A Espada de Ébano Vivo

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Nas eras antigas de Thaloria, onde o tempo dançava com a magia e os corações pulsavam em sintonia com os elementos, floresceu um amor que desafiou as fronteiras da mortalidade. Camila, a Heroína das Sombras, encontrou nos campos de um vilarejo humilde uma paixão que transcendia as páginas dos contos e se entrelaçava nos segredos sombrios de seu próprio ser.

Lilia, uma simples camponesa, cativou Camila com sua simplicidade e pureza de espírito. Sob o céu estrelado de Thaloria, as duas compartilharam risos, sonhos e promessas que ecoavam pelas margens do tempo. O sorriso de Lilia, como a luz de uma estrela distante, iluminava os cantos mais escuros do coração imortal de Camila.

Os anos passaram, mas o amor delas permaneceu intocado pelo peso do tempo. A mortalidade de Lilia tornou-se a essência da beleza efêmera, um lembrete constante da fugacidade da vida. Camila, envolta na eternidade, testemunhava as estações da existência de Lilia, desde o frescor da juventude até os traços suaves da idade.

À medida que Lilia envelhecia, Camila sentia a dor de uma imortalidade que separava os amantes. Cada ruga que se formava no rosto de Lilia era como um toque delicado na alma de Camila, que ansiava por compartilhar a eternidade com a amada. No entanto, Lilia encontrava beleza na efemeridade, nas estações da vida que tornavam cada momento precioso.

A fenda entre elas cresceu, alimentada pela paixão e pela angústia. Camila, determinada a preservar esse amor, embarcou em uma jornada nas profundezas proibidas da magia, buscando uma resposta que transcendesse as leis naturais.

Em sua busca desesperada por uma resposta que transcendesse as barreiras entre a mortalidade e a imortalidade, Camila mergulhou nas entranhas proibidas da magia. Cada passo que ela dava era uma trilha perigosa, guiada pela ânsia de manter viva a chama do amor que ardia em seu coração imortal.

Lilia, relutante em compartilhar os detalhes dessa jornada sombria, via nos olhos de Camila uma determinação que, de alguma forma, a atraía e a amedrontava. Camila, entretanto, conhecia a necessidade de uma resposta rápida, antes que o tempo separasse suas almas ainda mais.

O ritual, envolto em mistérios insondáveis, prometia unir a mortalidade de Lilia à imortalidade de Camila. No entanto, as sombras que dançavam ao redor do altar ritualístico pareciam sussurrar advertências que foram ignoradas pelo desejo desesperado de Camila.

Ao realizar o ritual, o cosmos estremeceu com uma energia proibida. O véu entre os mundos estremeceu, mas ao invés de proporcionar a união desejada, o ritual desencadeou uma espiral caótica de eventos. Lilia, presa entre o plano mortal e o etéreo, via sua essência escorrer como areia entre os dedos.

Camila, movida pelo pavor de perder a essência que tornava Lilia única, agiu impulsivamente. Em um ato de desespero, ela forçou a essência de Lilia em uma espada de ébano, selando o destino delas em um artefato sombrio. O olhar de Lilia, marcado pela dor e incredulidade, refletia o horror de um amor que se perdia nas sombras.

Lilia, agora presa em uma espada de ébano, tornou-se um eco doloroso de sua própria existência. Camila, desesperada para manter viva a chama do amor, forçou Lilia em uma escolha que marcaria o destino de ambas. As lágrimas que caíam de Lilia eram como gotas de chuva em um jardim esquecido.

Os anos se passaram, e a tragédia desdobrou-se como um conto sombrio. O vilarejo, antes lar do amor entre Camila e Lilia, tornou-se um cenário de desconfiança e suspeita. Cada explicação dada por Camila apenas alimentava as chamas da desconfiança.

Numa noite sombria, bandidos invadiram o refúgio de Camila, e um deles, inadvertidamente, tomou a espada de ébano. Lilia, agora aprisionada na lâmina, encontrou uma forma de retaliação. Controlando o bandido, forçou-o a tirar a vida de Camila, em um ato de vingança que transmutou o amor em um eco de dor.

O destino cruel prendeu Lilia na imortalidade, em um corpo inanimado escondido em ruínas sombrias. Ela passa seus dias, observando o tempo escorrer, lembrando-se do amor que se transformou em um lamento eterno. O que era para ser um símbolo de eternidade tornou-se uma prisão sombria para Lilia, e ela aguarda em silêncio, esperando que ninguém a descubra, pois perdeu tudo naquele dia em que Camila tirou o que era dela.

A espada de ébano, agora uma testemunha silenciosa do amor perdido, permanece oculta nas sombras, e Lilia, prisioneira de sua própria imortalidade, passa os dias, perdida entre lembranças e a dor de um amor que se desfez. O que resta é uma alma aprisionada, espreitando entre as ruínas, aguardando o abraço do esquecimento.

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⏰ Last updated: Jan 05 ⏰

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Histórias de ThaloriaWhere stories live. Discover now