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- Camilla. - Gritou meu chefe. - Venha aqui! - Eu já sabia o que ele queria, era o mesmo de sempre, me dar uma baita bronca e colocar a culpa nas minhas costas novamente.

- Já vou! - Eu disse com os dentes cerrados. Sempre sobrava pra mim naquela empresa.

Fui até a sala dele já com muita raiva, meu dia já tinha começado esplêndido. Eu sabia, que ele já iria me xingar por algo que eu nem ao menos sabia o que era.

Abri a porta, e lá estava ele, com o par de olhos lindos, que claro, era a única coisa boa nele. Por que fora isso ele era um rabugento. Ele fez um sinal que era pra sentar, fechei a porta atrás de mim e me sentei de frente para ele. Depois de alguns segundos resolvi perguntar, pra quebrar o silêncio que preenchia aquela sala, o que ele queria comigo.
Ele levantou a cabeça lentamente, me olhando como se eu tivesse obrigação de saber o que ele queria.

- Eu preciso que você vá na sala dos antigos documentos e procure um contrato com os franceses, o mais recente, eles querem uma nova proposta e precisamos colocar o documento em dia, com os novos preços das mercadorias. - Ele explicou bem calmo. Por glória de Deus, daquela vez, não era uma bronca. Era alguma coisa pra fazer. - Refaça a Tabela de preços e passe tudo para documento em PDF. Depois me mande por e-mail. -Assenti e me levantei. - Acha que consegue? - Ele me olhou como se eu não soubesse fazer qualquer coisa que fosse.

"Ta achando que eu não sei fazer nada? Ta me chamando de retardada?" Eu quis dizer.

- Acho que sim. - Foi o que eu disse pra poder evitar constrangimentos e não correr o risco de perder o meu emprego.

- É bom que consiga, preciso até o final do dia. - Ele me encarou e deu um sorriso cínico. Assenti mais uma vez e lhe dei as costas.

Saí de lá e fui direto para a sala dos documentos antigos da empresa, eu odiava aquela sala, só tinha coisa velha e tudo estava empoeirado, me dava nos nervos.

- Vou mostrar para aquele chato de galochas, que eu sou uma ótima profissional... Vamos Camilla, você pode! - Sussurrei pra mim mesma. - "Atim". - Espirrei assim que entrei naquela sala horrenda.

Achei três contratos feitos com França. Um de dois mil e dois, um de dois mil e nove e outro de dois mil e onze. Ele disse que era pra pegar o mais recente, mas, peguei os três. Primeiro por que eram de mercadorias diferentes e segundo que ele disse que era pra por tudo em dia. Decidi passar tudo pro computador e tirar cópias para as folhas ficarem novas, aquilo tava um lixo.

Eu estava à seis meses na empresa Furtado fazendo estágio para concluir minha faculdade de contabilidade, eu dei sorte de conseguir achar um trabalho nesta empresa, é uma das maiores empresas de Computadores e Smartphones do Brasil que fornece mercadorias para diversos lugares do mundo. Era bom trabalhar ali, mas, tinham duas desvantagens:

A primeira é que: meu salário ainda era uma merreca, mas melhoraria depois que eu concluísse minha faculdade, se eu continuasse ali.

E a segunda (pior de todas): Era meu chefe, Bernardo Menezes. Ele não era o dono de toda empresa, só o gerente da área de contabilidade, mas mandava e desmandava em mim, e, claro, eu tinha que obedecer, pois, se caso isso não acontecesse, eu seria despedida. O que me deixa confusa é que, como um homem tão lindo e com olhos verdes iguais a esmeraldas (que deixa qualquer uma caidinha, menos eu, por que eu estou bem atualizada de que as aparências enganam), pode ser tão arrogante e um chato de galochas. Só sabe mandar e xingar, nunca anda com bom humor e o pior de tudo é que, eu sou um capacho pra ele, eu sou "a esquisita novata que não sabe fazer nada certo". Só que eu estou decidida a mostrar para ele que eu sou uma excelente profissional.

Amor não se escolhe, AconteceOnde as histórias ganham vida. Descobre agora