Assim que o sol já havia se posto, Marcos começou a abrir seus olhos. Sentia-se péssimo, parecia que havia sido atropelado por um caminhão. Nunca, em toda a sua existência vampírica, havia tido um despertar tão insuportável.
- Aaaah droga! – reclamou ao se levantar da cama e sentir os seus músculos doloridos o incomodarem ainda mais. – Aquela briga me deixou quebrado...
Enquanto se alongava ao lado da cama, tentando relaxar, prestava atenção nos sons e cheiros ao seu redor. Não conseguia sentir a presença de Mayara pela casa. Forçou um pouco mais a sua percepção e sentiu a cabeça latejar.
- Droga! – sentou-se na cama e apoiou a testa nas mãos. – Ou ela usou seus dons de caçadora e se camuflou, ou... – olhou para cima e estralou o pescoço para aliviar a tensão. – Saiu e me largou aqui...
Durante as tentativas de Marcos de se recuperar do péssimo sono, Mayara já se encontrava dentro de seu apartamento, próxima à porta de seu quarto, prestando atenção aos ruídos e movimentos que sentia vir do local. Quando ouviu passo e percebeu que o vampiro já se dirigia até a porta para sair de seus aposentos, sentiu seu corpo gelar. Lembrou-se que não queria encará-lo tão cedo depois daquela briga, mas precisava informá-lo sobre Bruno.
A porta do quarto se abriu e os olhos vermelhos de Marcos surgiram. A caçadora firmou seus pés e determinou-se a permanecer ali. Não fugiria dele.
- Mayara!? – surpreendeu-se o vampiro. Não esperava encontra-la assim, parada à porta, esperando-o sair. Ainda sentia um incomodo em seus músculos, mas tentou disfarçar. – O que faz aqui? Pensei que havia saído.
- Aqui é a minha casa, vampiro. Não preciso lhe dizer o que faço aqui.
- Mas você me esperava. O que quer de mim, humana?
Mayara serrou os pulsos. Estava ficando tensa na presença de Marcos, a imagem da briga teimava em continuar invadindo sua mente.
- Apenas queria dizer que eu encontrei um caçador na cidade, ou melhor, ele me encontrou primeiro...
- E eu com isso? Um caçador a mais... Um caçador a menos... Para mim não faz diferença. – o vampiro tentava esconder a sua surpresa e apreensão com a notícia.
- Mas deveria fazer, pois esse caçador é um dos melhores. E chama-se Bruno.
- É o Bruno Lispector!? – espantou-se Marcos. Agora não tinha como disfarçar a inquietação.
- Provavelmente sim... Ele não me disse seu nome completo...
- E... E ele fez alguma coisa com você? – antes que se dêsse conta, Marcos segurava-a gentilmente, buscando algum ferimento no corpo da caçadora. Seus olhos tinham um ar de profunda preocupação e zelo por ela.
- Não... – Mayara desviou o olhar para não encará-lo. Aquele olhar cuidadoso a fazia vacilar. Tinha que se demonstrar fria e indiferente perante ele. – Não se preocupe, vampiro. Eu sei me virar!
Marcos ignorou a frieza da caçadora e continuou a segura-la e a analisá-la para certificar-se de que estava mesmo bem. Mas, enquanto passava os olhos por seu corpo, o vampiro não pode deixar de reparar em suas curvas e delicadezas novamente. Sentia-se perdidamente atraído por ela e por mais que tentasse, não conseguiria negar isso.
- Ele a ameaçou ou algo do gênero? – subiu uma de suas mãos até o rosto da mulher, acariciando-o. No entanto, quando a encarou nos olhos, percebeu a caçadora desviar o olhar.
- Não... – mentiu.
- Mayara... – ele sentia a mentira em sua negativa rápida.
- Quê? – estava nervosa e irritada com a insistência.
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O Destino da Escolha
FantasyUma ex-caçadora e um vampiro têm um destino compartilhando. Aquele encontro, com certeza, não fora obra do acaso. Por algum motivo, estavam destinados a se encontrar e permanecerem juntos. Em um mundo repleto de seres místicos e perigos camuflados p...