capítulo único

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Escolhido no canto mais escuro do quarto, um garoto fungava assustado, suas orelhas de panda balançavam a cada subida e descida de ar nos pulmões, Trêmulo, ele flexionou os joelhos para mais perto do rosto, abraçando-os firmemente.

O acuado garoto estava temeroso quanto ao que o aguardava de trás daquela enorme porta, estaria planejando executá-lo? Um pobre híbrido inofensivo que não tinha nada para oferecer, a não ser sua própria vida.

O inocente omega panda, somente estaria no lugar errado, na hora errada, colhendo lindas rosas brancas, que outrora decoravam sua casa.

Entretanto, o que ele menos esperava era que esse pomar de rosas brancas tivesse dono, e que o dono fosse ninguém menos que o temeroso híbrido de Leão. A quem todos temiam por sua fama de matar a sangue frio, apenas pela euforia do momento.

Seu sangue gelava só de pensar qual seria seu destino. O malvado alfa o mataria, assim como já havia matado tantos outros que cruzaram seu caminho. a ânsia da expectativa o atingia como um iceberg em frente à proa de um barco, que inevitavelmente se entrega ao mar turbulento, tornando-se um só.

Seria ele tão azarado ao ponto de cruzar o caminho com um predador natural com pensamentos tão maliciosos perante os mais fracos.

A porta do quarto abre abruptamente, arrastando o pequeno omega de volta à realidade, prevenindo ele de mais possíveis divagações sobre seu futuro incerto.

— trouxe comida — disse o híbrido de leão segurando uma bandeja em mãos.

O olhar de estranheza era palpável na expressão do ladrão de rosas.

Comida?

Sua barriga roncou, se contraindo de uma forma desconfortável e constrangedora, só de ouvir a palavra sendo proliferada da boca do predador a sua frente. As maçãs do rosto do híbrido panda ganharam uma coloração escarlate, com vergonha ele abaixou a cabeça.

— você come sopa de bambu? Ouvi falar que pandas adoram bambu — ele sorria enquanto falava, entusiasmado, balançando a cauda de leão.

Em outras circunstâncias o pequeno híbrido diria que o sorriso do homem à sua frente era adorável, mas ao ver seus caninos pontiagudos em meio ao sorriso selvagem, ele se encolheu ainda mais.

Mesmo a beleza genuína do alfa a sua frente não o cativou o suficiente para fazê-lo não sentir medo, sua presença o deixava sem ar, e não de uma forma boa.

O alfa de olhos dourados o olhava confuso, na cabeça do grande leão, não entendi o porquê, o panda, estava com medo. O tratamento que o pequeno híbrido recebeu até o momento foi o mais cordial possível.

Percebendo o estado do omega quando viu no seu canteiro de rosas; roupas velhas e desgastadas sujas de terra, cabelos cacheados bagunçados e olhos profundos, denunciando sua falta de sono.

O leão foi até ele perguntar se estava bem, pois sua aparência era lamentável para um omega com traços delicados. Ao se aproximar do pequeno ladrão, ele desmaiou com sua presença imponente, temendo que algo acontecesse com o pobre híbrido, o dono do canteiro das rosas o pegou nos braços, levando-o para um quarto em sua propriedade.

— Meu nome é Leonardo, sou um híbrido de leão — falou como se já não fosse óbvio pelas orelhas e cauda meio felpuda e a juba saliente em volta da cabeça. — não precisa ter medo, eu não como pandas.

Em um suspiro de alívio, o ômega levantou a cabeça, sustentando o olhar imperativo, ainda assim receoso.

— Você vai me machucar?

— Não costumo machucar ômegas — admitiu, aproximando-se aos poucos.

— posso ir embora então? — perguntou desconfiado.

Pequeno ladrão de rosas Where stories live. Discover now