Capítulo 3

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— Sua nova psicóloga jurídica. — não me apresentei imediatamente.

Um sorriso zombeteiro beirou seus lábios.
— Não pedi a ninguém para avaliar minha personalidade. — me encarou de perto, onde pude perceber suas tatuagens pelo pescoço, tentei não me concentrar naquilo.

— Mais pelo visto precisa, já que fui mandada até aqui. — Me senti desafiada. Os olhos dele escureceram, parecia ter algo passando em sua mente naquele exato momento.

— Não precisa ter trabalho. — me deixou confusa.
De repente, senti minha mão ser agarrada, logo estava batendo contra o peitoral de alguém e tendo a cintura agarrada segundos depois.

Meu coração bateu descompassado, o barulho ao redor me fez pensar que os guardas estavam em alerta ameaçando adentrar o local em que estávamos por conta daquela situação.

Meu rosto levantou, procurando o rosto de quem fez aquilo, ele tinha o aroma natural, amadeirado, com uma leve mistura de macieira. Não foi uma surpresa encontrar os olhos verdes limão me fitando de perto, quando ele falou em alto e bom som, fazendo-me perceber que não era a mim quem se dirigia.

— Não precisam perder o tempo de vocês, a senhorita veio para falar comigo, não é mesmo? Então iremos conversar! — disse sem me soltar, me prendendo a ele.

— Barr, solte-a, ou teremos que fazer do nosso jeito. — ameaçou West.

Hunter não se preocupou, estava determinado a continuar com aquilo. Por isso tentei me afastar dele, mas o aperto na minha cintura foi um aviso.
Percebi que o melhor agora era tentar convencê-lo de termos a conversa que estava me obrigando a ter. Por mais que meu coração não desacelerasse e o sangue corresse mais rápido pelo corpo, era o momento certo.

"Então vamos jogar, senhor Barr!"

— Senhor West, eu estou bem, não precisa se preocupar, ele não está armado. — tentei garantir algo que imaginei que fosse verdade.

Os olhos verdes me sorriam. Uma das mãos dele levantou, enquanto a outra se mantinha por trás da minha cintura, mostrando a Robert sobre a veracidade das minhas palavras.

— Você tem certeza, senhorita Brown? — West perguntou ainda do outro lado do portão.

— É senhorita, Brown, tem certeza? — murmurou Hunter, para que fosse a única a ouvi-lo, quando olhou disfarçadamente para baixo, indicando algo na bota.

Evitei propositalmente seguir seus olhos, pois meu coração deu um salto, quando descobri que ele tinha algo como um canivete preso em uma das botas.

— Não é apenas uma, mas não creio que vá precisar. Não com a senhorita. — soou um tanto interessado.

Não tínhamos os rostos colados pela diferença de altura, mas seu hálito batia no meu rosto.
— Garanto que não! — assegurei.

Ouvimos West exigir minha resposta. Hunter inclinou a cabeça na direção da voz dele, sem tirar os olhos dos meus, me persuadindo a continuar com o mesmo.

— Não vai dizer nada a ele? — sentir o movimento do seu grupo se aproximando mais de nós, como se esperassem apenas uma ordem, provavelmente, dele.

— Estou bem! Vamos apenas conversar, afinal, vim para isso. — mostrei-me racional, para todos, principalmente o grupo atrás do portão.

— Por quê está tão nervosa? Pelas facas? — deu-me um sorriso depois daquelas palavras quase sussurradas.

— Irei ficar esperando aqui, caso necessite! — assegurou Robert, aparentemente preocupado.
Evitando responder Hunter e revelar meu embaraço pelo contato demasiado entre nós, além do nervosismo, tentei virar meu rosto para olhar na direção de Robert. Assim que consegui, confirmei com a cabeça.

Os guardas recuaram. Parecia exatamente um criminoso e sua refém.
— Você é um criminoso, senhor Barr? — Voltei minha atenção para ele novamente.

— Onde pensa que estamos? — Ele me fez supor que era exatamente um.

