diz pra mim.

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Rio de Janeiro, 19 de maio de 2024.

- Lu, já tá pronta?

- espera, tô acabando o delineado.

- a gente vai se atrasar, e minha mãe não tá no melhor momento dela hoje.

- porque dormimos juntas em dia de semana?

- é.. mas você sabe que não me importo, só tô avisando.

- com certeza eu vou ouvir muito quando chegar em casa também.

- não vale a pena?

Terminei o delineado, passei um gloss da minha namorada em minha boca, e fui de encontro a mesma, que estava sentada em sua cama completamente bagunçada ainda, Valentina esta cada dia mais linda, se é que é possível.

- claro que vale a pena, levar bronca por passar mais tempo com você sempre vale a pena.

Ela me deu o sorriso mais lindo do mundo, daqueles que deixam seus olhos quase fechados, roubei alguns selinhos da mesma, mas rapidamente descemos do seu quarto, dando de cara com minha sogra emburrada.

- bom dia sogrinha mais perfeita do mundo inteiro.

- nem vem com essa carinha de sonsa, vocês duas.. não sei mais o que fazer.

Fernanda me deu um beijo na testa, e outro em Valentina, e logo saiu em direção a garagem, eu e minha namorada trocamos olhares mas logo a seguimos caladas.

- deixe estar dona Fernanda.

- eu tento não ser chata, mas vocês duas não me ajudam, quantas vezes vamos repetir?

- qual a diferença mãe?

- os estudos Valentina, a semana você, vocês precisam focar nos estudos! Já não basta se verem no colégio e ficarem juntas os finais de semana?

- não, não basta!

- aceitamos o relacionamento de vocês com todo carinho do mundo, mas existem regras, e já é a segunda vez que vocês quebram isso só esse mês!

Entramos no carro e colocamos o cinto, Fernanda continuava a falar, nesse momento minha namorada já estava distraída vendo algo no Instagram, que já me despertou curiosidade.

- desculpa tia Fe, estávamos fazendo um trabalho importante, acabamos tarde, eu não quis incomodar vocês, ou pedir pro meu irmão, acabei adormecendo..

- deveriam ao menos ter nos avisado.

- e isso ia mudar em algo? Ela iria dormir na minha cama da mesma forma.

- Valentina! Belisquei a mesma de leve, eu estava tentando contornar uma situação, e ela não ajudava nem um pouco.

Eu também não entendo. A nossa família se conhece de uma vida inteira, meu pai e o pai da minha namorada, são amigos de infância e ergueram a primeira empresa de ambos juntos, assim como nossas mães que  se conhecem antes mesmo do nosso nascimento.  

Valentina e eu crescemos juntas, sempre formos grandes amigas, bom, até meus 14 anos de idade, quando percebi que o meu carinho por ela, era diferente pelo carinho que sinto pela Júlia, ou pela Isabella, minhas melhores amigas.

Eu sentia frio na barriga todas as vezes que ela me sorria, eu ainda sinto, mas agora, não é tão destrutivo, agora é reconfortante, porque ela é minha namorada.

Levei quase um ano pra entender o que eu sentia, e pra me entender, assim como ela, que mesmo sendo mais bem resolvida que eu, também passava por mudanças.

Assim que o primeiro ano acabou, Valentina viajou para casa dos seus avós, revendo amigos e lugares, passou todas as férias por lá, nos falávamos quase todos os dias, e quando isso não acontecia, era como sentir meu coração ser apertado com suas próprias mãos. Era angustiante.

caos e flor.Where stories live. Discover now