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Andrew
Plattsburgh, 16 de junho de 2023

Me encaro no espelho e ajeito o paletó – que é quase um blaser – xadrez que visto. O relógio em meu pulso marca 13h45. Louise e Jacob decidiram que fariam um almoço pré casamento naquele dia. Passo meu perfume e pego as chaves do meu carro em cima da mesinha de apoio ao lado da cama. Minha cabeça continuava repetindo a cena de hoje mais cedo. A voz de Charlotte ecoava em meus ouvidos, dizendo que não queria aquilo para sempre. E ela estava certa, até um ponto. Na hora fiquei com raiva, mas Lottie não mentiu: minha vida nunca seria nada além daquilo.

— Você acha que devemos beber o que? – Rudy invade meu quarto e eu pulo, assustado.

— Eu preciso começar a trancar essa porta. – resmungo. — E, meu Deus, você vai morrer de tanto beber.

— E você vai junto! – ele sorri. — Tá bonitão, hein!

— Não vejo novidades. – debocho.

— Que bicho te mordeu? – o loiro me encara. — Já sei. Não precisa nem falar. O bicho tem 1,75 e cabelo castanho.

— Não enche, Rudy! – reclamo. — Estou cansado de todo mundo ficar falando o tempo todo dela e de como deveríamos voltar a ser amigos. Que inferno! Eu não quero saber de Charlotte! Eu quero paz!

— Eu estava brincando. – Rudy recompõe a postura e me olha. — Não era para te irritar.

— Não é culpa sua... – passo a mão pelo rosto. Me sinto culpado pela forma que falei com Rudy. — Eu só... Não consigo lidar direito com ela, tá legal? – respiro fundo. — São muitas memórias e muitos momentos que me deixam sufocado. É como se eu a visse e tudo voltasse.

— Ei... – Rudy se aproxima e coloca a mão em meu ombro. — Tá tudo bem, mano. Infelizmente a vida é assim. Charlotte foi importante pra você um dia, infelizmente os momentos bons não se apagam.

— Esse é o problema... – resmungo. — Apesar de todos os momentos ruins, eu só lembro dos bons. Eu tenho muito rancor, sim, mas minha memória quando a vejo é dos dias em que almoçávamos juntos nas arquibancadas do campo de futebol, por exemplo. São apenas partes da minha vida que foram boas.

— Isso não vai sumir Drew. Mas não significa que você precise perdoar ela. Ok, são memórias boas: mas são memórias de dez anos atrás. Vocês são dois adultos, agora. – meu amigo fala. — E por mais que eu acredite mesmo que vocês se amam, bem lá no fundo, essa situação sempre vai ser desconfortável.

— Nem em seus conselhos você consegue levar uma situação a sério! – reclamo e Rudy dá de ombros, com um sorriso debochado. — Vamos logo para esse almoço. – pego a bolsinha da minha câmera que está em cima da cama e vou até a porta.

Rudy assente e nós saímos de meu quarto. Com a chave em mãos, descemos até a garagem e caminhamos até meu carro: um Chevrolet Bel Air 1957, com teto retrátil, azul chiclete. Meu pai tinha deixado esse carro para mim quando faleceu. Eu amava carros antigos, e amava meu azulzinho.

— Eu nunca me canso de olhar pra essa belezura. – Rudy entra pelo lado do passageiro. — Vai abrir o teto?

— Claro! – sorrio e puxo o teto para trás, guardando-o e fazendo o carro ficar conversível. — Botando marra, tá? – debocho e entro no veículo.

Saímos da garagem e, durante o trajeto até o local do almoço, conversamos sobre nossos empregos. Era estranho pensar que realmente éramos adultos. Seguindo o GPS, começamos a adentrar um caminho estreito.

— É a cara de Louise fazer o almoço numa fazenda. – Rudy debocha. — Você chegou a ver o endereço do casamento? É literalmente na cidade aqui do lado.

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⏰ Ostatnio Aktualizowane: Feb 17 ⏰

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midnight rain ϟ drew starkeyOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz