- Entre Linhas e Fases: A Timidez do Amor

Capítulo 2

A lembrança do sonho me acompanhou durante todo o dia seguinte, influenciando sutilmente minhas escolhas e perspectivas. Era como se uma sombra do mundo onírico ainda pairasse sobre mim, desafiando-me a compreender seu significado oculto.

Depois daquilo eu não consegui dormir mais. O som estridente do despertador me interrompeu no silêncio da manhã, arrancando-me abruptamente do pouco sono que consegui alcançar. Com os olhos ainda embaçados e o coração acelerado, lancei um olhar para o relógio e meu estômago se contorceu em agonia. Eram 06:52 e faltavam oito minutos para fechar o portão da escola.
Depois de um longo tempo encarando o relógio fui despertada pela minha mãe me chamando. Quando me dei conta tinha ficado em transe por alguns minutos. Eu estava atrasada.

Levantei-me apressadamente, lutando contra as ondas de exaustão que ameaçavam me arrastar de volta para a cama.

Enquanto eu corria de um cômodo para o outro, vestindo-me às pressas e reunindo minhas coisas, as imagens do encontro com os dois ainda pairavam no fundo da minha mente, como sombras indomáveis que se recusavam a se dissipar.

Finalmente, saí pela porta, com o coração ainda palpitando descompassado e a mente mergulhada em um redemoinho de emoções conflitantes. O dia mal começara, mas eu já sentia o peso das horas turbulentas que estavam por vir.

Enquanto eu me preparava para sair de casa, uma tempestade leve começou a se formar do lado de fora. Logo percebi que estava atrasada e senti a pressa aumentar à medida que olhava para o relógio. No entanto, em meio a essa urgência, peguei uma maçã da fruteira e decidi dar uma mordida e ir comendo no caminho.

Com a mochila sobre à cabeça e a maçã pela metade nas mãos, me apressei em direção à porta.

Ao abrir a porta, fui recebida por uma rajada de vento gelado e gotas de chuva que dançavam no ar.

07:14 am ~
Cheguei à escola com a respiração ofegante e os cabelos encharcados pela chuva. Eu sabia que estava atrasada e me sentia desconfortável com a ideia de entrar na sala de aula enquanto todos os olhares se voltavam para mim. A sensação de apreensão me tomou conta quando percebi que teria que explicar o atraso ao professor.

Ao entrar na sala, fui recebida por olhares curiosos e sussurros abafados entre os colegas. Eu podia sentir o peso do constrangimento em meus ombros enquanto se dirigia à sua carteira. O silêncio que pairava sobre a sala parecia amplificar minha própria autocrítica, me levando a questionar minhas escolhas e a capacidade de lidar com contratempos.

Enquanto eu tentava me recompor após a chegada tardia, o professor dirigiu-se a mim com um olhar severo e uma voz firme. Eu senti o peso das palavras repreensivas ecoando em minha mente, como se cada sílaba fosse um lembrete doloroso de minha falha. A sensação de desapontamento comigo mesma cresceu à medida que as palavras do professor me atingiam em cheio.

Enquanto ouvia a bronca, me vi dividida entre a vergonha e a determinação de não permitir que aquele momento definisse meu dia por completo.
Geralmente não era assim, nada verdade nunca fui assim mas como eu falo e tento acreditar isso é um "recomeço."

09:30 am ~
Durante o recreio, decidi encontrar um lugar tranquilo para saborear minha maçã pela metade e continuar a leitura do meu livro em paz.

Ao encontrar um banco isolado sob a sombra de uma árvore frondosa, me sentei e me preparei para desfrutar de uma pequena pausa. No entanto, antes que eu pudesse dar a primeira mordida na maçã, uma voz familiar me fez erguer os olhos. Não era tão familiar, só havia ouvido uma vez.
Era o menino que eu havia conhecido no dia anterior, e ele parecia tão surpreso quanto eu por se encontrarem novamente.

A troca de olhares revelou uma mescla de curiosidade e desconcerto mútuo. Eu me senti intrigada com a coincidência do encontro e, ao mesmo tempo, uma onda de incerteza me envolveu. Eu me perguntei se aquela era apenas uma casualidade do destino ou se havia algo mais significativo por trás da repetição do encontro.