Juntos e Separados

3 - Gabriela

Merda, isso é loucura. Onde eu estava com a cabeça quando me ofereci para casar com Erick, duas noites atrás? No álcool claro.

Queria bater minha cabeça sobre a mesa com a ideia estupida que passou por ela, que o homem que havia batido em meu carro um mês atrás simplesmente iria ignorar minha oferta ridícula. Eu era ridícula. Isso mancharia completamente a minha imagem como uma advogada exemplar.

Dois dias se passaram desde a noite no bar, tudo estava ocorrendo normalmente, enquanto eu seguia a minha vida, fingindo que eu não havia tido uma decaída depois das inúmeras mensagens sem resposta de Leandro. Em primeiro momento eu me odiei por ter tentando a todo custo fazer contato com ele, depois segui com a minha negação achando que ele estaria me ignorando porque a sua ausência era muito dolorosa. Depois senti que mais uma vez cheguei ao fundo do poço, pensando que talvez o médico que eu me apaixonei não me quisesse mesmo em sua vida.

Esse último fato eu tentava a todo custo soterrar o mais fundo em minha mente. Eu me odiava por isso, mas ainda não estava pronta para seguir em frente. E tomar um porre, sem nem me lembrar do direito do que eu havia feito, só tornou minha culpa pior. Tudo parecia um borrão, nada fazia sentido em minhas ações.

Então ontem, comecei por uma coisa bem simples que deveria ter feito desde que ele foi para a África: mudar-me de apartamento. Eu sei isso é um detalhe que evito ficar pensando muito, mas em nossa última conversa Leandro disse que eu deveria ficar no apartamento por quanto tempo eu quisesse, e eu fiquei.

Todo esse tempo esperando sua volta.

Todas as noites eu durmo com suas roupas, passo seu perfume no armário, e às vezes chego do trabalho e tomo um vinho esperando ele chegar de mais um plantão exaustivo para ama-lo com todas as forças. Uma grande fantasia, eu sei. Ultimamente tenho evitado ficar em casa, e quando fico, estou sempre trabalhando. Então mesmo que eu tenha decidido esperar por ele, e me manter convicta disso, preciso de um tempo para pensar melhor em um lugar onde não tenha tantas lembranças.

Inspirei todo o ar que podia. Expirei todo o ar dos meus pulmões. Estava frio lá fora, mesmo que o aquecedor dessa padaria de luxo mantivesse o clima aqui dentro completamente aconchegante. Bati meu pé, uma, duas, três vezes. E novamente fiz a mesma sequência. Ele estava muito atrasado, extremamente atrasado e eu iria embora se ele demorasse mais um pouco.

Meu celular tocou em cima da mesa, enquanto batucava minhas unhas curtas sobre a toalha fina. No exato momento em que estava confirmando um juntar com um cliente muito importante meu, para o meu chefe, eu o vi entrar.

Os ombros estavam tensos e a postura ereta, enquanto Erick passava entre as mesas me avistando em meu canto remoto. Seus lábios se abriram em um sorriso que iluminou toda a sua face, e eu não consegui evitar a rápida analise em seu corpo que parecia ser abraçado nos lugares certos por seu terno que deveria custar mais que meu carro.

Meu coração deu um salto em meu peito e senti um frio na barriga quando ele se aproximava a cada passo, nem sequer notando o quando chamava a atenção de muitos olhares curiosos.

— Oi Gabriela. — Céus meu nome soava sexy em seus lábios. Quase me engasguei com minha própria saliva. — Desculpe o atraso, fiquei preso em uma reunião.

Pigarrei e arrumei minha postura quando ele sentou-se em frente a mim.

— Ah, tudo bem. Eu estou com a tarde livre mesmo. — Não eu não estava, tinha deixado muito trabalho de lado para estar aqui. Mas sorri quando um moço de uns vinte anos veio anotar nossos pedidos. — Bom você não comentou na ligação hoje cedo sobre o que queria conversar...

— Sobre o nosso casamento. — Me engasguei com a saliva e Erick pulou dando tapinhas leves em minhas costas. — Calma amor, tudo bem?

Ele tocou meu rosto em uma carícia assim que meus olhos o fulminaram.