Rios e Risos - FELIPE

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Felipe parece estar irritado, já estava andando a um bom tempo e o sol, bom, naquele dia, estava anormal. 

Ele e S/N estão passando a pé por uma estrada que não parece ter ninguém.

—Por que não viemos de carro? Isso é tão desnecessário.

—Você sabe dirigir? - perguntei.

—Não.

—Então para de reclamar, é o tempo todo reclamando.

—Qual o problema? As pessoas reclamam por tudo mesmo. E eu não estou falando de algo ridículo. Eu estou falando que ficar andando a pé no sol é de sacanagem.

 —Eu disse que poderia vir sozinha!

—É, eu devia mesmo ter deixado você comprar as coisas na cidade sozinha, pelo menos não precisava te aturar. 

—haha, muito engraçado. Já são quase 10h da manhã, desse jeito a gente vai chegar em casa depois do almoço.Eu apresso o passo, e vou em uma direção que não conheço.

—Você está perdida ou quer simplesmente ir mais longe para me irritar mais? Não é por ai, S/n!...S/n, ei surtada?! Me espera! - ele corre ligeiramente para me acompanhar.

—Não estou perdida...bom, não totalmente. Eu tenho quase certeza que já passei por aqui de cavalo com o Mateus.

— Você tem certeza mesmo? Então você sabe mais ou menos onde a gente tá?

—Se eu não estou enganada tem um rio aqui perto, a gente podia ir...

—Não, fala sério...—Qual o problema? você não tá morrendo de calor?

—Eu estou morrendo de calor, mas eu não vou entrar no primeiro rio que eu achar só porque você está dizendo.

—Felipe, é você quem mora por aqui... era pra você conhecer. e tudo bem se não quiser entrar, você leva todas essas coisas pra casa e eu fico aqui. - sorri irônica.

Ele se irrita e parece que vai falar alguma coisa, mas então ele se conta e fica calado. Caminhamos mais um pouco e por fim encontramos o rio que eu tinha certeza que já tinha visto.

—Tcharam! Não é incrível? Vou apenas dar um mergulho rápido para refrescar meus pés um pouco... - exclamei enquanto adentrava as águas do rio.

—É...Não vai muito pro fundo...- ele murmurou timidamente. - Olhei para ele com um sorriso encorajador, convidando-o a se juntar a mim na água.

—Não se preocupe, a profundidade não importa, a água está perfeita.  - incentivei, estendendo a mão para ele

Ele hesitou por um momento, mas finalmente cedeu.

Quando seus pés encontraram a água gelada, ele reclamou um pouco, mas até que foi pouco comparado ao que ele reclama normalmente. 

Ele olhou para baixo fingindo distração, deu um sorriso travesso e, sem que eu percebesse, levantou a perna, lançando uma sutil onda de água na minha direção.

— Ei! O que foi isso? - perguntei, rindo e balançando a cabeça para me livrar da água.

Ele deu de ombros, tentando manter uma expressão inocente, mas seus olhos brilhavam com diversão.

— Ah, foi sem querer! Acho que escorreguei um pouco... - ele tentou se justificar, com um sorriso malicioso brincando em seus lábios.

— Tudo bem, mas agora é a minha vez!Sem hesitar, peguei um punhado de água e, com um sorriso, devolvi a brincadeira. 

A guerra de água improvisada começou ali mesmo, com risos ecoando pelas margens do rio.

Quando me dei conta Felipe e eu nos entregamos à diversão, jogando água um no outro, como duas crianças. Corremos juntos pela água, sentindo a correnteza suave contra nossos pés e rindo, ele nem lembrava mais do sol que o incomodava tanto antes.

—Não vai muito para o fundo, surtada... por favor," ele pediu, com uma expressão suave de preocupação em seus olhos.

Tive vontade de perguntar qual o motivo de tanta preocupação, mas achei melhor não enche-lo de perguntas, aos poucos era ele que já estava na parte mais funda.

Quando saímos da água, claro, depois de dar aqueles "falsos" mergulhos. Nos sentamos na sombra de uma árvore.

—Você estava certa. -ele disse, seus olhos fixos no céu.

—Sobre? - perguntei, curiosa.

—Vamos chegar depois do almoço, mas não me importo. - ele respondeu, com um sorriso sereno.

— Nem eu. - respondi, sorrindo enquanto observava as gotas d'água escorrerem do cabelo preto dele.Continuamos sentados à sombra da árvore, apreciando a simplicidade do momento e deixando que o tempo fluísse sem pressa. 

— Sabe o que me preocupa? Que vamos ter que continuar andando para chegar em casa. - ele reclamou.

— Ih, o reclamão está de volta. - brinquei, rindo. 

Ele empurrou meu ombro de leve e retribuiu com um sorriso. Percebi, naquele instante, que nunca havia reparado no sorriso dele como fiz naquele momento. Quando ele percebeu meu olhar atento, suas bochechas coraram levemente.

— Pelo menos hoje eu vi seu lado divertido. - comentei, sorrindo.Ele retribuiu o sorriso, parecendo apreciar a observação.

— Bem, acho que às vezes é bom sair da rotina reclamona e se permitir um pouco de diversão, não é mesmo? - ele disse, brincando consigo mesmo.

Fiz que sim com a cabeça e me levantei, indicando que era hora de retomarmos a caminhada. Ele estirou a mão, pedindo minha ajuda para se levantar.

— Folgado, você hein! - brinquei, sorrindo enquanto o ajudava a se erguer.

 Quando ele estava de pé e eu prestes a caminhar, ele segurou meu braço.A suavidade do toque dele em meu braço fez com que eu parasse por um momento, olhando curiosa para ele. Seus olhos transmitiam algo mais sério, uma expressão que capturou minha atenção imediatamente.— Ainda não agradeci por hoje. - ele disse sinceramente. - Por tornar este dia tão especial

Eu sorri, ainda tentando entender por que uma ansiedade suave tomou conta de mim. Voltamos a caminhar, e dessa vez, Felipe não reclamava do sol, nem implicava tanto comigo. 

O silêncio entre nós era confortável, e a paisagem ao longo do caminho parecia ainda mais encantadora.

Quando finalmente chegamos em casa, as roupas ainda não estavam totalmente secas. Ninguém nos viu entrando, o que foi ótimo, pois pude ir direto para o quarto, refletindo sobre o dia especial que acabara de vivenciar.



oiiiii "misamores" , escrevi essa história curtissima por que vi pelos comentários quanta gente prefere o felipe, eu fiquei chocadaaa! mas não pensem que eu vou deixar o Mateus de lado, hein?  

se cuidem aí!

 Um cheiro. ♥

ONE SHOT ENTRE LAÇOS E AMASSOSOnde as histórias ganham vida. Descobre agora