capítulo 9

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“ corações despedaçados, não são restaurados”

Angélica Ely.

15:27 PM

Aperto o gancho do guarda chuva com meus dedos. Meus lábios se tornam trêmulos cada vez mais que decido guardar o choro pra mim mesma.
A terra se torna cada vez molhada abaixo de minhas sapatilhas preta retrô.
Coloco uma mão no bolso do meu casaco.
Levanto a cabeça e vejo pessoas chorando diferente de mim. Lamentações, perdões.
Pessoas sussurrando.
Não gosto de enterros.

Caminho em direção ao caixão e depósito minha mão em cima dele.
— desculpa papai..- me desculpo diante de seu cadáver, deixando as lágrimas cairem dessa vez.
O guarda chuva se desprende de minha mão fazendo a chuva me molhar enquanto choro por cima de seu corpo.
—desculpa não ser sua filha perfeita.
—desculpa por não ser o suficiente.
—desculpa.
Me deito sobre ele e meu choro fica cada vez mais alto.
— eu te amo.. - sinto grossas lágrimas escorrerem pelo meu rosto vermelho.

Porque foi tão difícil assim deixa-lo? Ele me desprezou a vida inteira, sempre me recusou um abraço, mas eu o amo.
Eu o amava profundamente. Não me importa se ele era meu pai adotivo.
Ele ainda sim seria meu pai.
O homem que deveria ser meu melhor amigo, mas acabou de tornando meu maior inimigo.

Vovó mãe de meu falecido pai, vem lentamente até mim com um lenço em seu rosto para conter suas lágrimas de tristeza.
Seus cabelos loiros estilo anos 80 estavam bem armados.
Seu vestido preto de renda veio acompanhado com um fino casaco da mesma cor , abotoado a frente de seu peito.

—Anjel... Eu sei que está sendo difícil pra você nesse momento tanto quanto tá sendo pra mim agora. - sua expressão diante de mim que antes era triste, se tornou cheia de ódio perante a mim.

Ela se aproximou de mim e posicionou seu rosto ao lado de meu ouvido.
Não fiz nada pra impedi-la assim que começou a sussurrar diante do mesmo.

—Voce... Você sempre será a culpada de todas as mortes de nossa família, desgraçada. — meu rosto se mantém sem expressão enquanto sinto seus dedos apertarem meu braço.
—Talvez.. o seu destino seja o mesmo. Não acha? Viver uma vida medíocre diante de todos. Onde, nem amor se vê.
— ergo meu queixo diante de suas fúteis palavras.
— hora Primadonna, Pode ter certeza.. que o meu destino, vai ser bem pior que o seu... - viro meu rosto lentamente ao dela. Com um sorriso amargo de canto, sinto sua ousadia ir embora aos poucos.
—Pode ter certeza... Que todo o sangue que foi jorrado supostamente por minha culpa. Vai escapar de minhas veias com muita mais facilidade. - rio amarga — ah, não posso me esquecer. Sua passagem aqui na terra, se torna cada vez mais pouca. Seu tempo é pouco. Então engula as porras de suas palavras nojentas. — seus olhos se tornam arregalados diante de minha face. — tic tac. Tic tac — me afasto com um sorriso no rosto.

Velha idiota. Suas fúteis palavras não tem nenhum poder sobre mim.
Ela acha que só porque é "velha"  que todos vão querer ficar juntamente com ela até o dia de sua morte.
Pobre coitada.
Mal sabe ela que eles querem apenas
a merda de seu dinheiro sujo.
Onde não vale nada.
Tal a mãe, tal o filho

Talvez meu destino seja longe dessa maldita família, cansei de sempre ser a santinha que nunca fez nada de errado na vida.
Limpo minhas lágrimas e vou em direção ao carro de mamãe enquanto ela vem atrás de mim.
—Anjel! - ela grita am quanto eu ainda continuo a andar. — Anjel para!- ela segura em meu braço forçando minha parada.

—Oque aconteceu!? Você não vai esperar para que enterrem ele!? - seus olhos não se mantém parados.
—Nao, não estou afim, preciso ir pra casa . - fungo passando a mão por meu nariz.
Ela confirma com a cabeça e me entrega a chave do carro.
—Pode ir, eu vou de carona. - ela se vira indo de volta novamente pro cemitério. Enquanto eu fico parada na rua lotada de neblina e em respingos de chuva.

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