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Anala não havia feito sequer uma pausa desde que havia chego de casa, a dor da traição era imensamente vasta, seu coração partido agora se desmanchava em lágrimas, enquanto seus olhos iam passando de arquivo para arquivo, retirando o nome do marido de tudo que ele pudesse ter participado.

A biblioteca fria já estava em total breu, era iluminada apenas pela luz da lua cheia, que tinha um ar gracioso, como se mostrasse para Anala o que era brilhar de verdade.

A mulher de cabelos negros já havia se arrependido do que havia feito, era meio obvio que ela estava errada, não havia feito aquela empresa sozinha, não havia caminhado sozinha, muito menos havia sido amada e escolhida por um homem além de seu marido.

Talvez ele a tivesse trocado porque seu corpo não fosse compatível com suas ideias, entretanto, por que havia escolhido ela anos atrás? Por que havia decidido que ela não fazia mais parte de seus desejos?

Não importa quantas perguntas surjam em sua cabeça, Anala queria distância daquele que havia partido seu coração e não, ela não tentaria perder suas curvas para que pudesse ficar igual a amante de seu marido, se ele não podia ver beleza nela, ela mesma veria, afinal, se torturar por ser uma grande gostosa, estava fora de cogitação.

De repente, o trabalho se tornou cansativo, seus olhos já não queriam mais ficar abertos, porém, uma luz quase a cegou, tomou conta de todo o cômodo, Anala sentia seu ar preso na garganta e quanto mais olhasse ao redor, nada conseguia ver, estava morrendo? 

— Deus, é você?

Mas nenhuma resposta veio, a luz apenas foi diminuindo sua intensidade, até que ficou presa em um exemplar na estante de livros que pertencia ao seu marido, Anala sentiu as mãos tremerem e seu coração arder em ódio, com certeza ali deveria ter uma câmera escondida e ele estava lhe fazendo uma pegadinha suja.

A mulher caminhou como uma leoa até o livro iluminado e se surpreendeu ao notar que era o livro de capa vermelha que o marido pedia para as empregadas passarem longe, agora que estava sozinha ali, decidiu que abriria aquele objeto ridículo e descobriria o que o homem estava escondendo.

Anala carregou livro até uma poltrona de couro no canto da biblioteca, sentou-se ali e com uma coragem baixa, abriu o livro, revelando... Nada, não havia câmeras ali, ou dinheiro, era apenas um livro comum, que por alguma razão estava iluminado.

A página em questão estava com um título em preto gasto," Inicie o ritual das criaturas da noite", bruxaria? Por que o marido estaria fazendo bruxaria? Ele nem acreditava em coisas assim, com revirar de olhos, largou o livro de lado e foi cuidar de si, entregaria o livro tosco para o mais tosco de todos, o marido.

Ela deixou a biblioteca e foi direto para o banheiro de seu quarto, se deixou relaxar em um banho com água bem quente, lavou seus longos cabelos e aproveitou para hidratá-los, traída, sim, cabelos secos nunca.

Anala havia se deitado logo após o banho, ainda estava de roupão quando o celular tocou, era sua mãe, a feição da mulher mudou quando percebeu que teria que contar para mãe tudo que havia acontecido e agora era uma mulher divorciada.

— Anala querida?

— Maan, como vai? Aconteceu alguma coisa?

— Betee, vi no jornal que mataram uma amiga sua, fiquei preocupada, tive que ligar! 

— Uma amiga minha? Maan, preciso desligar!

Anala desligou o celular e de imediato acessou o site de notícias locais e lá estava, estampado em todas as partes, o rosto de Sally, para surpresa de Anala, em sua testa estava escrito Criaturas da Noite de sangue e colar de contas estava em seu pescoço.

A mulher sentiu tudo girando, levantou-se da cama e saiu do quarto em passos lentos, atravessa o grande corredor zonza, esperando chegar na biblioteca, quando empurrou a porta pesada de madeira, encarou o livro aberto, ainda brilhava, mas diferente da outra vez, agora havia um risco em uma frase.

Ela se aproximou do livro, a luz tremeluzente das velas lançando sombras dançantes nas páginas. Ela começou a ler, tentando decifrar o ritual escrito ali. Seu sangue gelou quando leu os passos, ele realmente estava fazendo um ritual para criaturas da noite.

A traidora terá que pagar.

Ela olhou para o retrato de Sally, colado ali, e um arrepio percorreu sua espinha. Será que ele havia planejado tudo aquilo para que Sally se transformasse na traidora? Sim, ela tinha certeza que sim, pois agora a frase estava riscada, por quem? Ela não fazia ideia.

O traído sofrerá e tragicamente morrerá.

Ela pensou nas últimas horas, nas brigas, no silêncio do marido de Sally. Ele estava sofrendo, Alana percebeu que seu marido havia escolhido as pessoas certas para esse ritual maluco e agora, Daniel estava em perigo.

 Caçada irá começar.

Imagens de criaturas das trevas, de vampiros, de monstros que ela apenas ouvira falar em lendas, preencheram sua mente. Seria possível que ele estava tentando trazer essas criaturas de volta? Seria possível que ele realmente acreditasse naquilo?

Quando a escolhida reinar.

Anala não sabia quem era a escolhida, mas sentia que estava no centro de algo muito maior e mais perigoso do que jamais poderia ter imaginado. Ela precisava sair dali e encontrar ajuda, mas antes que pudesse se mover, ouviu passos na escada. Marcos estava voltando, por quê? Ela havia expulsado ele.

Desesperada, Anala olhou ao redor, procurando uma saída ou algo para se defender. O medo se transformava em pânico quando a porta da biblioteca se abriu lentamente, revelando Macos na entrada, seus olhos brilhando com uma intensidade sombria, ela abraçou o livro contra seu peito.

— Anala — ele murmurou — Você não deveria estar com isso!

— Marcos, o que você está fazendo? — sua voz tremeu, ela tentou soar calma.

— Estou preparando o mundo para uma nova era — ele respondeu, um sorriso frio se formando em seus lábios. — E você, minha querida, tem um papel crucial nisso, com seu sangue irei agitar isso que chama de mundo... Uma festa só de torna boa, quando o agito é liberado!

Antes que ela pudesse reagir, Marcos pulou em cima de seu corpo, agarrando o livro, Anala sentiu o ar faltar quando sua cabeça bateu contra o piso gelado de madeira, entretanto, visando se defender e proteger a Daniel, ela chutou as partes do marido e o fez rolar para longe de si.

Anala se levantou em desespero, agarrada ao livro, não poderia deixar que ele colocasse as mãos naquilo, não estando fora de si, ela sabia que precisava escapar e com um último olhar desesperado para o homem que confiou,  Anala se virou e correu, prometendo a si mesma que encontraria uma maneira de parar Macos e os horrores que ele estava prestes a desencadear, precisava encontrar Daniel e contar a ele.


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⏰ Last updated: May 22 ⏰

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