[+18] ÍNDIGO - Conexões De Uma Noite

CAPÍTULO 04 - O DIABO VESTE TERNO

"Parece que você faz de propósito

Você sabe que tá muito errada

Você tá com aqueles saltos que deixam seu corpo perfeito

Com aquele vestido colado, não tem nada faltando

Eu só quero ver como você reage com minha mão no seu pescoço."

Chris Brown - Views

Johnatan Carvalho

Intrigado.

É a palavra que eu usaria para descrever os poucos minutos que acabei de presenciar. Mais alguns segundos paralisado pela energia que senti emanando dela e eu me transformaria em uma estátua dentro desse elevador, pensando nas mais perversas formas de puni-la pelo comentário, por sorte, seu anjo da guarda a salvou das consequências.

Saio em direção à sala do Souza. Abro a porta de madeira sem bater e o vejo falando no telefone, relaxado em sua cadeira que poderia facilmente custar um carro popular, com os pés sobre a mesa. O maldito cheiro de charuto já faz parte do ambiente.

As rugas na testa formam uma expressão surpresa ao me ver e desliga a chamada imediatamente.

— Johnatan, meu querido! — diz, abrindo os braços, com seu tradicional terno azul com riscas de giz, se levantando da sua cadeira e caminhando em minha direção.

— Diana Rangeli. — exclamo, antes que ele possa chegar próximo o suficiente para um abraço e ele cessa seus movimentos. — Esse sobrenome, é quem eu estou pensando?

— Filha do Paulo Rangeli? — Respira fundo. — Isso mesmo.

— E quando pretendia falar sobre isso?

— Eu disse para você não aceitar todas as indicações do Heitor, não disse? — Gesticula com as mãos. — Agora ela será um bom motivo para não arrumarmos um belo problema com esse maldito filho da puta!

— Não iremos discutir sobre as indicações do Heitor, são minhas ordens. — Me acomodo em uma das poltronas, enquanto ele se senta em outra, preenchendo um copo de cristal com whisky que está sobre a mesa.

— Me acompanha? — Ergue o copo na minha direção, o que me dá vontade de quebrar seus dentes pela pergunta.

— Já sabe a resposta. — É claro que não. — O que sabe sobre ela? — Retorno ao assunto da conversa.

— Quase ninguém sabe que o Paulo tem uma filha, ele a criou para ser tão grande quanto ele. Sempre a manteve fora da mídia, dos jornais, da TV e coisas assim, principalmente depois do que aconteceu com sua ex-esposa. Olhei seu currículo e ela é formada na Wharton School, fala diversos idiomas. A garota é uma máquina, além de ser gostosa para caralho.

Disso eu tenho absoluta certeza.

— Universidade da Pensilvânia? — Ergo a sobrancelha, curioso, fingindo não dar a mínima para o último tópico citado pelo Souza.

— Sim, a mesma daquele cara dos foguetes e o ex-presidente dos Estados Unidos, todos esses caras que se acham os donos do mundo.

— Então o Heitor não errou na escolha... — O encaro, apoiando um dos cotovelos na poltrona, massageando o queixo. — A julgar pelo currículo, ela é mais preparada que você.

O Souza comprou 20 por cento da empresa ainda no início, antes mesmo de ter conhecido o Heitor, era o capital que eu precisava no momento para alavancar toda a operação. Ele não tem nenhuma formação especial, como ela. Eu precisava de um CEO e ele foi a primeira pessoa que pensei, o Heitor me dá puxões de orelha até hoje por isso.