CAPÍTULO 02: O REENCONTRO

35 5 11
                                    

Voltei para casa após tomar café com Brad e passei a tarde fazendo as unhas. Iria retomar minha rotina de entregar currículos na manhã seguinte e precisava estar apresentável.

— Olha, se não é a minha enfermeira favorita! — Falei quando Sisi passou pela porta, usando um casaco sobre o conjunto sem graça de uniforme, com os cabelos presos num nó desleixado.

— São seis horas, Bell. — Ela acenou para a garrafa de cerveja na mesa de centro enquanto passava para a cozinha, abandonando a bolsa na poltrona pelo caminho. Revirei os olhos e voltei a pintar a unha do dedão do pé.

— Já chegou querendo cortar o meu barato.

Ela bufou da cozinha e provavelmente atirou alguma panela dentro da pia.

— Estou querendo te impedir de morrer antes dos quarenta.

— Essa é a única garrafa que peguei hoje e não tem álcool. Também saí para correr hoje cedo.

— Não fez mais do que deveria pelo seu corpo — resmungou em resposta à minha ênfase e estalei a língua, chateada.

— 'Tá ranzinza hoje, hein! O que foi? Alguém reclamou de como você trabalha ou é só porquê você tem que usar esse traje de quem saiu de um filme de ficção-científica?

Sisi apareceu na porta da cozinha fazendo cara feia.

— Minha cabeça está explodindo. Aquele lugar estava lotado e esqueci de levar um conjunto de roupas extras para me trocar antes de ir embora. Não gosto de usar o uniforme fora do hospital, nem deveria usar. Vou levar bronca se minha superior descobrir.

Sorri, tomando outro gole da cerveja antes de descer os pés do sofá e apoiá-los na mesinha.

— Está apenas começando, querida, depois piora. — Pisquei para ela.

Sisi balançou a cabeça e deu as costas, voltando para a cozinha. É, ela realmente não está para brincadeiras. Melhor manter a minha boca fechada, para o bem dos meus dentes.

A morena passou pela sala cinco minutos depois com uma xícara de chá dizendo que iria para o quarto e assim sumiu da minha vista pelas duas horas seguintes. Me prontifiquei a arrumar a cozinha e preparar o jantar: macarrão com salsicha. Meu prato favorito na infância!

Preparei o da minha irmã à parte, já que ela não come salsicha. Fiz o meu melhor; até que ficou com uma cara boa. No lugar da salsicha coloquei algumas ervas e temperos que ela compra sempre e um pouco de cenoura ralada junto com abobrinha verde. Ficou muito bom — eu provei.

— Toc-toc. — Empurrei a porta do quarto devagar e me deparei com a garota enfiada na cama com o braço direito sobre os olhos. Já tinha tomado banho e usava seu velho pijama horroroso de flanela laranja.

— Eu tenho um prato de massa muito vegetariano e muito gostoso bem aqui. — Parei ao lado da cama e movimentei o prato de macarrão sobre ela em círculos, com o intuito de que ela sentisse o cheiro.

Sisi grunhiu, um ruído sonoro, como se sentisse dor. Gargalhei, observando-a sentar na cama lentamente; a pobre realmente parecia ter entrado num triturador.

Entreguei o prato e o garfo, lendo a sua reação. Sirius suspirou e remexeu a massa antes de enrolar um pouco no garfo e comer. Esperei, ansiosa.

Ela murmurou alguma coisa que eu não entendi e colocou mais na boca, dessa vez sem receio algum.

— Uau. Você sabe cozinhar! — Seus olhos castanhos escuros brilharam para mim e tive que revirar os meus.

— Obrigada. Agora desce, minhas salsichas me esperam. — Dei as costas e comecei a andar. Pude ouvi-la levantar para me seguir.

Apostando em VocêOnde as histórias ganham vida. Descobre agora