8º Capítulo: Toda Lua tem seu céu e todo Sol sua sombra...

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- Diga a verdade. – pediu gentil.

A caçadora apenas bufou e virou-se, tentando escapar da aproximação cada vez maior e mais intima do vampiro.

- Mayara! – segurou-a delicadamente pelo pulso.

- Me solte!

- Então me diga a verdade!

- Tááá!! Ele apenas disse que não me deixaria em paz até ter as informações que queria! Satisfeito? – impacientou-se Mayara, puxando o pulso para si e livrando-se de Marcos.

- Que informações?

- Sobre você! – respondeu sem encará-lo e andou até a sala.

- Quer dizer que você está se arriscando ainda mais por minha causa? – começou a segui-la.

Permaneceu calada, apenas ligou a televisão e deitou no sofá. Tentava aparentar estar o mais tranqüila possível.

- Mayara, para quê se arriscar tanto por mim? Diga... Diga o porquê! – ajoelhou-se na frente dela, ficando entre ela e a televisão, bloqueando a visão da humana.

Mayara apenas mordeu de leve o lábio inferior e ficou encarando o nada. Não queria olha-lo nos olhos e muito menos dizer o porquê.

- Pare de desviar o olhar e me encare! Vamos mulher! – Marcos havia perdido a paciência e a chacoalhava pelos ombros.

- Não! – ela quase berrava.

- ME ENCARE! – ele apertou fortemente os ombros de Mayara, chegando a machucá-la com suas unhas.

- PARE! – ordenou ainda sem encará-lo e fechando fortemente os olhos. – VOCÊ ESTÁ ME MACHUCANDO!

- ENTÃO, ME ENCARE, MULHER! – levantou-a pelos ombros.

- PARE MARCOS! – continuava de olhos fechados por medo e teimosia.

- OLHE PARA MIM! – jogou-a novamente no sofá.

Mayara apenas permaneceu com os olhos fechados e se encolheu no sofá, estava assustada. Pela primeira vez em sua vida sentia tanto receio de um vampiro.

- É isso Mayara? EU A ASSUSTO? – perguntou aproximando-se perigosamente dela, ao perceber o temor que a ela emanava. – VAMOS! DIGA-ME!

Contudo, no momento em que ele estava prestes a agarrá-la novamente, sentiu seu rosto arder fortemente. Ele havia levado um tapa de Mayara! E quando voltou a si, percebeu que os olhos da mulher que tanto desejava estavam repletos de lágrimas e, finalmente, o encaravam, mas cheios de magoa.

- Sim... Você me assusta Ac'Daro... – respondeu com a voz embargada.

- Mayara... Eu... – ele a havia feito chorar pela segunda vez consecutiva e isso o feria. Que espécie de vampiro era ele? Deveria ser um demônio e não um apaixonado... Tentou se desculpar, mas assustou-se ao perceber, pela primeira vez, que os ombros da mulher sangravam.

- Amanhã à noite, minha irmã e minha sobrinha virão visitar o apartamento... Sugiro que saía para ir dar uma volta quando eu for trazê-las. – avisou, ainda controlando as lágrimas para que não jorrassem pelo rosto. – Poderia fazer isso com cuidado, vampiro? – perguntou se levantado e ignorando a dor aguda nos ombros.

- Perdoe-me... – tentou aproximar-se dela. Sentia-se pior do que antes. Parecia que todo o seu ser definhava de arrependimento a cada passo que dava.

- Poderia? – limitou-se a apenas tentar retomar ao assunto anterior, fingindo ignorar as suplicas do vampiro.

- Mayara... Deixe-me cuidar de você... – pediu, voltando a se aproximar quando a percebeu se afastar ainda mais dele. Marcos tentava, em vão, cuidar dos ferimentos que havia feito no ombro dela.

- Não precisa! – afastou-se rapidamente do vampiro, como se temesse o seu toque.

- Mayara, eu... – mas antes que completasse a frase, Mayara saíra correndo até o banheiro e trancou-se lá dentro. – Perdão... – sussurrou apoiando-se na parede e se dirigindo até a porta do banheiro.

Mayara jogou a roupa no chão e se enfiou debaixo do chuveiro, deixando a água escorrer pelo corpo e lavar seus ferimentos e magoas.

- Me perdoa Mayara... – pediu Marcos encostado na porta do banheiro.

Ao ouvir o pedido lamentoso de perdão, Mayara começou a chorar descontroladamente. Abraçou o próprio corpo e caiu de joelhos no chão, abaixando a cabeça e deixando as lágrimas se difundirem com a água que caia sobre seu corpo. Seus ombros ardiam fortemente e o seu coração parecia partir-se devido à forte dor que sentia em seu peito.

- Quero ficar sozinha... – pediu chorosa, ainda abraçando o próprio corpo.

- Como queira... – murmurou com pesar e em poucos segundos já havia deixado o apartamento da caçadora.

O Destino da EscolhaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora