Por Toda a Vida

Capítulo 1 - Tempos Antigos

No conforto da sua casa, Silvia recorda com grande saudosismo como era o seu Nordeste nos tempos antigos. Nessas recordações ela lembra das tradições e como a nossa vida dá uma boa novela, filme, livro. Ela lembra do grande amor que a sua irmã cultivou por anos, e o denominou "Por Toda a Vida". Silvia acredita que amor verdadeiro só existe um e falando da terra natal, ela inicia essa grande história de amor.

Em nossa região Nordeste, nos tempos antigos tinham muitas tradições religiosas e as crenças nelas eram algo sobrenatural. Uma das famílias que seguiam todas as tradições e bons costumes da época é a que pertence Maria, uma mulher que nasceu em lar humilde, porém, mesmo com as adversidades que a vida colocou em seu caminho ela é alguém que tem esperança de dias melhores.

Durante a sua infância Maria mal pôde estudar, desde pequena, ajuda aos seus pais trabalhando na roça. Vivendo em uma cidade pequena de interior do estado do Ceará, não teve oportunidade de seguir arquitetura, a carreira dos seus sonhos. Não havia escolas públicas e as poucas escolas que tinha eram particulares e distantes do sítio onde Maria reside.

Os professores eram raros e mal sabiam ler, escrever, entretanto, passavam o conhecimento que aprenderam com os antepassados. As dificuldades encontradas por Maria, a impedem de ir além, os seus estudos se baseiam na carta de ABC, cartilha e tabuada, corresponde ao primeiro até o quarto ano.

Maria vive uma época em que aluno não podia faltar as aulas, quem não sabe a lição apanha de palmatória, onde é obrigação decorar a tabuada. Sexta-feira é conhecido como o dia do argumento. A professora chama um por um e perguntava sobre o conteúdo ensinando em sala de aula e quem não sabe responder corretamente é recompensando com a batida forte da palmatória.

Essa prática é conhecida por deixar marcas nas palmas das mãos, às vezes eram seis palmadas com a palmatória em uma de cada mão. Dependendo do dia esse valor pode variar para mais ou menos. A dor é tão intensa que os meninos choravam e viviam aterrorizados com essa modalidade de ensino.

Para os alunos que acertavam as perguntas, é dado a recompensa de bater nas mãos do colega que errava as questões. Havia alunos que frequentavam as aulas feliz da vida, porque sabe que nunca levariam palmadas, esses quando chegavam a vez de punir o colega, principalmente quando não gosta da pessoa, batia tão forte que as mãos de quem recebe os golpes ficavam inchadas. De vez em quando o professor participava da diversão.

Diferentes das salas dos anos 2000, por volta dos anos 40, as salas eram simples, não havia lousa, os alunos sentavam no chão e as crianças e adolescentes estudavam juntos. Nesse tempo conquistar o que deseja estar longe de qualquer hipótese, cada um naquela localidade se contenta com o que aparecesse. Maria e tantos jovens do seu tempo, mesmo tendo pouco aprenderam a respeitar os mais velhos, eles sabem o que falavam até mesmo pelo olhar.

Educada, possui inúmeras qualidades, Maria é uma moça bonita e com o seu lindo sorriso no rosto causa inveja em algumas pessoas que não gosta do seu modo de ser. Aquela alegria chama a atenção de todos os que a conhece. Ela é uma mulher à frente do seu tempo, em uma época em que a mulher não pode falar com os homens a sós, Maria fala e trata todos igualmente.

A sua infância, juventude, foi marcada pela pobreza e traição em que seu pai cometeu para com sua mãe, porém ela não deixa as tristezas momentâneas abalar a sua alegria que é contagiante, Maria nunca deixou de sonhar e falava a si mesmo "Um dia eu serei alguém e terei um grande amor".

Criada na religião Católica, a sua paixão é estar nos eventos da comunidade, missa, casamentos, batizados e principalmente nas festas. Maria é convidada e participa de quase todas, com a sua fé inabalável ela sabe que a sua jornada cristã estava apenas começando. Semelhante aos jovens da sua época, estudou catecismo e fez a primeira comunhão, uma devota fiel, várias vezes se prostrava de joelhos dobrados diante do padre.