Antes que eu me levante ela mesmo faz isso, paro pra observar seus passos e vejo ela olhando em volta antes de se afastar, entrando na casa.

— Vai atrás dela—a Dhio diz.

— Eu vou porque quero e não porque você tá mandando.

— Aham, sei— ri.

— Bobona— bagunço seu cabelo antes de me afastar também e ir atrás da doidona.

Quem vê até acha que é tímida.

E ela deve ter corrido porque não encontro em lugar nenhum, só quando abro a porta do quarto e vejo ela deitada no chão.

Não tô dizendo? É completamente doida.

Bato a porta na hora de fechar pra que ela perceba minha presença e caminho até a cama, me sentando no colchão.

— Por que tá travada desse jeito?— pergunto e ela me olha.

— Porque eu não conheço ninguém que tá lá e me sinto desconfortável, mas vai passar.

— Eu não fiquei assim quando conheci sua família.

— Porque você é você, eu sou eu.

— Ah, cê jura?— debocho e ela ri, se levantando e caminhando pra perto de mim.

— Seus pais são legais, gostei deles e não quero que pensem o contrário, só que eu realmente não consigo me soltar e agir naturalmente como se isso fosse a coisa mais normal do mundo.

— Mas isso é a coisa mais normal do mundo.

Ela se senta no meu colo, ficando com uma perna de cada lado do meu corpo e eu já fico como? Doidão.

— Isso aqui é normal— aponta pra nós dois— eu e você dentro de um quarto ou em qualquer outro lugar onde estivermos a sós, com você eu consigo me sentir confortável e ser eu mesma.

Sorrio com sua "confissão" e acaricio sua cintura. Por mais que eu me senti confortável com a família dela lá em Arraial, também sentia o conforto maior só quando estava a sós com ela.

— Te entendo— digo— mas quero que seja normal pra você estar com eles também.

— Acho que não porque quando tudo isso aca...

Não deixo ela terminar de falar porque junto nossos lábios.

Independe se vá acabar ou não, acho que não precisamos ficar falando isso a todo momento.

— Para de pensar no futuro que por mais que possa ser próximo, não deixa de ser futuro— acaricio seu rosto— só curte o momento— mordo seu lábio inferior e fecho os olhos quando sinto sua mão também fazer um carinho em meu rosto.

— Eu tenho medo.

— Medo de que?— afasto um pouco pra lhe olhar com mais atenção.

— Medo de acabar sentindo algo mais profundo por você, medo de me machucar, de sair abalada disso tudo, medo de te magoar ou... Ou da gente sair despedaçado dessa história.

𝗔𝗥𝗥𝗔𝗜𝗔𝗟•• 𝗚𝗮𝗯𝗶𝗴𝗼𝗹Where stories live. Discover now