⭑1

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01 ✦ Premonição.

O conjunto de casas foi evacuado rapidamente antes que a chamassem. Um aglomerado de criaturas olhavam meio curiosas e meio assustadas tanto para ela quanto para o prédio em ruínas. Alguém conseguia morar ali? Até mesmo algumas janelas faltavam, sem falar no monte de sucata e móveis abandonados.

A garota andou em passos largos evitando aqueles que pareciam estar prestes a jogar seu desespero por meio de palavras. Decidindo não ter tempo para tranquilizar ninguém, essa não era sua utilidade aqui. Um cachorro marrom preso por uma corrente em um pilar velho latia continuamente para o lugar. Talvez estivesse avisando desde cedo, mas não lhe deram atenção. Animais desse tipo sempre sabem com antecedência.

No corredor empoeirado, ela encontrou a casa dos Farrows assim como haviam dito. Um grupo rondava uma elfa de idade avançada que chorava incessantemente. Seus cabelos grisalhos estavam emaranhados em um coque, os outros, suponho, eram o restante da família. Limpou sua garganta antes de chamar.

— Senhora Farrow.

Eles levantaram a cabeça para encará-la. Um elfo rosnou, sem esconder o desprezo e as presas.

— Quem chamou a bruxa?

Cruzou os braços. Era óbvio, pensou, Ela tem que parar de fazer isso sem avisar os outros.

— Onde está? — Questionou olhando pela fresta da porta.

Um deles de cabelos escuros curtos bloqueia sua visão com o corpo. Asteris suspirou com irritação. Isso sempre tem que acontecer? Essa gente não poderia, quem sabe, lhe dar uma trégua uma vez sequer? Ele a analisou, desde suas orelhas pontudas até as botas vermelhas que ela havia polido essa manhã com ajuda de instruções em um jornal. Cada centímetro sendo presumido de uma forma completamente desconexa da realidade.

Encarou-o de volta quando ele cruzou o olhar com dela outra vez.

— Vai ser assim? Bem, se for, pode se divertir com ele. Não vai ser mais problema meu.

— Não pedimos sua ajuda.

Riu soltando um suspiro.

— Então só posso desejar meus pêsames.

— Opa.

Uma voz diferente, atrás da garota, interrompeu a conversa e foi se aproximando. Silver passou o braço por cima de seu ombro e apoiou a cabeça nele. O homem deu um passo para trás parecendo desconcertado.

— Asteris é por isso que eu digo que você tem que sorrir mais. — A mulher de cabelos prateados apertou a bochecha dela.

Estava com seu terno vermelho, o cabelo em um corte extra curto fazendo cócegas no pescoço de Asteris, os brincos de ouro reluzindo. Ela se aproximou do homem e começou uma explicação sobre seus "funcionários".

Asteris trocou o peso do corpo de uma perna para outra, puxando sua luva com afinco enquanto eles ainda a olhavam desconfiados, bem como fazia toda vez. Já fazia 3 anos trabalhava com Silver e o serviço de faxina e toda vez Asteris precisava da ajuda dela. Ela tinha certeza de que os outros funcionários não passavam por isso.

— Posso apostar minha vida e minha fortuna nisso, ela não vai fazer mal. Além disso... — Inclinou-se falando mais baixo — Não está em posição de fazer exigências, estou certa?

Ele engoliu seco. Motivos para não se envolver com gênios do submundo: eles não vão esquecer que você deve algo. Asteris sabia disso muito bem.

— Será que finalmente posso entrar ou vai ficar muito difícil de trabalhar hoje?

Maldições das SombrasWhere stories live. Discover now