— Realmente precisa me manter como refém assim? — vi seus olhos sorrirem com uma pitada de malícia.

— Está desconfortável aí? Ainda não a ouvi reclamar. Também não tentou sair. — me deixou um tanto corada.

"Sou sua refém?" receio de deixar aquelas palavras saírem sem intenção se fez presente.

Sentir meu corpo esquentar, parecia que o calor do corpo dele, mesmo sem as roupas apropriadas para o frio, era uma fogueira, me fazendo quase suar dentro das muitas que me abraçavam a pele.

— Parece que alguém está ficando quente. — debochou, apertando mais minha parte de cima com a sua.

— Isso é inteiramente inapropriado. — tentei argumentar tentando colocar minhas mão em seu peitoral na intenção de ter espaço, o que não ajudou em nada, apenas piorou.

— Não gosta de plateia? — me desafiou, pondo pensamentos impróprios na minha mente.

Como não tinha palavras para tal coisa, além de pensamentos sujos agora, permaneci calada.

— Todos aqui, exceto você, são homens, então, eles não têm um espetáculo a anos. O que acha de fazer comigo? — sua voz não vacilou. Ouvi alguns risos ao nosso redor, me deixando desconcertada.

— Meu trabalho não é este. Não confunda. — o vi soltar uma risada anasalada.

— Deixe-me dizer algo… — ele abaixou o rosto, chegando a centímetros do meu enquanto direcionava a atenção por alguns segundos aos guardas do outro lado.

Quando seus olhos cravaram nos meus, ele estava com os lábios muito próximos aos meus.
— Eu sei porque quer me avaliar. — Não demonstrei nada, por isso ele continuou.

— Aconselho que apenas passe meu recado, ao senhor Jones. — meus olhos me delataram, neles Hunter pode ver surpresa.

— Ele está nas minhas mãos. Enquanto me mantém aqui, descubro mais coisas, se ele decidir me matar, tem que ser mais futivo. — aquele anúncio me fez franzir o cenho.

— Do que está falando? — o vi me analisar, ele se afastou, me permitindo respirar longe do seu peitoral e corpo.

Logo, senti falta de suas mãos fortes em mim, o momento pareceu frio e assustador. Não duvidava que algo estivesse acontecendo dentro daqueles muros. Automaticamente varri seu corpo e rosto em busca de hematomas, ou algo que deletasse as palavras dele, seria ele o alvo do desembargador? E quem cumpria as ordens de Raymund ali?

Hunter deu um passo para trás, cruzando os braços cobertos pelas mangas longas de sua camisa pouco quente, frente ao peito, declarou em voz grave:

— Se não sabe de nada, não se meta!

— Não importa se não sei agora, mas em breve, terei as mesmas e até mais informações que possa imaginar. — minhas palavras o fizeram sorrir com ironia.

— Apenas dê o recado! — pareceu uma exigência, me deixando chateada.

— Se quer que passe seu recado, terá que mandar algo para ele. Não irei visitar… o senhor Jones sem respostas. — Minha pausa para não fazer semelhanças feias ao homem do qual estávamos falando, causou interesse nele.

— Não é assim que funciona! — assegurou ele, ainda mantendo a pose.

A esta altura não havia me afastado dele, apenas um passo nos separava.
— Para mim, sim. — mostrei minha firmeza em me manter naquela posição.

— Então não conseguirá nada, nem hoje, nem nunca. — o vi dar as costas para mim, indo em direção a alguns detentos que jogavam basquete, onde antes não havia percebido movimento deles.

— É muito cedo para dizer, senhor Barr. — insisti.

— Aproveite a vista deste espetacular hotel, já que não poderá sair hoje. — em primeiro lugar fiquei confusa, logo procurei alguma janela, onde pudesse avaliar o tempo.

Meus lábios se separaram, estagnada, não acreditei na minha má sorte. Tinha uma tempestade caindo lá fora.

O perigo de amar (degustação)Where stories live. Discover now