Ela riu.

- Okay, você tem razão.

Robin serviu a ela uma xícara de café.

- É engraçado, eu me imaginei conhecendo essa cidade, sua cidade, muitas vezes. - ele falou. - Sempre pensei que quando chegassemos aqui, eu conheceria esse lugar pelos seus olhos. Bom, acabamos tendo uma mudança de planos.

Regina o olhou por alguns segundos, e então colocou sua xícara sobre a mesa e segurou a mão de Robin.

- Vem comigo.

- Onde? - perguntou confuso.

- Eu vou te apresentar a cidade, pelos meus olhos.

O sorriso dela parecia tão bonito e feliz, que ele apenas aceitou, e saiu com ela pela porta da frente.

- Não se preocupe com Roland, eu vou saber se ele precisar de nós.

- Okay. - Robin não precisava saber exatamente como. Essa era uma das coisas que Regina mais amava nele, a forma como confiava nela.

Enquanto caminhavam, Regina falava sobre cada ponto da cidade. O parque, onde Henry aprendeu a andar de bicicleta. O Grannys, onde eles iam almoçar todos os domingos. A biblioteca, que Regina precisou abrir a meia noite porque Henry precisava de um livro pra escola.

Havia também a prefeitura, que era seu refugio, e a sua árvore de maçãs, no quintal da casa, da qual ela cuidara com carinho durante todos aqueles anos.

- Eu queria destruir Emma por cortar minha macieira! - ela disse com uma indignação nostálgica. - É sério, achei que iria acertar ela com aquela serra elétrica.

Robin deu risada do quão brava ela parecia, e da forma como ela contava isso com um sorriso agora.

- E o que você fez?

- Dei a ela uma torta de maçã. - Robin olhou para ela como se já fosse elogia-la pelo gesto gentil, mas ela o cortou. - Estava envenenada.

- Ah. - foi o que saiu da boca dele. - Faz sentido.

- Aqueles eram outros tempos. Mas no fim, tudo serviu ao seu propósito, e nós terminamos aqui. 

- Sentia falta da Floresta Encantada?

- No início, não acho que sentia, mas não tenho certeza. Eu não era exatamente feliz aqui, mas também não tinha sido feliz lá. É complicado, estar presa em uma vida infeliz não te faz sentir falta de outra. São só tipos diferentes de tristeza.

Ele não conseguia fazer outra coisa a não ser admira-la ainda mais pela forma como era capaz de explicar aquilo. Falar sobre o passado, sobre as dores, mas as mantendo exatamente lá, em um tempo distante, porque não a machucavam mais.

- Mas então Henry chegou. - ela continuou dizendo, e seu sorriso cresceu. - E eu tinha certeza de que nunca tinha sido tão feliz, e de que nunca tinha amado tanto alguém quanto o amava, e ainda amo.

- Isso é lindo.

- É engraçado como o mundo funciona. Eu tinha certeza de que nunca encontraria outra pessoa como Henry na minha vida, alguém que eu amasse tanto, ou, na verdade, alguém que me amasse de volta. Mas agora estou aqui, e não consigo inaginar viver sem Roland, sem você, e esse pequeno ser humano aqui. - ela tocou sua barriga por cima do vestido. - Encontrei muito o que amar, e estou feliz por isso.

- E também encontrou muitas pessoas por quem é amada. - Robin pontuou.

- Com certeza estou feliz por isso também.

Com seus braços envolvendo seu corpo, ele a beijou, ali, no meio da rua, no meio da noite, na cidade dela, em uma terra estranha.

E se sentiu completamente em casa.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Mar 22 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

The Missing Year - All Our Memories Where stories live. Discover now