- Capítulo 08 - Garotos -

392 51 5
                                    


"Seus dentes e seus sorrisos, mastigam meu corpo e juízo, devoram os meus sentidos, eu já não me importo comigo. E então são mãos e braços, beijos e abraços, pele, barriga e seus laços. São armadilhas e eu não sei o que faço, aqui de palhaço, seguindo os seus passos."¹

No fim da aula o Edu não estava me esperando no lugar de sempre, e eu não estranhei. Deixei o Apollo em casa e subi a colina. Bati em sua porta e ele apareceu sério, olhando para mim sem dizer nada.

– Oi? – Cumprimentei tímida. Ele permaneceu calado e abriu a porta para mim. Segui em direção à cozinha atrás dele e vi que estava tentando fazer o almoço.

– Me deixa fazer isso? – Pedi e ele apenas encostou-se a pia, me olhando enquanto eu prendia o cabelo.

Comecei a temperar a carne enquanto procurava uma maneira de me desculpar pelos últimos dois dias. Fiz um almoço simples e gostoso e comemos com refrigerante.

– Edu, eu sei que te devo uma explicação pelo meu comportamento, mas não sei como falar sobre isso.

– Você está arrependida e não sabe como terminar comigo? – Insinuou sério e aparentemente despreocupado.

– Não! Nunca! Meu Deus! É isso que você está pensando? – Levantei da mesa apressada e fui até ele, puxando-o para que ficasse de pé – Nunca mais diga isso. – Falei abraçada a ele que não correspondeu ao abraço – Olha para mim, Eduardo. – Disse quase chorando por medo de perdê-lo.

A confusão tomou conta de mim, mas de uma coisa eu tinha certeza: eu não conseguiria ficar longe do Edu, de forma alguma.

– Você foi a única coisa boa que me aconteceu nos últimos meses, e não tenho mesmo nenhum motivo para me arrepender de ser sua namorada. Acontece que existem algumas coisas sobre mim que você ainda não sabe, e não quero e nem devo te encher com os meus problemas.

– Aquele carinha da tua escola é a pessoa ideal para te ajudar então?

– Edu, aquele carinha é meu melhor amigo, é meu irmão. A gente se conhece desde criança, ele sabe o que aconteceu, naquele momento apenas ele poderia me ajudar.

– Se você me dissesse o que estava acontecendo, eu poderia te ajudar também. – Falou extremamente magoado.

– Me desculpa Edu, por favor, me desculpa. Prometo que nunca mais faço isso. Sempre vou te falar quando eu tiver com problemas. Mas não me trata assim.

Eu chorava na frente dele pela primeira vez, não queria, mas vê-lo tão magoado e distante estava me matando. Não sabia como explicar aquela situação e sentia que tudo piorava cada vez mais.

O Eduardo enfim me abraçou e me levou para o sofá, me colocando no colo. Tentei contar tudo do começo para tentar clarear a situação para ele.

– O Apollo é o meu melhor amigo. Eu sei que é diferente, que não é o mais comum, mas sempre fomos assim.

– Vocês nunca namoraram ou ficaram?

– Não, nunca. Só namorei uma pessoa antes de você, foi mais por curiosidade do que outra coisa e durou menos de um mês. Você é o único cara que eu realmente quis e quero namorar.

Quando senti que ele ficou mais calmo, continuei:

–Fiquei daquele jeito no domingo porque tive uma conversa meio desagradável com a minha mãe. Na verdade, o meu relacionamento com a minha família é completamente desestruturado. Fico com vergonha de falar sobre isso. É ruim ser diferente de todo mundo.

Novo Horizonte - AMOSTRAWhere stories live. Discover now