tiver que escolher, não será internado em um hospital.

Após o início da aula, vejo Lysandra passar pela porta, e com os olhos ela varre a sala, a procura de alguém, e notando que ficaria sem dupla, ela indaga ao professor.


— O Mallory está sem dupla, junte-se a ele. — O professor lhe responde, fazendo-a olhar para mim.

Não se pode mais querer ficar sozinho. Tinha que ser justo ela?

Notavelmente desconfortável com a situação, Lysandra caminha até o Fundo da sala, onde eu estava e se senta ao meu lado.

— Me passa aquele frasco? — Ela pede, me tirando de meus pensamentos.

— Pega. — Respondo, sem olha-la.

Desde ontem eu não tenho conseguido focar em nada, minha cabeça está fodida assim como eu.

— Se eu alcançasse não estaria te pedindo. — Mais uma vez ela abre a boca, me irritando.

Com um pouco de paciência que ainda tinha, passo para ela o maldito frasco. E depois de alguns minutos de aula, já podia sentir meu estômago embrulhar, e minha cabeça começar a girar.


Maldição!

Me levanto rapidamente, e em passos largos, saio da sala, indo direto para o banheiro, e depois, para a enfermaria.

Quimioterapia de merda.

A semana inteira foi assim, sempre tendo que sair das aulas para vomitar ou para a enfermaria. As semanas aqui não têm sido agradáveis, mas nada seria pior do que ter que ficar em casa, ou no hospital deitado.

— Cara, os pais de Bred viajaram, ele está afim de fazer uma festinha só para os íntimos.

— Não, valeu. — Respondo, enquanto nos servimos no refeitório.

— Quando você ficou tão careta? — Agatha diz, revirando os olhos.

Ir ao colégio tudo bem, mas em festas já era demais para mim, levando em conta que eu nem poderia beber.

Ao caminhar até uma das mesas, sinto toda a força que eu tinha nos braços se esvair, fazendo com que eu deixasse a bandeja que segurava cair no chão.

— Está tudo bem, Joe? — Paul segura em meu braço.

Vejo a atenção de todos se virarem para mim, e isso me deixou ainda pior.

— Não toque em mim, porra. — Me afasto do toque de Paul, saindo do refeitório irritado.

Devo estar pagando por tudo de ruim que já fiz.

Antes Que Tudo Acabe - JoeWhere stories live. Discover now