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   Quackity se viraria brutalmente apontando a lanterna diretamente para o rosto do vampiro, esse que franziu o cenho e fechou os olhos com a luminosidade, soltando um pequeno grunhido, dando chance ao padre para tentar prendê-lo, mas Wilbur era esperto, era um vampiro com uma idade e experiência avançada. Se afastaria no momento em que a lanterna atingiu seu rosto. O de cabelos pretos, vendo que perdeu sua oportunidade, iria bufar, agora apontando sua crossbow para o de pele pálida.

  —" Tsk... sério? – Wilbur zombou, colocando uma mão a frente do rosto, cobrindo a luz da lanterna que ainda atingia diretamente seu rosto. —" Eu pensei que os caçadores estavam mais...

  —" Cale a boca, sanguessuga.

  O padre falaria por cima do vampiro, possuindo um tom agressivo e cansado, fazendo com que ele levantasse as sombracelhas, surpreso, revirando os olhos logo em seguida. Antes que pudesse falar algo, seria cortado novamente por Quackity.

  —" Sou agente da AAV, Associação Anti-Vampiros. E por causa justa, serei obrigado a eliminá-lo.

  Ele continuaria, abaixando a lanterna, um sorriso convencido brincando em seus lábios, apontando a flecha de sua crossbow diretamente para o peito do vampiro. Wilbur iria apenas colocar as mãos para trás do corpo, sabia tentar impedi-lo com ações só iria deixar seu corpo desgastado e estava um tanto zonzo, bêbado com o sangue que tinha bebido a poucos minutos atrás.

  —" Meu nome é Wilbur, Wilbur Cullen.

—" Não tente mudar de assunto vampiro de merd-

  —" Martini? Quackity Martini? Já ouvi falar de você!

  Quackity iria apenas calar a boca, arregalando os olhos, como diabos aquele Vampiro sabia seu nome? O padre não usava nenhum distinvo em suas roupas, ele tinha todo o cuidado para não ser descoberto. Sabia que qualquer vampiro tiraria vantagem de qualquer tipo de informação sobre a AAV.

  —" Como caralhos você-

  —" Que bom te conhecer! Como foi a pregação hoje?

  Wilbur iria sorrir, suas presas pontiagudas brilhavam sobre a pouca luz do local, claramente teria se alimentado recentemente, sua boca ainda estava suja com sangue. O vampiro sabia de todas essas informações pelo fato de sempre estar as espreitas, ele notou como acontecia vários assassinatos de vampiros perto de uma igreja em específico, e como sua vida era tediosa, porquê não meter o nariz onde não foi chamado? O padre apertaria sua crossbow, um tanto irritado com as atitudes de Cullen, mas sabia que não poderia vacilar agora, qualquer passo ou palavra errada iria acabar com sua morte ou com a extinção da AAV.
  O vampiro iria deixar seu olhar voltar para a crossbow, vendo como Martini lentamente começava a abaixar, relutantemente tirando o de cabelos castanhos da mira de sua arma. O padre bufaria novamente.

  —" Estamos quites?

  Wilbur falaria, claramente sugerindo um acordo, onde ele não revelava as informações de Quackity para outros vampiros enquanto Martini o deixasse vivo. Ele apenas receberia uma careta como resposta, o de cabelos escuros também balancaria a cabeça em negação.

—" Não. De acordo com a palavra de Deus, nós nao devemos chegar perto e nem fazer acordos com o inimigo.

  O vampiro reviraria os olhos, os braços ainda atrás do corpo, desviaria o olhar para o lado e começaria a caminhar lentamente ao redor do padre, como caça e presa.

—" Por favor... Martini. Vai me dizer que você nunca cometeu um pecado antes?

  Cullen falaria em um tom sarcástico e baixo, o solto de seus sapatos sociais fazendo barulho sobre aquele chão velho de madeira. Iria sorrir, deixando com que uma de suas presas aparecesse  antes de morde o labio, suas palavras pareciam ter um certo poder sobre o padre.
   Sim, Quackity já tinha cometido um pecado antes. Martini em sua adolescência era rebelde que se envolveu em um relacionamento tóxico. Jschlatt era o nome dele, não se importava com o bem estar dos outros, nem mesmo com quem naquele tempo era seu namorado, ou como ele gostava de chamar, sua puta. Homossexualismo não era bem visto por alguns cristãos, mesmo que em nenhuma parte da Bíblia esteja explícito que a homossexualidade era um pecado.
   Martini teria sofrido na mão de Jschlatt, ele se lembrava vividamente das coisas que ele fazia e falava, mesmo que isso tenha sido a mais de 5 anos atrás. Seus pais não apoiavam o relacionamento, e Quackity não estava tão saudável psicologicamente o que ajudou na manipulação por parte de sua mãe, que o induziu a seguir os caminhos da igreja e foi exatamente isso que fez. Mas não era como se seu desejo romântico pelo gênero masculino tenham sumido.
  O de cabelos escuros ficou claramente desconfortável, fechando ainda mais as mãos em punho, o cenho franzido. Ele apenas ficaria calado.
  Wilbur, vendo que o padre não queria tocar no assunto e nem falar, iria deixar um sorriso satisfeito brincar em seus lábios. E porque não quebrar o silêncio com uma simples canção?

—" Bernadette, you are my liberty. – Ele começaria, seu sotaque britânico ficando claro. —" I celebrate the day... that you change my history.

—" Cale a boca.

  O tom neutro mas agressivo de Quackity o surpreendeu, mesmo assim, o vampiro continuaria com o mesmo sorriso no rosto, agora um tanto confuso.

—" O que foi? Eu achei que voc-

—" Cala a boca.

—" Mas gatinh-

O jogo tinha virado, agora quem estava cortando as falas era Martini, seu tom de voz ficando mais áspero a cada palavra que saia de seus lábios. Irritado e miserável, era como se sentia no momento, como caralhos um sanguessuga teria conseguido o deixar daquele jeito apenas com uma simples pergunta? Ele era tão sensível assim com coisas do passado?

—" Vá embora.

  O que caralhos ele estava fazendo? Era pra ele matar ou pelo menos prender aquele vampiro! E não apenas mandá-lo embora como se estivesse desistido ou apenas mudado de ideia. Porque tinha ficado tanto sensível por causa de memórias do passado?
  Wilbur apenas ficaria calado, sua face ficando neutra, olhando rapidamente para o lado, esperaria mais alguns breves segundos, queria se certificar que não era apenas uma brincadeira do outro, e com certeza incerteza, iria apenas sumir nas sombras e deixar o padre sozinho.

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  Quackity entraria em seu carro, e com um suspiro cansado, jogaria suas coisas no banco de trás de seu carro. Até tinha pensado na possibilidade de largar sua vida de assassino de vampiros e ser so mais um padre normal, mas já era tarde de mais, e provavelmente aquele vampiro que tinha encontrado hoje iria espalhar suas informações para o resto dos sanguessuga malditos.
  Nem teve tempo de abrir a porta de sua casa para perceber barulhos estranhos do lado de dentro, era como se alguém estivesse vasculhando suas coisas e principalmente, por quê sua geladeira estava aberta.
  E depois de hesitar alguns segundos, iria girar a maçaneta. Estava preparado para tudo, menos ter que encontrar aquele mesmo vampiro na cozinha de seu apartamento.

[🦇] 𝙱𝚎𝚕𝚊𝚜 𝚙𝚛𝚎𝚜𝚊𝚜 - 𝐓𝐍𝐓-𝐃𝐔𝐎Where stories live. Discover now