CAPÍTULO 5 🍼🧸

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Todos olhavam pra mim, até Ayla, pois Ketlen ainda estava entretida com a barba rala de Venâncio. Engoli em seco, o que diria? Ele estava com um olhar questionador, como não respondi nada, Ícaro se virou para o primo e mostrou Ayla para ele.

— O que? — Venâncio quis saber.

— Olha pra ela e olha pra mim.

— Caramba, que engraçado, ela é a sua cara! — Venâncio riu e logo depois franziu a testa e se aproximou mais deles. — Caramba, ela é sua cara mesmo. Quer dizer, desculpe, Marisol, não queria ser indelicado.

— Tem algo para me dizer? — Ícaro agora me encarava de novo, e eu comecei a gaguejar, mas fui interrompida por um Venâncio totalmente perplexo, ainda com minha filha no colo. Nossa filha.

— Espera, vocês dois... — Ele gesticulou para nós dois e deixou a frase no ar. Não consegui mais encarar ninguém, mas peguei Ayla do colo de Ícaro, precisa de um dos meus portos seguros. — É, bem, nós dois também... — Venâncio abriu mesmo a boca para dizer isso, eu o encarei assustada com o que ele ia dizer e por conta de Ketlen no seu colo, se ele fizesse as contas...

— Vocês não tem mais ninguém para cumprimentar? — Gaby perguntou, e esticou os braços para pegar Ketlen. Porém, surpreendentemente, Ketlen não quis ir com a madrinha, puxou braço e deitou a cabeça no ombro de Venâncio, a mão segurou com força os fios curtos da barba dele.

— Ai, pequena, você tem uma força. — Ele tentou olhar para ela, e como não conseguiu, a ergueu no alto.

— Agora pronto, mais um. — Gabriela, linguaruda, resmungou. Só que alto demais, Venâncio encarou ela, depois eu e depois Ketlen.

— E essa pequena, que idade tem? É sua filha também, não é? Parece com você — falou comigo, mas não olhou para minha cara. Ícaro, que estava estranhamente quieto, se moveu para nos ver à distância.

— Espera, a quanto tempo vocês dois se conhecem? — Ele se referiu a Venâncio e eu.

— Não nos conhecemos, faz uns 2 anos que fui a uma festa na casa de Gaby e... — Venâncio se interrompeu novamente e então engasgou, ele colocou Ketlen no chão e se agachou perto dela. — Marisol?

— Cara, ela não parece um pouco com a sua irmã? Olha o nariz arrebitado — Ícaro se abaixou perto de Ketlen também.

— Amiga, eu acho que a hora é agora mesmo, não dá mais jeito de esconder. — Gaby sussurrou no meu ouvido, e eu comecei a chorar ali. Não dava mais pra segurar todas as emoções que vinha guardando.

— Ah, meu Deus, não chora. Por que ela está chorando? — Ícaro ficou de pé e Venâncio também. Ele pegou minha filha de novo e começou a andar em direção a casa.

— Vamos, precisamos de um lugar privado.

— Mamã — Ayla segurou meu rosto, observando minhas lágrimas. Engoli todas as emoções para sorrir para ela enquanto seguia todos para dentro da pousada.

— Está tudo bem, meu amor. — eu consegui dizer.

Estava desesperada pela conversa e pelo fato de estar passando por todos, com Venâncio na frente carregando minha filha. Que constrangedor! Gaby os guiou até o nosso quarto e todos entramos naquele espaço que agora não parecia tão grande.

Minha amiga pegou Ketlen para levar até o banheiro e limpar sua boca que estava suja de comida. Ayla começou a chorar e pedir seu mamá, então me sentei na cama e tirei um seio pra fora de modo automático. Quando ergui a cabeça me lembrando dos dois homens ali presentes, os encontrei encarando meu peito, raspei a garganta e eles disfarçaram, olhando em volta.

As Filhas dos CEOs Where stories live. Discover now