07 - Sentimentos confusos

Start from the beginning
                                    

— Venga con me. — Ela diz ao deixar o telefone de volta ao gancho e sair de trás do balcão.

Sigo a moça até um dos elevadores, me concentrando no barulho que seus saltos finos fazem no chão de porcelanato. Ela chama o elevador e quando as portas metálicas se abrem, faz um gesto para que eu entre. Abro um breve sorriso para ela, que aperta um botão e sai em seguida, se colocando em uma posição elegante enquanto espera as portas se fecharem. Eu me sinto um pouco estranho enquanto sou levado na caixa de metal, e me sinto totalmente ansioso com a ideia de encontrar o senhor Mazza. O elevador se abre segundos depois e me sinto um pouco intimidado por ver Lorenzo a poucos passos de mim, aparentemente me esperando.

— Jullian, o que faz aqui? — Ele pergunta, confuso, e arqueio uma sobrancelha.

— Vim trazer seu almoço? — respondo enquanto ergo a bolsa térmica em minhas mãos.

Ele faz uma careta por trás da máscara em seu rosto e ouço seu suspiro após um balançar de cabeça.

— Vem. — Ele diz e sem entender nada o sigo até a sala no fim do corredor. Aceno para a secretária que nos olha com curiosidade e me sinto totalmente envergonhado.

Não era para eu ter vindo?

Entro no escritório elegante e totalmente iluminado pela luz que entra pelas paredes de vidro. Eu me sinto impressionado com a vista do outro lado e sem pensar dou passos a diante, até ficar de frente a paisagem lá fora. É involuntário quando um sorriso se abre em meu rosto e minha mão livre vai até o vidro. É tudo tão lindo que eu me sinto dentro de um livro de história antiga.

— Gosta da vista? — A voz marcante de Lorenzo se faz presente perto de mim e é automático quando sinto os pelos do meu corpo se arrepiando.

— É linda — respondo e me viro no segundo seguinte, fechando meu sorriso ao constatar o quão perto ele está de mim.

Por um momento o tempo parece parar ao nosso redor enquanto nossos olhos se mantem conectados. Minha respiração acelera ao mesmo passo que meus batimentos cardíacos e me sinto ficar embriagado por seu perfume, que é uma droga ao me atrair.

— Bella te mandou aqui?

Sua pergunta é como um tapa para me tirar do transe. Pisco algumas vezes e respiro fundo antes de me afastar um passo.

— Sim, ela disse que o senhor não poderia ir almoçar e me pediu para trazer seu almoço — respondo e estendo a bolsa térmica para ele, que a olha como um bicho de sete cabeças.

— Acontece que eu não pedi isso a ela. — Ele diz ao finalmente pegar a bolsa térmica, me deixando totalmente confuso,

— Mas...

— Bella gosta de se meter onde não é chamada — Lorenzo diz com um suspiro e volta seus olhos para mim, após deixar a comida em sua mesa de trabalho. — Mas de qualquer forma obrigado pelo seu esforço.

— Bem, é o meu trabalho — dou de ombros e desvio o olhar dele, me sentindo constrangido pela situação. É como se ele não quisesse minha presença e isso não é legal de se sentir.

— Não é não. Sei que se sente como um simples empregado, mas você não é... na verdade, não considero nenhum dos meus ajudantes assim. Em casa somos uma família. — Ele diz e confesso que suas palavras me pegam de surpresa.

— Obrigado, senhor Mazza. Bem, eu já vou... me desculpe o incomodo — peço ao juntar minhas mãos em frente ao corpo. — Quer que eu leve de volta? — pergunto e aponto para a bolsa térmica em sua mesa.

— Não, tudo bem. E não se desculpe, Bella é a única culpada aqui. — Ele diz e assinto, pois eu quero esganar aquela mulher por essa vergonha.

— Até mais, senhor Mazza — falo por fim e começo a sair de sua sala, apressando ao máximo meus passos.

Beleza Oculta Where stories live. Discover now