Sonho?

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Sinclair sentiu uma pressão na cabeça e antes mesmo de abrir os olhos eles já ardiam.
Ela estava de ressaca?
Isso era impossível! Estava internada no hospital a pelo menos três dias.

A não ser que houvesse ressaca no inferno.
Não estava mais no hospital, tinha certeza, porque a máquina barulhenta já não podia ser ouvida. O cheiro também não era o fedor horroroso do abrigo onde dormia.

Foi então que por pura curiosidade,Enid abriu os olhos.
— Mas que porra!
Ela estava em casa,não no abrigo sujo ou no hospital mas em casa.
Tinha voltado ao lar onde vivera com sua família.
Lar...

Enid olhou para baixo e não pode deixar de sorrir,estava coberta pelo edredom preto cheio de retalhos de Wednesday que ela odiava. A cama delas,o jogo de quarto que compraram assim que saíram da faculdade,a muitos anos atrás.

Isso fora a tanto tempo...como podia estar em um lugar que já não mais existia?
Vindo de algum lugar da casa ela pode ouvir risadas.
Donnatella e Damien,seus filhos.
Mas...isso não era possível!

Ou estava muito bêbada ou morrera.

— Quem está ai?— A loira chamou não muito alto pois sua cabeça ainda doía.
Sua voz não estava mais rouca,soava clara e normal.

— Mamãe.— A voz gritou e como um furacão uma garotinha de cabelos negros pulou em seus braços.

Os cabelos cor de jabuticaba estavam uma bagunça, a menininha vestia um pijama rosa claro, seus pequenos olhos azuis brilhavam como Sinclair se lembrava. Enid fitou o rosto meigo que tão se assemelhava ao seu e sorriu.
Foi como tomar uma facada no peito.

— Donna.— A mulher sussurrou abraçando forte a filha,com medo de que acordasse daquele sonho.
Aquilo não estava acontecendo. Era impossível.

Era isso,ela estava morta e apesar de todas as merdas que tinha feito durante sua curta vida Deus tinha tido piedade e a mandado ao paraíso.

Sentiu o cheiro de chiclete no cabelo da garotinha e lágrimas lhe rolaram pelo rosto.
— Mamãe,você tá chovendo em mim!— Donna afirmou fazendo biquinho se fingindo de zangada.

E Enid só pode a encarar ainda encantada.
— Acho que estou mesmo,querida.
— Senti sua falta.— A menina declarou como sempre fazia até mesmo quando a mãe só ia ao jardim e voltava.
A última vez que viu Donna,ela estava em um caixão adornada com flores amarelas.

A memória trouxe um frio na espinha da mulher.
— Estou com fome, mamãe.— A garotinha murmurou.— Quero comer arco-íris!
Enid se levantou devagar,sua cabeça ainda meio zonza.

— Querida,mamãe vai ao banheiro e já te alcança.
— Não demore,por favorzinho-Pediu a menina antes de sair.
Sinclair então fitou suas mãos que tremiam,olhou ao redor.

Seu quarto estava extremamente desorganizado, roupas por todos os lugares, poderia aquilo ser um sonho?
Mas sonhos não são tão reais.

Caminhou até o banheiro e olhou no espelho, mesmo com olheiras sua aparência estava bonita,jovem e sem manchas.
Os cabelos loiros estavam bem cuidados e meio ondulados nas pontas,seus olhos estavam mais brilhantes,suas rugas haviam desaparecido. Aquela mulher no espelho não aparentava sofrimento.

— Meu rosto.— Ela sorri cutucando a própria cara.— Bem-vinda de volta Enid Addams.
Então sua pressão caiu ao se lembrar da conversa que teve no hospital com Grace.
Olhou seu corpo e suspirou,não havia marca de cirurgia em seu peito,e seus seios...eles estavam em pé.
Enid riu com o pensamento,mesmo tendo dado a luz a duas crianças...ou melhor três,corrigiu tristemente.

Bom, se a senhorinha a tivesse drogado, ela simplesmente não queria acordar.

Respirou fundo e saiu dali,descendo as escadas e indo até a porta da cozinha, parou e quase desmaiou com a imagem,as pessoas que ela mais amava estavam ali.
Damien comia um bolinho e Donna esperava que a mãe colocasse cereais em sua tigela.

— Quer café?

Enid sentiu seu mundo desabar,o coração disparando.
"Willa! Meu Deus,minha Willa" Ela pensou desesperada.
Como aquilo estava acontecendo? 

Christmas Wish- WenclairDär berättelser lever. Upptäck nu