Éden

61 8 4
                                    

Paciência. Se há uma palavra que definiria a princesa guerreira neste dia, seria essa. 

Fazia poucas marcas de velas que haviam saído de onde estavam acampadas e Gabrielle já reclamava de fome, e o que irritava mais era que a sua barriga também reclamava da falta do alimento, não haviam comido desde que acordaram, pois foram despertadas por um estranho mensageiro que lhe trouxe um pergaminho enviado por Joxer relatando que em breve seria julgado em uma cidade a quilômetros de onde estavam. A guerreira julgou tratar de um caso de emergência e agora estavam as duas tentando dividir a maçã em uma proporção igual.

-Que foi? Cortei igualmente - Tinha uma das sobrancelhas erguidas enquanto sua mão estava estendida com o outro pedaço da fruta.

-Nada - Pegou a sua parte e em seguida deu uma mordida, fazendo Xena fazer uma careta pela forma voraz.

Logo a sua barriga também reclamou e ignorou a loira para alimentar a sua fome. Argo seguia tranquilamente após comer uma inteira, inicialmente Xena dividiria entre si e sua égua, mas o animal foi mais rápido ao pegar assim que viu na mão de sua dona.

Mesmo quando não conhecia totalmente a geografia do lugar, Xena com suas inúmeras habilidades sabia guia-se entre os lugares sempre chegando ao seu destino final e não seria diferente agora. Com aquela cidade que outrora já havia visitado então, seria moleza. 
Talvez a noite mal dormida e a fome estava a confundindo um pouco, pois quando adentrou a floresta, ao qual cortaria caminho de forma segura, parecia ter entrado em um lugar diferente e disfarçadamente tentava mudar a rota quando chegava sempre em um mesmo ponto.

-Admita que está perdida - A mulher falava de forma convencida, principalmente tentando afetar o ego da guerreira, uma alfinetada por ter perdido uma aposta na noite anterior.

-Não, não estou.

-É a segunda, senão a terceira vez que vejo essa árvore.

-E você lá sabe diferenciar árvore, Gabrielle? É tudo a mesma coisa quando estão juntas - O mau humor era nítido em sua voz.

-Engraçado que todas devem ter essa marca em específico, né? Não sei, talvez tenha rolado um festival de pinturas corporal e essas três souberam aproveitar.

Xena praticamente rosnou para ela, era desaforo demais. Estava cansada, sonolenta, talvez perdida e para piorar ainda tendo sua habilidade questionada. Gabrielle que continuasse a reclamar, mas ia reclamar andando.
Não sabia qual era o problema, conhecia aquela região e mesmo que não conhecesse, era boa em geografia e mesmo que não admitisse em voz alta, Gabrielle também e ainda sim aquilo não tinha fim, estava em um looping. Perguntava-se qual deus tirou o dia para sacanear com ela.

Ao menos não pararam naquela mesma árvore, mas à medida que caminhavam parecia que as árvores estavam estreitando e forçando-as a seguir um caminho em específico, de alguma forma se depararam com a entrada de uma caverna.

-É passar por aí ou dar a volta.

-E temos escolhas?

-Continuar andando ou vê até onde isso dará. 

-Não podemos dar meia volta e esquecer o Joxer?

-Tava fazendo isso quando paramos aqui.

Uma encarava a outra. Mesmo que não verbalizaram, de tantas experiências ambas acreditavam ser obra de algum deus, chutavam Ares, que estava brincando com as duas. Não precisava teorizar tanto, algo ou alguém as queriam ali e só descobririam como sair entrando no jogo.

Improvisaram uma tocha para que as guiasse naquela escuridão. A entrada parecia mais uma fenda e Gabrielle custou a crer que Argo passasse por ali, mas segurando as rédeas do animal Xena conseguiu fazer isso, enquanto ela as guiava com a luz em mãos.

Éden Where stories live. Discover now