O carro estava em completo silêncio. Coloquei minha pernas na posição índio e peguei um livro de minha bolsa como de costume.

Já era a sexta vez que lia "fazendo meu filme" da Paula Pimenta; eu já sabia onde ficava cada vírgula e mesmo assim me emocionava com o desenvolvimento da Fani e o Leo.
Naquele momento estava sofrendo com a mesma parte que já conhecia mas me entregava de corpo e mente, na experiência proporcionada pela autora.
Já era comum alguém ter me visto ler algum dos livros da Paula pela terceira vez dentro de um ano.

- deixa eu adivinhar, a Fani descobriu que o Marquinho é casado e agora você está indignada por ela estar sofrendo por ele- Javon falou sem tirar os olhos da estrada

- como sabe?- fechei o livro e franzi os cenhos

- porque essa é sua expressão de revolta- fez um bico- essa é a expressão de momento fofo da Fani com o Leo- deu um sorriso bobo- e essa é a expressão beijo no aeroporto- o rapaz se estremeceu

Neste momento o garoto me arrancou uma das minhas maiores gargalhadas.
Eles estava certo sobre todas ela.

- que sonso- falei ainda rindo

- eu não menti- deu os ombros e me olhou de escanteio

- não mesmo- soltei uma risada nasal

Ele continuava o mesmo. O rapaz sempre sabia sobre o que eu sentia, como agia e o que queria dizer.
Javon sempre soube lidar com minhas emoções genéricas, com meus costumes estranho, minha rotinas entediantes e minhas tolas preocupações que acabavam resultando em palavras embaralhadas e risadas nervosas. Como um flashback a lembrança do dia 2 de março de 2024 passou por minha mente.

Nós havíamos começado a namorar a cerca de quase dois meses. Nessa época tudo era perfeito para nós dois... a época que existia um "nós"

"Javon havia acabado de descer do ringue com sem expressão nenhuma. O garoto havia empatado com o homem de 32 anos! Por mais que fosse por peso, eu havia fica indignada desde o início.

O garoto passou por mim e deu um pequeno sorriso. Sua família foi atrás dele então fui junto.
Ao chegar na sala todos o parabenizaram pela luta, enquanto eu esperava para que ele ficasse livre... na verdade, eu estava pensando em o que dizer.

Havia preparado inúmeros discursos caso perdesse ou ganhasse. Agora,  eu não sabia o que dizer.
O ver lutando me trouxe uma aflição tão grande, não sabia como descrever aquilo; quando o mesmo havia caído de joelhos me senti desesperada para o ajudar.

Sem perceber o garoto estava ao meu lado tentando me tirar de meus pensamentos.

- tá tudo bem?- me perguntou rindo

- oi- soltei o fôlego que nem sabia que prendia- tá sim! E com você? Você se machucou? Tá tudo certo? Olha se, aquele cara te machucou me fala que eu vou lá reclamar sobre isso- falei preocupada com o moreno que apenas riu e me abraçou- é sério

- aham, tô ligado- deu uma piscadela ao se separar do abraço- eu tô ótimo- colocou uma madeixa de meu cabelo atrás de minha orelha

- desculpa- ri sem graça- eu me preocupei atoa, era óbvio que estaria bem- revirei os olhos com raiva do meu desespero- mas você tá bem emocionalmente? Foi empate mas você foi incrível! Queria muito que tivesse ganhado, óbvio que você também queria- fui interrompida pelo meu namorado

- eu já disse que estou ótimo!- segurou meu rosto- eu vim pronto para ganhar ou perder. Você se preocupou atoa- me deu um sorriso meigo- até porquê a gente sabe que não foi empate

Sob Holofotes ~ Javon WaltonWhere stories live. Discover now