Um olhar de amor

Capítulo dois

Graças a Deus, pensou Zee, quando Nunew finalmente concordou em ir com ele.
Essa moto tinha assustado a merda fora dele. Ele não tinha pensado, tinha apenas agido para salvar ambos.
Agora, seus instintos como um cavalheiro o tinha feito agarrar sua mochila.
Nunew imediatamente pulou para trás.

- Por favor, não.

Nunew cuidadosamente proibiu aquele flash rápido de medo antes de dizer:

- Eu posso levar minha própria mochila, obrigado.

A forma como Nunew saltou fora de seu alcance poderia ferir o ego de um cara se ele deixasse. Ao mesmo tempo, Zee sabia que era apenas um sentido bem claro de alguém estar em guarda com um cara estranho em uma situação como esta.
Infelizmente, enquanto caminhava para seu carro, Zee se viu incapaz de tirar os olhos de suas curvas docemente arredondadas.
Ele e seus irmãos gostavam da conquista — e muito — mas eles jamais iriam fazer qualquer coisa perigosa ou possuir alguém contra a vontade. Não, eles preferiam ter seus parceiros implorando por isso.
E não era o momento para pensar em sexo. Não quando tinha um cara em apuros em suas mãos... bem, em seu carro, pelo menos, desde que tinha
prometido a ele que suas mãos não o tocariam. Sabendo que o interior em couro nunca ia ser o mesmo após a água e lama atingi-los, Zee abriu a porta do lado do motorista e deslizou para dentro. Vapor subiu de suas roupas, a condensação cobrindo o interior das janelas, fazendo o carro se sentir ainda mais íntimo do que já era. Zee não pode deixar de notar que seu passageiro surpreendentemente cheirava a chuva e flores recém florescidas.

- Onde você estava indo?

Perguntou Zee.
Em vez de responder a sua pergunta, Nunew disse:

- Se você pudesse me levar para o motel mais próximo, isso seria ótimo.

Nunew parou por um momento antes de acrescentar:

- Em algum lugar barato seria melhor.

Com seus planos para a noite sendo completamente esquecidos, juntamente com o fato de que ele estava tentando reprimir a forma como o cheiro dele estava o enlouquecendo e a voz de Zee saiu mais áspera do que o habitual, quando ele ofereceu:

- Olhe, tenho um lugar livre para você ficar para a noite. Podemos chamar a assistência rodoviária de lá.

Seria melhor esperar até que ele estivesse seco e quente novamente para lembra-lo que, apesar da assistência rodoviária ser capaz de puxar o carro para fora da vala, eles provavelmente não seriam capazes de fazê-lo funcionar novamente.

- Obrigado pela oferta,

disse Nunew, suas palavras ainda cautelosas porém firmes também.

- Realmente, um motel é bom.

Nunew encolheu os ombros, uma sombra de movimento de ombros no escuro interior de seu carro.

- E não se incomode em ligar para assistência rodoviária. Do jeito que está eu poderia muito bem deixar o meu carro na vala.

O esgotamento de sua voz lutou com uma força subjacente pelo domínio. Enquanto ele claramente não tinha o dinheiro para lidar com tudo isso, mas não estava sentado em seu carro chorando sobre isso. Zee sabia que ele devia apenas levá-lo para um motel. Deus, ele sabia que o rapaz lhe disse para fazer isso mais de uma vez já. Mas não havia nenhuma maneira que poderia deixá-lo em algum motel úmido. Não, se ele queria ser capaz de olhar-se no espelho de manhã sem ver a palavra idiota escrito na testa. Além disso, todos os instintos que possuía lhe diziam que ele precisava de mais ajuda do que apenas um passeio para um motel.
Zee tinha aprendido cedo com sua mãe e irmãos para não mexer com o que uma pessoa queria. Ele sabia, sabia que este rapaz ficaria chateado com o que ele estava preste a fazer.
Mas nada disso, nenhuma das campainhas de alarme que  ligaram em sua cabeça, foram o suficiente para impedi-lo de tomar a decisão de ajudá-lo de qualquer maneira.
Ele girou a chave na ignição e cuidadosamente puxou para trás na estrada, ele percebeu que não sabia o nome do rapaz. Considerando que estava levando-o para o calor e o conforto da casa de hóspedes de seu irmão — ele querendo ir para lá ou não — ele pensou que um pouco de formalidades não seria uma coisa ruim.