A verdade que Becky considerava incontestável era a traição de seu marido. Foram seis tentativas anteriores, todas interrompidas antes do quarto mês de gestação. Ela recordava com angústia o nascimento forte e saudável de sua pequena Ava, seguido por uma morte súbita inexplicável. Os demais bebês sequer chegavam ao quarto mês, alimentando sua paranoia e impaciência. Dez anos de casamento e ainda nenhum sucesso, enquanto as compras no cartão do marido continuavam a acumular.

Determinada a descobrir a verdade, Becky não hesitou em contratar um detetive particular. Foi ele quem trouxe a extensa lista de despesas do cartão do marido. O som da porta do carro anunciava que era hora de encenar. O jantar estava pronto, a casa arrumada. Becky esperava, desejando pelo menos obter alguma resposta por conta própria. No entanto, toda vez que se entregava aos braços de seu grande amor, esquecia tudo e se odiava depois.

— Keeiran, meu amor? — Ele murmura algo enquanto escova os dentes no lavabo. — Você gostou da janta?

— Estava uma delícia, mas eu não pude saborear muito, estou exausto, o trabalho foi muito pesado hoje! E o seu dia, como foi?

— O de sempre, quieto e sem graça! — Ela diz fitando o vazio.

— Pois é, eu notei as garrafas de vinho... — Ele diz apagando a luz do lavabo.

— Ah, não enche, vai — Becky se chega perto dele na cama e o abraça por trás — Eu precisava me divertir um pouco.

— Becky, você sabe que não pode misturar bebida com remédio, isso é perigoso, eu me preocupo com você. — Ela solta um "Ah" numa gargalhada irônica, Keeiran a encara sério — Eu também vi o teste — Ela o olha assustada. — Não gosto de te ver sofrendo assim.

— Sofrendo como? — Ele se afasta indo para o seu canto na cama — Querendo ter um bebê com você?

— Becky...

— É só isso que eu quero, Keeiran, um bebê do homem que eu amo! — Ele a puxa para um abraço.

— Nós vamos conseguir!

— Será? Eu já não tenho tanta certeza — Becky se desvencilha, ele se aproxima beijando seu pescoço.

— Só precisamos ter paciência! Só isso. — Era o que Keeiran dizia, mas será que era o que ele pensava?

Sempre que sua mulher sofria um aborto, a voz da velha senhora ecoava em sua mente. Seria a maldição lançada pela velha Baba Yaga? Em toda aquela vila, uma das anciãs que sempre sabiam o que a floresta e seus habitantes desejavam, Keeiram havia feito isso com a mãe de Becca, e isso foi considerado uma maldição. 

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Becca

Morar em no meio de uma floresta tem suas vantagens, uma delas e não sentir tanto calor como eu estava sentindo ultimamente, era inacreditável olhar para as aquelas pessoas e elas estarem seguindo sua vida normal enquanto eu estava nadando no meu próprio suor. Mas tudo foi resolvido quando minha vó disse que havia um córrego perto de casa. Agora eu e Megan estamos voltando, um pouco tarde da noite, pois acabamos conversando e brincando de mais lá, acompanhada de Achis que também foi se refrescar no córrego junto a nós. Com Achis amarrado ao quidão da minha bicicleta, pedalávamos de um lado para o outro enquanto riamos e brincávamos vendo aos poucos o sol deixar o céu e as estrelas aparecerem, a nossa sorte era a luz que havia nas bicicletas mesmo fracas elas eram eficientes, mas não precisávamos nos preocupar muito, pois as primeiras casas da estrada de chão já estavam aparecendo.

—Ah! — Megan para pouco antes de nos aproximasse-mos das casas. Olho para ela que esta olhando para o céu ainda em cima de sua bicicleta.

— Oque foi ? — Olho para o céu aonde todas as estrelas apareciam majestosamente se misturando com as constelações

Vagalumes de SalémWhere stories live. Discover now