Epílogo ( cap único)

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"Para todas as vadias que estão entrando do 'mundo dos homens mascarados'. Corram, ajoelhem e rezem para eles encontrem vocês"

E a minha insegurança arcana e madura transparece no vitral que espelha e reflete a imagem turva e desconhecida do meu corpo, o espelho moldado na parede branca, -  tingida de um branco mais acinzentado e feita de gesso leve e puro -, que se localiza no meu quarto, tem detalhes dourados e exagerados em sua borda oval e chamativa. Detalhes que se assimilam a raios estacionando em montanhas verdes e floridas, montanhas prontas para receber animais de pastos e fazendas, e que agora, não é mais possível. Porque tudo está incendiado. As copas das árvores não estão balançando mais com tanta frequência. Porque as folhas estão murchas e os troncos viraram cinzas. Só sobrou o retrato pintado nas raízes que as descargas elétricas fizeram menção em deixar. Uma lembrança para relembrá-las de que o céu sempre vence a terra. Uma cicatriz para lembrá-las de que elas foram derrotadas. Assassinadas.

Mortas por fogo dourado e luz prateada.

Uma arte fulva feita para necessitar de atenção. Fascinada por induzir a destruição. Louca por pares de olhos focados na sua radiante beleza. Uma beleza que o meu corpo não tem. Uma simples e fabulosa beleza que eu estou obcecada para conseguir. De qualquer forma. Algumas pessoas dizem que criei um padrão onde não posso alcançar. Mas estando aqui, olhando-me no vidro que estampa a minha imagem, vejo que só preciso de mais um pouco. Sempre falta muito pouco. Esse pouco é o suficiente para enlouquecer a minha mente. É o suficiente para somar com a densidade do ar e deixá-lo pesado, o suficiente para que eu perca capacidade de respirar. Meu peito pesa e meus pulmões doem, dificultando a entrada do ar pelas minhas veias. Segurei as lágrimas que alertavam sua inesperada e indesejada presença, umedeci os lábios, mordendo-os de nervoso e inconscientemente, apertei mais o espartilho colado no meu peito. Escondendo a minha insegurança.

Minha cintura afina com a pressão que o tecido coloca sobre meus ossos, deixando-me um pouco mais perto. A satisfação não chega à minha mente, então a minha vontade é de tirar a roupa e largá-la pelo o chão da casa, sair andando e desistir de comparecer a última festa de Halloween didática que eu poderei ir.  A lâmpada que amplia a luz branca que ilumina o quarto, de repente apaga-se por alguns instantes. Confesso que por segundos, o medo aflora o meu torso e brinca com o meu coração. Judia dos meus sentimentos.

Sinto minha haste estremecer-se com os pensamentos temerários que apoderaram-se da minha consciência. Eles estão brincando com o meu intelecto. Arranhando a minha lucidez. E eu não sei por quanto eu aguento a pressão de sentir que estou sendo vigiada. Tem pares de olhos curiosos analisando o ambiente que eu estou. Ele está rondando a minha cama feita de madeira maciça, - um tom de castanho claro puxado para o mel -, e junto com ela, o meu colchão feito de espumas derivadas do petróleo, coberto com um lençol de seda tingido de carmim. Imediatamente, seus olhos pularam para a minha prateleira de livros. Os batimentos cardíacos do meu coração aceleraram em um nível preocupante. Poderia jurar que, neste momento, ele pudesse explodir de nervosismo e impulsionar o ar a sair do meu cérebro. Impulsionar o ar a materializar-se e sufocar-me com as duas mãos suaves. O nervosismo se reproduz dos outros sentimentos negativos, e lança excessivamente o seu cheiro de framboesas e amoras. Estou perdidamente tensa.

E ele está gostando disso.

Mordo a língua, todas as partes do meu corpo alertam-me que um sorriso sacana está bem brincando em seus lábios, que seus braços estão cruzados na região da barriga e ele está encostado no tronco castanho de uma árvore. Fazendo seus olhos de um lobo espião vagar lentamente ao lado do espelho, por todas as leituras eróticas colocadas na minha parede. Sendo mais específica, um livro onde explica detalhadamente as coisas sujas que eu idealizo no Halloween. As imaginativas que fantasiam a minha mente e divertem-se com o meu corpo. Não sei como ele sabe, só sinto que quer tornar isso real.

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⏰ Last updated: Feb 23 ⏰

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