Capítulo 22

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Beanard

As bruxas de Walker tinham o seu próprio cemitério no bosque. Eu me sentei na relva. E observei a lápide da minha mãe, havia uma pequena frase gravada no mármore: "Norris Gardner, uma mãe e uma amiga adorada, com ela o nosso amor vai permanecer. Requiescat in pace".
Fechei os meus olhos, apoiando a minha testa no mármore gelado. E respirei profundamente, lutando contra as lágrimas. Eu queria desvendar o Grimório Gardner e compreender o nosso legado, mas os perigos eram aterrorizantes.
Evanna me proibiu de sair do Coven sem qualquer companhia e precisava manter o Grimório sempre comigo. Não poderia largá-lo no meu quarto ou esconder em qualquer lugar. Ela me aconselhou a praticar um encantamento para mascarar o poder contido no meu Grimório. Eu tinha que estudar e desenvolver a minha magia para ficar mais forte e conseguir proteger a minha nova família. Lorna tinha certa razão quando disse que fiquei trancado naquele quarto por dias e demorei para reagir.
E agora chegou a hora de vingar a morte da minha mãe. Eu vou ficar cada dia mais forte. Os caçadores da Sociedade Laudatur jamais matarão outro Gardner.
A minha mãe protegeu os nossos segredos por décadas e não vou decepcionar meus ancestrais.
Vanitas acreditava em mim...
Ele me defendeu naquela sala e fez a Lorna engolir a sua arrogância. As minhas emoções ficaram descontroladas ao sentir a fúria do Vanitas por nosso vínculo.
Ele queria retalhar a bruxa.
Matá-la sem qualquer hesitação...
Ainda sentia o gosto da sua revolta na minha boca... como uma peçonha. E também o seu poder fervilhando no meu sangue. A minha mente tinha muitas perguntas e gostaria que o Vanitas fosse sincero.
Será que ele conseguia me sentir da mesma forma?
E como era o vínculo entre ele e a Azlynn?
Bom, não posso ficar parado esperando que as respostas cheguem como um presságio. Fiquei em pé, arrumando a minha mochila nas costas e entrei mais fundo no bosque. Procurando um lugar tranquilo para praticar a minha magia.
O Coven era muito barulhento.
A convenção foi há três dias. E desde então, percebi que morar numa casa repleta de mulheres não era fácil.
Vanitas estava quase entrando em combustão.
Era engraçado presenciar ele fugindo da Dominique. Ignorando as tagarelices obscenas da Monalisa e discutindo com a Lorna.
Encontrei um lugar bem legal, próximo de uma nascente com uma água cristalina.
Tirei a minha mochila das costas, peguei a manta e estendi no chão.

- Você gosta de ficar isolado, né?

Sobressaltei, procurando o dono daquela voz irritante.

- Estou aqui em cima.

Ah, não...
Levantei o meu olhar. Daren estava estendido no galho de uma árvore. As suas mãos se mantinham atrás da sua cabeça. Não tivemos uma conversa saudável sobre tudo que aconteceu entre nós naquele suposto beco. Ele vinha me evitando por causa da nossa ínfima discussão e achei engraçado o seu comportamento. Daren não conversava comigo, mas ontem quando acordei, encontrei o Elfo dormindo do meu lado. E hoje pela manhã ele estava na minha cama de novo e quando questionei a sua presença no meu quarto, Daren agiu como se fosse uma atitude normal e não me respondeu.

- Espero que o galho quebre e você caia aí de cima e parta o seu crânio ao meio. - Falei num tom bem inocente.

- Uau, toda essa revolta foi porque não chupei o seu pau da forma que gostaria? - Daren pulou do galho da árvore e aterrissou no chão com uma leveza impressionante.

- Eu quero estudar, Daren. - Peguei o meu Grimório e folheei algumas páginas. - E não estou com paciência para os seus joguinhos maliciosos.

O Elfo sentou-se na manta e ficou me analisando compenetrado. Continuei lendo e ignorei aquela reação estranha.

- É perigoso sair sozinho sem avisar ninguém e ficar neste bosque. - Ele disse, arrastando o seu corpo para mais perto. Daren esticou o pescoço para bisbilhotar o Grimório e fechei o livro com força.

VANITAS - Memento mori Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