—  Então… tá bom. — ela se vira e vai embora parecendo frustrada por não ter dado importância.

A garota que pegou o desodorante me devolve e eu coloco na bolsa me preparando para ir para casa.

    — Quem vem te buscar, hoje? — a curiosa Amélia perguntou.  Ela queria saber se era o Lorenzo que vem me buscar. Ela mais ou menos gosta dele. Amélia não assume, mas tá na cara.

— Eu acredito que seja o Lorenzo.  — ela levanta, pega a bolsa e me acompanha.
Eu dou um sorriso de canto de boca enquanto balançava minha cabeça de um lado para o outro.

    Amélia estava maluquinha por ele, que pena que Enzo não estava disposto para um relacionamento. Ele era um garoto muito jogado, uma hora tava aqui outra hora já tava em outra totalmente diferente. Ele terminou o ensino médio e já fui direto para faculdade de direito. Era  muito estudioso, apesar da vida que levava ele consegue conciliar o estudo com a vida maluca. Eu admiro aquilo nele, porque eu quase não consigo fazer nada por causa dos meus compromissos. Escola, ballet, igreja e muitas coisas para uma garota de 16 anos.

— Olha ele aí. — disse quando um carro cinza estacionou.

— É dele, esse carro? — Amélia perguntou vindo atrás de mim.

— Sim, ele ficou quase andando nas nuvens por causa do carro. O pai dele deu de presente por ter escolhido a faculdade de direito.

— E aí — ele me cumprimenta assim que entro. — Enzo está radiante por causa do carro, ele ganhou uns três dias atrás.

— Vamos dar carona a Amélia, tá bom? 
—  Beleza. — Enzo estava todo cheio de gíria.

     Ele não era realmente da minha família, porém o considerava como primo, pois era filho da melhor amiga da minha mãe. Desde pequeno a gente convive juntos.
  — Como é que você está se sentindo de carro novo? — pergunto logo assim que ele arranca com o carro.
— Esse HB20 é muito massa. Dá para o gasto. O motor é 1.0 de três cilindros.

— Dá para o gasto? Quanto foi esse dá para o gasto? — esperava a resposta olhando para ele com as sobrancelhas franzidas.

— Está na casa dos R $54.924,00.  — fala com o ar zombeteiro.
Levanto uma de minha sobrancelha para ele em questionamento.

— E você acha isso pouco? Ele dá muito mais do que só para o gasto. — reviro os meus olhos para ele entediada com essa conversa.
— Falou à garota que vai ganhar um Audi A3 quando for para faculdade. É um carro alemão, cara! E os equipamentos: Entre os principais itens de série do A3 estão freios ABS com EBD, controles de tração e estabilidade, airbags frontais, laterais e de cortina, ISOFIX, piloto automático, ACC, sensores de estacionamento, bancos com revestimento em couro, central multimídia com Bluetooth, espelhamento de smartphone, câmera de ré e navegação integrados, rodas de liga leve de 16”, 17” ou 18”. Esse carro é um monstro. — ele se empolga até demais contando os detalhes do carro.

— Além disso, em 6 versões. E o preço lá nas alturas, 2000 mil para lá.

— É, mas você não pode viver sua vida espelhada na dos outros. — Eu solto o tapa.

— Uiii, que esse foi forte, bate aqui. — ele levanta o antebraço para eu bater o meu, e assim eu faço.
— Um a zero para mim, contando. — comemoro e coloco os meus dois pés no painel do carro para apoiar.

    Eu olhei para ele que dirigia com a facilidade casual nas ruas asfaltadas. 

— Quando eu penso que para ganhar esse carro eu enganei o velho dizendo que estava em dúvida em duas profissões.  — eu arregalei os meus olhos não acreditando que ele fez isso.
— Pois é, falei para ele que estava entre arquitetura e direito e ele caiu como um patinho. —  viro o rosto para trás para poder olhar para Amélia. Ela ria achando tudo divertido.

Nas Pontas Dos PésWhere stories live. Discover now